Estudos Bíblicos

Uma Defesa do Calvinismo

Uma Defesa do Calvinismo
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(Charles Haddon Spurgeon (1834-1892) foi Ministro Batista, Pastor (1854-1892) da Igreja Batista de New Park Street (Londres, Inglaterra), conhecido a partir de 1861 como o Tabernáculo Metropolitano.

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por C H Spurgeon

(Charles Haddon Spurgeon (1834-1892) foi Ministro Batista, Pastor (1854-1892) da Igreja Batista de New Park Street (Londres, Inglaterra), conhecido a partir de 1861 como o Tabernáculo Metropolitano. Fundou e presidiu a Escola de Pastores. Este pode ser lido  na íntegra na forma original em http://www.spurgeon.org/calvinis.htm. Spurgeon disse: “A velha verdade que Calvino pregou, que Agostinho pregou, que Paulo pregou, é a verdade que eu devo pregar hoje, caso contrário serei falso à minha consciência e ao meu Deus. Eu não posso deformar a verdade; eu não sei nada sobre alisar as quinas rogosas de uma doutrina. O evangelho de John Knox é o meu evangelho. Aquilo que trovejou sobre a Escócia deve  trovejar sobre a Inglaterra novamente.”)

“É uma ótima coisa começarmos nossa vida cristã crendo em boa e sólida doutrina.

Algumas pessoas recebem tantos ”evangelhos” diferentes ao longo de suas vidas que é

difícil prever quantos mais receberão até o fim de suas jornadas.

Eu dou graças a Deus por Ele ter me ensinado o Evangelho de uma só vez, e eu tenho

estado tão satisfeito com ele que não quero conhecer nenhum ”outro.” Uma Troca

Constante de Credo é um Prejuízo Seguro. Quando mudamos constantemente nossos

princípios doutrinais, tornamo-nos inaptos a trazer muitos frutos para glória de Deus. É

bom que os novos crentes comecem agarrando-se firmemente àquelas grandes doutrinas

fundamentais que o Senhor nos tem ensinado em sua Palavra. Se eu cresse no que alguns

pregam sobre uma salvação temporal e de pouco valor, que somente permanece por um

tempo, dificilmente eu seria totalmente agradecido a Ele; mas, ao saber que aqueles que

Ele salvou, ele os salvou com uma salvação eterna, ao saber que ele os deu uma justiça

eterna, ao saber que Ele os assentou em um fundamento eterno de amor infindo, e que Ele

nos levará a Seu Reino eterno. Oh! Logo me maravilho e me assombro de que tal benção

tenha sido dada a mim!

Suponho que haja algumas pessoas cujos pensamentos se inclinam naturalmente à

doutrina do livre-arbítrio. Eu somente posso dizer que os meus se inclinam mui

naturalmente às doutrinas da graça soberana.

Às vezes vejo os piores tipos na rua, e sinto como se o meu coração fosse transbordar de

lágrimas de gratidão por Deus nunca ter me deixado agir como eles têm agido! Tenho

pensado, se Deus me tivesse deixado só, e não houvesse me tocado com sua graça, que

grande pecador eu teria sido! Eu sinto que eu teria sido o rei dos pecadores, se Deus tivesse me deixado só. Eu não posso compreender porque eu sou salvo a não ser  pelo

fundamento de que Deus assim o quis. Eu não posso, por mais seriamente que busque,

descobrir qualquer razão em mim mesmo para ser um participante da graça de Deus. Se

neste momento eu não estou sem Cristo, é tão somente porque Cristo me quer com Ele, e

Sua vontade é que eu esteja com Ele onde quer que ele esteja e que eu participe de sua

glória.

Eu não comecei minha vida espiritual – não! Antes dava patadas, e lutava contra as coisas

do Espírito(…) havia um ódio natural em minha alma contra tudo o que é bom e santo. As

advertências eram jogadas ao vento, quanto ao sussurro do Seu amor, eram rejeitados

como sendo menos que nada e vaidade. Mas, agora estou seguro e posso dizer: ”Somente

Ele é a minha salvação.” Foi ele quem transformou o meu coração e  dobrou os meus

joelhos diante d ‘Ele.

Uma noite por semana, sentado na casa de Deus, não estava prestando muita atenção à

pregação porque eu não cria. Um pensamento entretanto me impressionou: Como eu vim

a ser um cristão? Eu busquei ao Senhor. Mas – Como eu vim buscar ao Senhor? A

verdade relampejou através de minha mente em um momento. Eu não o teria buscado

sem que uma influência prévia em meu pensamento não tivesse me levado a isso. Eu orei

– pensei – mas logo me perguntei –  como vim a orar? Fui induzido a orar pelas

Escrituras, mas como eu vim a ler as Escrituras? Sim, eu as li, mas o que me levou a

fazê-lo? Logo vi que Deus estava por trás disso e que Ele era o autor da minha fé! (…)

Hoje desejo fazer minha imutável confissão – ”Eu atribuo minha transformação

inteiramente à Deus’!”

