No mundo religioso, fariseu é o hipócrita, aquele que promete e não cumpre; diz ser, mas não é; pede que façam, mas faz o contrário. Todos nós temos um pouco dele e ele está no meio de nós – arrisco dizer que dentro de nós.
Do alto de sua prepotência arrogante – com a licença do pleonasmo -, o fariseu acredita ser o dono da verdade absoluta; na dúvida, todos estão errados e só ele certo. Com o peito cheio, olha por cima das cabeças e não vê ninguém à sua frente. É imponente em si mesmo e não existem paradigmas além daqueles nos quais ele se propõe parametrizar.
O hipócrita nada mais é do que um parasita; com a alma atrofiada, o coração completamente seco e a mente cauterizada não contribui em nada com o próximo, tampouco a si mesmo. Sua vida é a mais pura morte.
Mas se existe salvação para o pior dos pecadores, não existirá para um hipócrita?
Algumas pessoas facilmente se incomodam com a crítica; dizem que não nos cabe o juízo, e ao faze-lo servimos de instrumentos da maldade. Esquecem, porém, que sem a crítica não existe análise ou critério – para aceitar, ou ao menos considerar, é inexorável a necessidade crítica -, e ao recriminar o crítico, pelas críticas, acabam criticando e caindo no mesmo (possível) erro.
Ao contrário do que pensam os avessos à crítica, existe salvação para o fariseu e esta se dá mediante um processo duro e doído, mas necessário: a crítica. É através do confronto de idéias e condutas que o fariseu encontra a salvação, inclusive a salvação de suas próprias idéias – inflexíveis na sua maioria. Ainda não encontrei nenhuma outra situação em que o adágio popular se dá com tanta plenitude: água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
A crítica é essencial à vida e não existe vida fora dela. De tanto que ouve, o fariseu uma hora ou outra cai em si, desperta de seu egocentrismo e redescobre a vida. Abandona paradigmas, aderi a novos parâmetros e se torna essencialmente flexível.
Deve-se criticar até a própria crítica, posto que peneirar informações nunca será exageradamente demais, e é desse processo que nasce a verdade, que merece a credibilidade da fé.
Portanto, benditos são os que criticam, pois cumprem integralmente as recomendações do apóstolo Pedro, salvando o hipócrita de sua hipocrisia:
Meus irmãos, se algum de vocês se desviar da verdade e alguém o trouxer de volta, lembrem-se disso: Quem converte um pecador do erro do seu caminho salvará a vida dessa pessoa e fará que muitíssimos pecados sejam perdoados. ( I Pedro 5: 19,20 – NVI)
Em Cristo, o homem mais crítico que se viu por aqui,
Will
Fonte: [ Celebrai ]
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