Coisas estranhas estão entrando nas igrejas evangélicas nestes dias finais da penúltima dispensação, o tempo da graca, pela igreja. Um neófito Iê no Salmo 47, “batei palmas todos os povos”, e sem entender bem o “quem”…
Introdução:
Coisas estranhas estão entrando nas igrejas evangélicas nestes dias finais da penúltima dispensação, o tempo da graca, pela igreja. Um neófito Iê no Salmo 47, “batei palmas todos os povos”, e sem entender bem o “quem”, o porquê, o quando e o onde, logo fazuma campanha para as igrejas baterem palmas para Deus, para homens e para inimigos do evangelho. E, sob aplausos, gritos e assobios, vem abaixo a adoração “em espírito e em verdade”.
Outro, sem nada entender do que se
encontra em João 20:22, levado pela
imaginação do que pode ocorrer com um super-sopro, sai pelas igrejas soprando e
derrubando as pessoas. Outros acham que têm o dom de pular e ficam a dar pulos
altos, espetaculares dentro do recinto já não mais sagrado, e, entre muitas outras
esdruxularias, há os que proclamam ter o dom de girar. No momento azado, entoam
um hino e começam a girar com velocidade incrível à frente e ao redor do templo,
outrora recinto sagrado. Lembrem-se, também de que há os que caem no chão e
rolam. Lembro-me de um contato que missionários da Missão Novas Tribos fizeram
com os araonas, tribo da Bolívia que, sob evidente impacto de possessão de espíritos
malígnos, rolaram no chão com incrível velocidade à vista dos missionários. Paulo diz
em 1Timóteo 4:1 que, nos últimos tempos, os espíritos enganadores estariam agindo, e
espalhando doutrinas de demônios. Agora, lá vem a dança! “Pastor, é pecado dançar? pergunta a moça – “Aqui no
Saimo 150:4 está escrito que devemos louvar a Deus com danças, e sabemos que,
após aderrota dos egípcios, afogados no Mar Vermelho, Miriam e as mulheres
dançaram ao som do tamborim” (Ex.1 5:20,21).
Pondere-se, nesta introdução, que há dança e dança, assim como há vinho e
vinho, amor e amor, paz e paz, etc. Elementos, próprios de uma cultura, podem não
pertencer ao patrimônio cultural de outros povos. E se podemos ver a diferença entre
dança e dança, temos condições de entender melhor o problema. Sabemos que há
vinho alcoólico e vinho não alcoólico; há amor sujo e amor santo; há paz mundana e
paz celeste, bem como há coisas aparentemente boas que podem tomar direções
desastrosas.
Neste assunto de dança, temos que levar em conta o tipo, as influências, a
inspiração que recebeu, a origem, e se a dança religiosa perdurou entre os cristãos
primitivos.
Definindo a palavra MAHOL (H fortemente aspirado), que aparece no Salmo 150:4,
Sábado Dinotos, em seu dicionário Hebraico-Português, ‘fala dessa dança como “dança
de roda formada por cantores e cantoras…” E, muitas vezes como os filhos de Coré,
saltando de júbilo entoavam: “Todas as minhas fontes estão em ti” (SI.87:7). Nada de
dança a dois, carnal e sensual, inspirada por arroubos sexuais irreprimíveis como a
dança dos povos pagãos. O Dr. Merril F. Unger, em seu “Unger’s Bible Dictionary”, traz
informações bastante esclarecedoras sobre a dança entre diferentes povos e culturas, e
justifica o repúdio da própria dança chamada religiosa por parte dos primitivos crentes,
repúdio bem de acordo com o espírito cristão neo-testamentário de reverência solene
no culto prestado a Deus “em espírito e em verdade.” Traduzindo e fazendo adaptações
e comentários cabíveis do material que pesquisei na obra do citado autor, ponho o
assunto diante do leitor.