Uma vez assisti a um pregador arminiano e Ele dizia: ”(…) não necessitamos que alguma

inteligência superior, ou que um ser poderoso escolha por nós entre o céu e o inferno, nos

tem sido dado meios e sabedoria suficiente para que julguemos por nós mesmos.” – e

portanto como ele logicamente infere, não há nenhuma necessidade que Jesus ou

qualquer outro faça uma escolha por nós. Isso é deixado ao nosso livre-arbítrio, podemos

escolher a nossa herança sem nenhuma assistência. Ah!, pensava eu, ”mas, meu bom

irmão, poderá ser muito certo que possamos, mas penso que precisamos de algo mais

além do sentido comum antes possamos escolher acertadamente”.  Primeiramente deixe-me perguntar – não temos todos nós que admitir uma providência

soberana e a mão de Deus, quanto aos meios pelos quais entramos neste mundo? Àqueles

que pensam que depois somos deixados a nosso próprio livre-arbítrio para escolher isto

ou aquilo ao dirigirmos nossos passos, têm que admitir que a nossa entrada neste mundo

não era de nossa própria vontade, mas sim que Deus teve que escolher por nós. Tínhamos

qualquer coisa a ver com isso? (…) Não foi Deus mesmo quem determinou quem seriam

nossos pais e onde nasceríamos? (…) Não poderia Ele ter me feito nascer num lar pagão

onde teriam me ensinado a prostrar-me diante de falsos deuses, tão facilmente quanto

como dar-me uma mãe piedosa, que cada manhã e noite dobrasse os seus joelhos e orasse

em meu favor, ou não poderia Ele, se assim o quisesse ter me dado um pai libertino, de

cujos lábios desde cedo eu tivesse ouvido palavras obscenas, sujas e terríveis (…) Não foi

graças a providência de Deus que tenho uma sorte tão feliz, que meus pais eram Seus

filhos, e trataram de criar-me no temor do Senhor?

(…) Muito antes de a luz relampejar pelo céu, Deus amou suas criaturas escolhidas. Antes

que houvesse um só ser criado. (…) quando nem mesmo o espaço existia, quando não

havia nada senão somente Deus – ainda então – nesta solidão divina, em meio ao silêncio

profundo, Suas entranhas se moviam com amor para Seus eleitos. Seus nomes eram

escritos em Seu coração (…) Jesus amava o Seu povo desde antes da fundação do mundo

– ainda desde a eternidade! E, quando Ele me chamou pela Sua graça, Ele me disse –

”Com amor eterno te tenho amado; portanto te suportei com misericórdia.”

Desde a plenitude dos tempos, ele me comprou com o Seu sangue; Ele deixou Seu

coração escorrer em uma ferida aberta e profunda por mim muito antes que eu O amasse.

Quando Ele tocou na porta e pediu entrada, não O deixei do lado de fora e fiz pouco com

a Sua graça? Eu freqüentemente agi assim até que por fim, pelo poder de Sua graça

eficaz, Ele disse: ”Eu devo! Eu entrarei! ” e então Ele tomou o meu coração e fez com

que eu O amasse. Mas ainda assim eu teria resistido se não fosse o poder de Sua graça

eficaz. Bem, já que Ele me comprou quando eu estava morto em delitos e pecados não é

lógico o fato de que Ele me havia amado primeiro? Morreu meu Salvador porque eu cria

n’Ele? Não, porque até então eu não existia (…). Portanto – podia o Salvador ter morrido

por quem tinha fé mesmo antes de haver nascido? Poderia isso ser possível? Poderia ter

sido essa a origem do amor de Deus por mim? Ah! não! meu Salvador morreu por mim muito antes que eu cresse. Mas – diria alguém – Ele previu que tu terias fé; e portanto te

amou. Que foi que ele previu da minha fé? Previu que eu haveria de ter fé de mim

mesmo? Não, Cristo não poderia ter previsto isso, porque nenhum cristão, em tempo

algum ousaria dizer que a sua fé vem de si mesmo sem o dom e a obra do Espírito Santo.

