O arrependimento é uma dádiva de Deus?

Problema: Paulo fala nesse versículo: ” que Deus lhes conceda […] o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade “. Contudo, em outras passagens o arrependimento é considerado um ato próprio de uma pessoa. Jesus, por exemplo, faz o apelo: “ Arrependei-vos e crede no evangelho “. Paulo nos diz que Deus ” notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam “. Afinal, arrepender-se é uma dádiva de Deus ou um ato da pessoa?

Solução: Há duas possíveis respostas para essa questão, as quais não negam a responsabilidade dada por Deus ao homem de ele exercer o livre-arbítrio. Primeiro, o arrependimento pode ser entendido como um dom ou uma dádiva de Deus. Mas, como acontece com todas as demais dádivas, para ser desfrutado ele tem de ser recebido. Desse modo, Deus oferece a todos que querem a dádiva do arrependimento para a vida eterna. Aqueles que não querem essa dádiva não recebem o arrependimento. Portanto, Deus é imparcial em sua oferta, mas o homem ainda responsável por aceitar ou rejeitar a dádiva do arrependimento, que é necessária para a salvação.

Um segundo modo de ver esse ponto apenas observa os dois diferentes sentidos em que a palavra arrependimento é usada nesses versículos aparentemente contraditórios. Um grupo de versículos fala do arrependimento como uma oportunidade, e outro grupo fala dele como um ato. No primeiro, o sentido é desse uma disposição dada por Deus, deixando o ato do arrependimento propriamente dito com a pessoa. E, assim, uma provisão de Deus, ao passo que no outro a palavra refere-se a uma decisão humana. Essa posição pode ser resumida da seguinte maneira:

Dois sentidos diferentes de Arrependimento

Oportunidade dada por Deus	Ato do livre-arbítrio humano
Disposição provinda de Deus	Ato da pessoa
Provisão de Deus	Decisão da Pessoa

Assim entendidos, não há contradição entre os diversos textos sobre arrependimento. Qualquer que seja a interpretação, uma coisa é certa: não há nenhum versículo que diga que Deus se arrepende por nós. Cada criatura, que é moralmente livre, é responsável por arrepender-se. O mesmo pode ser dito a respeito de ser ou não ser a fé um dom de Deus.