1. A Dança entre os Egípcios.
Quase sempre consistia de uma sucessão de posturas, nas quais os participantes se
esforçavam por exibir uma grande variedade de gestos. Homens e mulheres dançavam ao mesmo tempo ou em grupos separados. Esta última modalidade era preferida em
virtude do alto grau de graça e elegância demonstrados. Alguns dançavam ao som de
melodias vagarosas, adaptadas ao estilo de seus movimentos no que demonstravam
não serem inferiores aos gregos na maneira graciosa como se conduziam em sua
dança. Outros preferiam um passo animado, regulado por um tom apropriado. Os
modos graciosos e as gesticulações eram o estilo geral de sua dança, mas como em
outros países, o gosto do desempenho variava de acordo com a posição social da
pessoa, ou pela sua própria habilidade. A dança na casa de um sacerdote diferia da
que acontecia entre os rudes camponeses ou as classes mais baixas dos cidadãos.
Era costume, nas camadas superiores entre os egípcios, entregarem-se a esta diversão
tanto em público como em reuniões particulares, embora se admitisse que esta prática
se limitasse às classes mais baixas da sociedade bem como aos que ganhavam a vida
participando dessas reuniões festivas. As roupas das dançarinas eram leves, e feitas
dos mais finos tecidos bem transparentes, mostravam a forma e os movimentos de
seus membros. Consistiam geralmente de uma vestimenta folgada e esvoaçante que ia
até os tornozelos, ocasionalmente bem presa à cintura, e, ao redor dos quadris, havia
uma cinta pequena e estreita adornada com contas ou ornamentos de várias cores. Os
escravos aprendiam a dança e música, e nas casas dos ricos, além de outras
ocupações, dançavam eles para divertir a família ou grupo de amigos, como exigência
de seus senhores.
Os egípcios livres também ganhavam a vida dançando. As danças das classes
inferiores demonstravam uma tendência para uma espécie de pantomima (expressões
corporais); e o rude camponês se deliciava mais com a destreza lúdica e extravagante
do que com os gestos que demonstravam elegância e graça. Os egípcios também
dançavam no templo em honra a seus deuses, e, em algumas procissões, à medida em
que se aproximavam dos recintos dos pátios sagrados.
2. A Dança entre os gregos.
Embora empregassem mulheres para tocar e dançar a fim de divertir os hóspedes, os
gregos consideravam a dança como uma recreação de que todas as classes deveriam participar, pois era uma atividade que caía bem para cavalheiros. A dança – embora
bem diferente da dos pagãos – era também um costume judaico para jovens e senhoras
nos entretenimentos particulares. A dança pagã, oriunda das bacanais romanos, estava
presente entre os hebreus também, introduzida que foi pelos romanos (Mt. 14:6). 0
mesmo acontecia em Damasco e outras cidades orientais.
3. A Dança entre os Romanos.
Entre estes, a dança longe estava de ser aceita como algo digno de um homem de
classe elevada ou de uma pessoa sensível. Cícero disse: “Nenhum homem sóbrio
dança, a menos que esteja fora de si, nem quando está só, nem quando pertença a
uma sociedade decente, pois a dança é companheira da alegria devassa, da dissolução
e da luxúria.” Os gregos quando dançavam não se entregavam aos excessos e às
danças efeminadas bem como às gesticulações exageradas, que eram tidas como
indecentes para os homens de caráter e de saber. As danças dos romanos, afirma o
tradutor, se degeneraram. Basta lembrar as orgias inspiradas por Baco, o deus do
vinho, principalmente nas bacanais dos loucos imperadores romanos.
4. A Dança entre os Judeus.
Totalmente diferente da dança sensual das nações alienadas de Deus, este tipo de
atividade era sempre um passa-tempo social favorito entre moças e mulheres hebréias
(Jer. 31:4), imitado pelas crianças a brincar nas ruas (Jr. 21:1 1,12; Mt.1 1:16,17; Lc.
7:32). É verdade que em Jó 21; 11,12, o patriarca se refere a dança das criancas dos
ímpios que, evidentemente, diferia da dança dos hebreus. Dessas danças judaicas
participavam grupos de mulheres em honra aos dias de alegria nacional, especialmente
quando se celebrava uma vitória 1Sm.18:6) e festividades religiosas (Ex. 15:20,21; Jz.
