Apologética

Caminhos e religiosidade.

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Por: Thiago Azevedo

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Confesso que viver esse processo de “desintoxicação” religiosa para ir ao encontro a uma fé que nos diz: “espírito e em verdade” é bastante dolorido para mim. Vou falar em primeira pessoa mesmo, andar nessa perspectiva é como lutar contra uma maré que não se finda, é como buscar ouro num garimpo árido e seco, que aparentemente não há nada, enquanto que outros caminham em terras mais verdejantes e com águas mais límpidas.

Por que escolher esse caminho então? Responderei que não sei, apenas senti em meu coração isso bater mais forte que eu, é duro, árduo, cansativo e acima de tudo, solitário. Se observarmos a história de vida de todos os que são exemplos para nós hoje, andavam assim, se sentiam assim, tanto que Cristo ao iniciar seu ministério dizia aos aspirantes a discispulos: “Não tenho onde reclinar a cabeça” e antes de morrer, em meio a dor e o sangre dizia: “Pai, porque me abandonaste?”. Será que esse caminho estreito deve ser dessa forma? Ser servo signifique caminhar solitário servindo a todos?

A sensação que temos de imediato é: Onde fui me meter? Mas quando aceitamos de bom grado esse caminho, se torna agradável ao coração, porque sentimos nele uma energia que nunca antes fora experimentada, um amor que é incondicional e ao mesmo tempo louco. O maior problema é desfazer do velho homem, religioso, entregue às tradições e ao rito, para viver o projeto de ser humano que Cristo quer fazer de nós.

Aquele mesmo que ao lavar os pés de todos diz: “Vai tu e fazes o mesmo.” é difícil aceitar isso, num mundo onde todos querem ser senhores, dentro e fora da igreja. Andar pelo mundo e sentar com todos, mesmo que meu corpo crie repulsa, sinta o fedor da carne e da alma, sentar e lavar-lhes as feridas é um desafio que extrapola nossa consciência, por isso deve ser vivido através da fé.

Jesus nos curou para que possamos curar a todos, e quando dizemos cura, pensamos somente em cura espiritual, metafísica, entretanto, quando digo cura, além da cura espiritual, cura da carne e principalmente da alma, quando àquele a quem sirvo, sabe que o faço com amor que é ensinado pelo mestre e sou movido por esse amor a amar a todos, incondicionalmente, independente de quem seja, assim como Cristo o fez.

Esse processo é difícil, quando meu discurso é semelhante ao do publicano que pede perdão ao Pai por ser pecador, mas que no meu coração grita as ações de um fariseu. Esse é o caminho estreito, quando saio do templo, me desligo do religioso que habita em mim, para ir em direção ao mundo, quando me desnudo deste homem escravisado pela má interpretação da lei, para me tornar um ser que exala vida em abundância e que adorar a Deus signifique servir ao próximo, o menor. Quando isso acontece, passo a viver na essência a palavra liturgia e culto, que quer dizer serviço.

Hoje ao mesmo tempo em que me sinto em paz, tenho medo, tenho receios e sinto ao olhar para tudo e ver que estou caminhando sozinho, porque era mais fácil quando fazia coro com todos, andava segundo a norma e as regras exigidas pela instituição, hoje, caminho dizendo: “Arrependam-se, pois é chegado e quer se implantar entre nós o Reino dos Céus”.

Quando seus maiores inimigos não são aqueles que são contrários à mensagem de Jesus, mas são justamente os que querem aprisioná-la e molda-las as suas próprias concepções de verdade sobre Jesus, onde ser membro de um rótulo é mais importante que servir o próximo e se envergar ante ao oprimido. Observem a monarquia e os falsos profetas, que falavam em nome do rei e da corte, falavam apenas para extasiar o ego, inflamar a arrogância, mas os verdadeiros profetas, eram porta-vozes dos oprimidos, andava com e no meio deles e essa mensagem era de um Emanuel que era o Deus que estava com eles.

Por que ainda estou no templo? Por que ainda estou na instituição? Infelizmente hoje sei, é por medo, de por fim dar o maior e mais significativo passo, o de ir em direção a completa escuridão e finalmente dizer, o justo viverá pela e somente pela fé. Deixar finalmente Deus direcionar para uma paz que não tem limites, apenas liberdade e com isso me tornar um propagador da paz.

Medo de que esse amor de Deus em mim seja tão grande que me faça sentir a agonia e a dor do outro e esse Deus me faça ver que tudo que fazia em nome da instituição não tinha sentido para a construção de uma fé sólida e viva.

Acabo concluindo, que continuo tomando um leite ralo e sem gosto, que finge me alimentar, que finge me fortalecer e me tornar sábio, entretanto, sou um escravo do medo desse desconhecido chamado Deus. Prefiro me contentar em viver dentro da instituição, lutando contra ela, proclamando e instigando outros a fazer o que ainda não tive coragem, quem sabe encontrando alguém comigo, enfim possa caminhar livre, longe da prisão, longe dos carcereiros que se chamam pastores, longe do livro da lei e trilhe o mesmo percurso que a mulher samaritana, dos oprimidos que se sentiram finalmente livres.

Não sei como serei interpretado, hipócrita? Talvez, covarde? Provavelmente, mas de uma coisa tenho certeza, a qualquer momento passarei pela porta escura e fria e finalmente terei coragem de andar sozinho e dizer, eis-me aqui, envia-me a mim.

Que Deus nos abençoe

Autor: Thiago Azevedo
Fonte: [ Descanso da Alma ]

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