Ninguém pode dizer: ”Eu vim a Deus sem a ajuda do Espírito Santo”

(…) Quando Deus entra em um pacto com um homem pecador, ele (isto é, o homem) é

uma criatura tão ofensiva, que isso tem de ser feito através de um ato de pura graça

soberana, rica e livre. Quando o Senhor entrou em um pacto comigo, eu tenho certeza que

foi totalmente pela graça, nada além da Sua graça. Quando lembro como e quem eu era,

quão obstinado e irregenerado era o meu caráter quão rebelde era contra a soberania de

Deus, sempre me sento no lugar mais humilde na casa de meu Pai, e, quando entrar no

Céu, serei o menor dos santos, e entrarei como o primeiro dos pecadores. >>

(…) ”Somente Ele é a rocha da minha salvação” – Diga-me qualquer coisa contrária à esta

verdade, e será uma heresia. (…) Qual é a heresia de Roma (Igreja Católica Romana)

senão a adição de algo mais aos méritos perfeitos de Cristo, trazendo as obras da carne

para auxiliar em nossa justificação? E qual é a heresia do Arminianismo, senão a adição

de algo mais à obra do Redentor? (…) Eu tenho minha própria opinião de que não  há

como pregarmos à Cristo e este crucificado se não pregarmos o que hoje chamamos de

Calvinismo. (…) O Calvinismo é o Evangelho e nada mais. Eu não creio que podemos

pregar o Evangelho, se não pregarmos a justificação pela fé, sem obras, nem tampouco se

não exaltarmos o amor triunfante, eterno e imutável de Deus; muito menos se não o

basearmos na redenção particular e especial de seu povo eleito que Cristo salvou sobre a

cruz; nem posso compreender um Evangelho que permite aos santos perderem-se depois

de haverem sido chamados, e que permite aos filhos de Deus serem consumidos no fogo

do inferno depois de haverem crido em Cristo. Tal ”evangelho” eu abomino. >>

(…) Se um só dentre os santos de Deus houvesse se perdido, então todos poderiam

perder-se também, e então não há nenhuma promessa verdadeira no Evangelho e a Bíblia

é uma mentira e não há nada digno de confiança nela. Se Deus uma vez me amou, então

Ele me amará para sempre! (…) Isso será feito – Ele diz – Este é o meu propósito (…) e

está firme, nem a terra, nem o inferno podem alterar. “‘Este é o meu decreto. Nada pode alterá-lo nem anjos, nem demônios, haja o que houver” – o Seu decreto permanecerá para

sempre! Ele é Todo-Poderoso e, portanto pode cumprir toda a Sua vontade.

Nós, meros homens, insetos rastejantes, poderíamos mudar nossos planos, mas Ele

nunca! Nunca mudará os Seus. Se Ele me tem dito que o Seu plano é salvar-me então eu

sou salvo para sempre! Eu não sei como algumas pessoas que crêem que um cristão pode

cair da graça, pretendem ser felizes. Deve haver algo muito recomendável neles para que

passem um só dia sem desesperar-se. Se eu não cresse na doutrina da perseverança dos

santos, eu seria o mais miserável dos homens, porque sentiria a falta de um fundamento

de conforto. (…) Eu creio que o mais feliz e verdadeiro dos cristãos é aquele que nunca se

atreve de duvidar de Deus, que toma a sua Palavra simplesmente como está e crê, e não

faz questionamento algum, estando certo de que se Deus prometeu assim Ele fará.

(…) Todos os propósitos dos homens têm sido derrotados, mas não os propósitos de Deus.

As promessas dos homens podem ser quebradas, mas não as promessas de Deus. Ele é

um fazedor de promessas, mas nunca foi um quebrador de promessas; Ele é um Deus fiel

às Suas promessas e cada um do Seu povo provará que é assim. (…) Perdido, indigno e

arruinado que sou, contudo Ele me salvará!

Eu sei que há alguns que pensam que é necessário aos seus sistemas teológicos pôr algum

limite aos méritos do sangue de Jesus. No entanto, se o meu sistema teológico necessita

de tais limites então eu devo jogar ele ao vento. Não posso e não me atrevo a permitir que

um pensamento assim ache pousada em minha mente(…) Na obra cumprida de Cristo

vejo um oceano de mérito; minha mão não alcança nenhum fundo, meus olhos não vêem

nenhuma margem.(…) Tendo uma Pessoa Divina como oferta não é consistente conceber

um valor limitado, limites e medidas são termos inaplicáveis ao sacrifício divino.

(…) Eu creio que haverá mais pessoas no Céu do que no inferno. Se alguém me perguntar

por que penso assim, responderei: porque Cristo em tudo há de ter o primado, e eu não

posso conceber como Ele pode ter o primado se houver mais pessoas nos domínios de

Satanás do que no Paraíso. Além do mais, eu nunca li que há de haver uma grande

multidão, que ninguém pode contar, no inferno. Regozijo-me em saber que as almas das

criancinhas logo após morrer, se apressam em seu caminho ao Céu! Imagine a multidão

deles!! Logo, já há no Céu milhares sem número dos espíritos de homens  justos

aperfeiçoados – redimidos de todas as nações, linhagens, povos e línguas até esta hora; e há de vir melhores tempos, quando a religião de Cristo for universal; quando Ele reinar

de pólo a pólo com império ilimitado.

