A marca significativa e o ser essencial de sua comunhão consiste na qualidade agape – o novo caráter da comunidade e de seus membros. É compreensível que num tempo posterior, quando este poder e unidade original não existiam mais na mesma abundância, deveriam tentar encontrar um substituto para o que estava faltando, e assegurar a presença do que estava rapidamente desaparecendo. Esta tantativa de garantia e substituição assume três formas diferentes: a palavra viva de Deus está assegurada – e ao mesmo tempo substituída – pela teologia e dogma; a comunidade está assegurada – e substituída – pela instituição; a fé, que prova sua realidade pelo amor, está assegurada – e substituída – por um credo e um código moral”.
“A estrutura delicada da comunidade fundada por Jesus, e ancorada no Espírito Santo, não poderia ser substituída por uma organização institucional sem que fosse completamente mudado todo o caráter da Ecclesia: A comunidade de Jesus tornou-se a Igreja […] Agora havia o dogmatismo sem o dinamismo da Palavra de Deus cheia do Espírito. Agora havia a fé, no sentido de correta fé ortodoxa, mas separada do amor. Agora havia uma comunidade, no sentido de uma igreja com ofícios, mas não mais o serviço de recíproca solidariedade”.
“Você pode manipular e moldar como quiser coisas tais como lei e organização, mas você não pode agir assim com o Espírito. E finalmente: é simplesmente mais fácil anuir a um credo, um dogma, um corpo firme de ensino, do que crer que a fé é inseparável do amor. Acima de tudo: uma pessoa pode moldar os credos ou códigos morais como quiser, manipulá-los, ensiná-los, decorá-los, mas ela não pode controlar, deste modo, aquela fé que é ativa no amor”.
Livro: O Equívoco da igreja. Emil Brunner; Fonte Editorial, p. 59, 60.
Vitor Hugo da Silva
Fonte: [ Perícopes do cotidiano ]
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