21:21). Em tais ocasiões, pelo menos nos tempos mais antigos, os homens
expressavam a alegria de seus corações, dançando (2Sm. 6:5,14). A dança da tocha
tinha também um significado religioso, que surgiu mais tarde, introduzida pelos homens
no templo na primeira tarde da Festa dos Tabernáculos. As danças entre os hebreus consistiam provavelmente de movimentos circulares
com passos rítmicos simples e gesticulações vigorosas, enquanto as mulheres batiam
címbalos e triângulos (Jz. 11:34). Por ocasião de festividades nacionais, outros
instrumentos eram tocados (Sl. 68;25;15:4).
Sobre as dançarinas, que se exibiam em público, como frequentemente se
encontram no oriente moderno [e nas igrejas carismáticas atuais – nota do editor] , não
há sequer vestígio delas nos tempos do Velho Testamento. A dança, como a da filha de
Herodias, exibida diante dos homens, na ocasião de um banquete voluptuoso e
sensualíssimo, foi introduzida entre os judeus atraves da influência dos corruptos
costumes gregos (Mt. 14:6; Mc.6:22).
Na dança judaica, os sexos se separavam. Não há evidência na história sagrada de
que tal diversão era promiscuamente praticada, a não ser no exemplo da adoração do
bezerro deificado, quando os israelenses rebeldes imitaram a festa pagã dos egípcios
em honra ao boi Apis: Todas as classes dos hebreus se misturaram numa orgia
desenfreada.
Nas danças religiosas, embora ambos os sexos, ao que parece, desempenhavam a
sua parte à hora dos cânticos do coro, eles permaneciam em grupos distintos e
separados (Sl. 68:25; Jer. 31:13). As danças das virgens, em Siló, faziam parte de
festividades religiosas (Jz. 21:19-23).
5. A Dança Entre Os Primitivos Cristãos.
Não há entre eles um patrimônio cultural envolvendo dança. Embora tivesse havido,
informa-nos o Dr. Linger, uma forma de dança religiosa nos cultos públicos dos
primitivos cristãos, tal costume foi copiado dos judeus. Esses cristãos tomavam parte
das procissões solenes dos judeus, nas quais estavam presentes corais de jovens e
donzelas, entoando musicas sacras solenes, jamais profanas. Não se deve supor,
então, que as “danças religiosas” tinham qualquer semelhança com as diversões
modernas envolvendo dança. Eram antes procissões nas quais os participantes marchavam sincronizados com os que cantavam. Este costume, contudo, foi
abandonado, logo no início da era cristã, talvez em virtude de se temer levasse ele a
adoção das danças inconvenientes à moral cristã como as que eram praticadas em
honra aos deuses pagãos.
Foram abundantes as proibições das danças como divertimento pelos Iíderes das
igrejas e pelos concílios.
Observa o tradutor que, se foi posta de lado pelos primitivos cristãos aquele tipo de
dança sacra solene copiada dos judeus, por que haveríamos de introduzir qualquer tipo
de dança na igreja de hoje? As mudanças, contudo, que se verificam atualmente nas
igrejas evangélicas(?) com suas músicas profanas, irreverentes e totalmente
inconvenientes para o louvor a Deus e o predomínio da dança, animada por estas
músicas, não se justificam na Palavra de Deus, mas na porta que tais igrejas
escancararam para o mundo. Inspirada por gritos e sons estrepitosos, a dança dos
“crentes” não podia ser outra senão a motivada pelo desvio da sã doutrina e da
“simplicidade e pureza devidas a Cristo” (2Cor. 11:1-3).
Cânticos e hinos espirituais não inspiram dança (Ef. 4:31), inspiram-na os cânticos
estrepitosos e a barulheira dos instrumentos irreverentes do povo desviado de Deus
(Amós 5:23).
Pastor Gerson Rocha
Veja mais em Música
Deixe um Comentário