Algumas pessoas amam a doutrina da expiação universal porque eles dizem: é tão bela,

tão formosa, é tão bom saber que Cristo morreu por todos os homens.” Admito que há

algo de belo nesta doutrina, mas a beleza muitas vezes pode ser associada com a

falsidade. Vou ensinar o que essa suposição envolve: Se Cristo na cruz teve a intenção de

salvar a cada pessoa, sem exceção – então Ele intentou salvar aqueles que já haviam se

perdido antes que Ele morresse. Se esta doutrina é verdadeira – que Ele morreu por todos

os homens, então Ele morreu por alguns que estavam no inferno antes que Ele viesse ao

mundo. Porque sem dúvida havia milhares que haviam sido reprovados por causa de seus

pecados. Se foi mesmo a intenção de Cristo salvar todos os homens, como Ele foi

deploravelmente frustrado, porque temos Seu próprio testemunho acerca do lago de fogo

e neste lago tem sido lançados – segundo a teoria da redenção ilimitada (ou universal)

pessoas que foram compradas pelo seu sangue. Essa é uma concepção mil  vezes mais

odiosa e repulsiva do que qualquer conseqüência que associam à doutrina cristã e

calvinista da expiação limitada ou particular.

Que Cristo ofereceu uma expiação e satisfação pelos pecados de todos os homens, e que

depois alguns desses mesmos homens hão de ser castigados pelos pecados que Cristo já

havia expiado, parece ser a mais monstruosa de todas as iniqüidades que  poderia ser

imputada às deidades mais pagãs e diabólicas. Deus não nos permita de pensarmos assim

d’Ele.

Não há entre todas as pessoas vivas neste mundo alguém que se detém mais às doutrinas

da graça do que eu, confesso também que desejo ser chamado apenas cristão e que quanto

ao fato de ser chamado calvinista, declaro que sustento todas as principais doutrinas

defendidas por João Calvino e me regozijo de confessá-las. Entretanto longe de mim

imaginar que Sião não tem mais do que cristãos calvinistas dentro de suas paredes, e que

não há ninguém salvo que não exponha ou sustente nossos pontos de vista. Eu creio que

muitos homens que não podem ver estar verdades ou pelo menos não as podem ver da

maneira que nós as apresentamos, mas que tem recebido a Cristo como seu Salvador, são

tão amados de Deus quanto qualquer calvinista dentro ou fora do céu. Por exemplo, temos John Wesley, o “‘Príncipe dos arminianos”. Ele viveu muito acima do nível

ordinário dos “cristãos comuns”, e era um “dos quais o mundo não era digno”.

Que o Senhor predestina e todavia o homem é responsável são dois fatos que  poucos

podem ver claramente. São tidos por inconsistentes e contraditórios; no entanto, essas são

duas verdades que se convergem e se encontrarão em alguma parte na eternidade, junto

ao trono de Deus de onde procede toda a verdade.

Freqüentemente é dito que as doutrinas que cremos têm uma tendência a  levar-nos ao

pecado. Não sei quem tem a audácia e o atrevimento de fazer tal afirmação tendo em

vista o fato de que os mais santos homens que já existiram criam nelas. Quem se atreve a

dizer que o Calvinismo é uma religião licenciosa o que ele pensa do caráter de Agostinho,

Whitefield, Calvino os quais foram os grandes expositores destas verdades; o que dirá

dos puritanos? Se um homem houvesse sido um arminiano nesta época Ele teria sido

reputado como o pior dos hereges, mas agora nós somos vistos como hereges e eles como

ortodoxos. Nós temos regressado à antiga escola, podemos trazer nossa descendência até

os apóstolos (…) podemos correr uma linha de ouro até Jesus Cristo passando por uma

lista de poderosos pais, os quais todos sustentavam estas gloriosas verdades. Pergunto:

”Onde acharemos homens melhores e mais santos?” (…) Nada faz um homem mais

virtuoso do que uma fé na verdade. Uma doutrina mentirosa levará a uma prática

mentirosa. Ninguém pode ter uma fé errônea sem daqui a pouco ter uma vida errônea

também; eu creio que uma coisa naturalmente leva à outra. De todos os homens, aqueles

que têm uma piedade desinteressada, uma reverência mais sublime, uma devoção mui

ardente, são os que crêem que são salvos pela graça, sem as obras, mediante a fé, e que

isso não vem deles mesmos, mas é dom de Deus.”

Texto traduzido, adaptado e resumido por Marcos Siqueira.

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