Ao contrário do que grande parte dos evangélicos brasileiros pensam, a fé e a razão se completam e andam juntas. Elas são compatíveis e nos ajudam a compreender minúcias de todo o evangelho de Jesus Cristo.
Na verdade, a fé precisa ser amadurecida pelo intelecto da mesma forma que o intelecto precisa ser refreado. Afinal, não podemos reduzir a vida cristã a preceitos puramente racionais. Para propor um equilíbrio entre ambas e incentivar a sede pelo conhecimento, elencamos cinco livros que julgamos importantes na construção de uma cosmovisão equilibrada e centrada em Jesus Cristo. Leia até o final e sugira outras obras nos comentários!
Por que usar a nossa mente?
John Stott fez essa mesma pergunta em seu livro Crer é Também Pensar. De acordo com ele, “as grandes doutrinas da criação, revelação, redenção e julgamento envolvem o fato de que o homem tem um dever inevitável de pensar quanto de agir com base no que pensa e conhece.” Ele elenca quatro pontos para reforçar essa compreensão.
- criação: Devemos nos atentar ao fato de que fomos criados com a capacidade de pensar e que devemos utilizar nossa racionalidade de forma sensata, prudente e honrosa.
- revelação: As formas como Deus se manifesta e se revela evidenciam a importância da nossa mente (tanto na natureza quanto na Escritura e em Cristo).
- redenção: Deus traz salvação aos pecadores através da proclamação do evangelho (manifesta em palavras dirigidas à mente).
- julgamento: “Se algo está claro sobre o ensinamento bíblico a respeito do julgamento de Deus, é que Ele nos julgará por nosso conhecimento e resposta (ou falta dele) à revelação”.
Fica claro, portanto, que a nossa psiquê é primordial para vivência, compreensão e compartilhamento do evangelho. Nesse sentido, ler a Bíblia com o apoio de livros devocionais e/ou teológicos é fundamental para avançarmos nessa descoberta contínua sobre a nossa espiritualidade em Deus.
Perceba que a sabedoria e o conhecimento são temas recorrentes nas escrituras sagradas.
“Esforço-me para que eles sejam fortalecidos em seu coração, estejam unidos em amor e alcancem toda a riqueza do pleno entendimento, a fim de conhecerem plenamente o mistério de Deus, a saber, Cristo. Nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento.” Colossenses 2:2-3
“Pois o Senhor é quem dá sabedoria; de sua boca procedem o conhecimento e o discernimento.” Provérbios 2:6
“Com sabedoria se constrói a casa e com discernimento se consolida. Pelo conhecimento os seus cômodos se enchem do que é precioso e agradável.” Provérbios 24:3-4
“Esta é a minha oração: Que o amor de vocês aumente cada vez mais em conhecimento e em toda a percepção, para discernirem o que é melhor, a fim de serem puros e irrepreensíveis até o dia de Cristo, cheios do fruto da justiça, fruto que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.” Filipenses 1:9-11
“Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.” 2 Coríntios 10:5
“Meu povo foi destruído por falta de conhecimento. “Uma vez que vocês rejeitaram o conhecimento, eu também os rejeito como meus sacerdotes; uma vez que vocês ignoraram a lei do seu Deus, eu também ignorarei seus filhos.” Oséias 4:6
O conhecimento não é um fim em si mesmo
Certa vez, C.S. Lewis disse que “Deus não se faz de teólogo diante de uma lavadeira.” Nesse sentido, a compaixão é a nossa justa medida. O pensar filosófico não pode nos tornar arrogantes a ponto de olharmos para o outro com desdém.
Jesus reuniu homens e mulheres de classes completamente distintas e nosso papel como igreja é dar voz a essa pluralidade – pregando a sã doutrina para todos independente da forma – com palavras filosóficas ou populares.
É preciso crescer em conhecimento e amor. Se crescermos apenas no primeiro, logo estaremos inflados por um ego mortal.
Amor sem conhecimento
Para facilitar a nossa compreensão sobre o tema, parafraseio o conto de Sandy Gregory:
Uma mãe ignorante, mas amorosa, alimentava seus filhos com uma dieta baseada em carne, porque ela acredita que a carne era o melhor tipo de alimento. Um dia, ela recebeu conhecimentos importantes. Depois de ler um guia de nutrição, ela começou a comprar uma mistura de todos os tipos de comida para seus filhos. Como resultado, seus filhos se tornam mais saudáveis. O amor dessa mãe por seus filhos é o mesmo no início e no fim da história, mas o conhecimento verdadeiro permite que esse sentimento resulte em bons frutos.
“Pois posso testificar que eles são zelosos por Deus, mas seu zelo não é baseado no conhecimento.” Rm 10:2
O zelo sem conhecimento mais prejudica do que edifica.
Literatura como propulsora do conhecimento
Desde que somos crianças, ouvimos que a leitura nos leva para ambientes ainda desconhecidos por nosso imaginário. É lendo que ampliamos nossas fronteiras e deixamos a ignorância a cada página. No anseio de cumprirmos o objetivo desse texto, deixamos aqui cinco sugestões de livros para que o seu conhecimento teológico seja acrescido.
A Cruz do Rei – Timothy Keller
Esse livro traz um relato da vida de Cristo no Evangelho de Marcos, mas apresentado sob a ótica de Keller, excelente escritor e teólogo norte-americano. Por meio desse relato, descobrimos o significado cósmico, histórico e pessoal da vida de Jesus e somos desafiados a reexaminar nosso relacionamento com Deus.
Apologética para questões da vida – William Lane Craig
Sofrimento, dúvida, fracasso, existência do mal e orações não respondidas são algumas das inúmeras questões abordadas nesse livros. O autor também encara questões que envolvem aborto e homossexualidade com extenso embasamento bíblico e teológico. É um verdadeiro convite para a desconstrução de nossa ignorância.
Convulsão Protestante – Antônio Carlos Costa
Desigualdade social e direitos humanos são analisados à luz da Bíblia por esse teólogo presbiteriano, que também é ativista no Rio de Janeiro. O livro nos incentiva a não nos conformarmos com as mazelas do mundo e agir de acordo com o livro de Tiago.
Racismo, a cruz e o cristão: a nova linhagem de Cristo – John Piper
O racismo, o ódio e o sentimento de superioridade racial têm sido elementos trágicos da condição humana desde a Queda, no mundo inteiro. E cada vez que esses elementos se manifestam, encontramos, por trás deles, bem na raiz do pecado racial, um coração incrédulo que resiste à graça e à misericórdia de Deus.
O discípulo radical – John Stott
O Discípulo Radical apresenta oito características do discipulado cristão que são comumente esquecidas, mas ainda precisam ser levadas a sério: inconformismo, semelhança com Cristo, maturidade, cuidado com a criação, simplicidade, equilíbrio, dependência e morte. Com um texto profundamente bíblico, tocante e de fácil leitura, John Stott mostra a essência do que significa ser um discípulo radical.
Conclusão
Gostou do texto? Então, leia mais e implemente a cultura do conhecimento na sua igreja por meio de uma biblioteca comunitária ou pelo compartilhamento de conteúdos como esses. Acompanhe sites sobre o tema e busque mais conhecimento. Quanto mais conhecemos, mais ele se revela a nós!
Fonte: Eis-me Aqui
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