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É importante cantar a Bíblia?

É importante cantar a Bíblia?
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Para a igreja, cantar a Bíblia é fundamental. Nossa música não é mera expressão de arte, deve refletir a beleza da Palavra de Deus.

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A igreja brasileira ainda tem muitas dúvidas sobre o que cantar em seus cultos. Os diferentes estilos de música, e até onde ir nos devaneios poéticos, são assuntos que trazem muita controvérsia.

Este tema “cantar a Bíblia” evidencia um conceito equivocado sobre a Bíblia. Toda a defesa deste assunto não é, necessariamente, sobre a música, mas sobre a suficiência e infalibilidade da Palavra de Deus.

Temo que a igreja, de modo geral, tenha se desviado de cantar a Bíblia por não apreciá-la, por não crer nela. A igreja deixou de cantar a Bíblia por não crer que ela seja suficiente para nortear toda a nossa vida. Comecemos a observar algumas coisas que ajudem nossos leitores a crer que vale a pena cantar a Bíblia, que vale a pena ensinar a igreja a cantar a Bíblia.

Em João 6.68 temos:

“Simão Pedro respondeu-lhes: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna”.

Como acima citado, este assunto vem à tona à medida que o apreço pelas Escrituras diminui.

A importância de se cantar a Bíblia deve-se, de modo geral, ao fato de as igrejas evangélicas estarem esquecendo quais são as suas bases e o motivo de existirem.

Defender a razão de se cantar a Bíblia é, na realidade, uma defesa da própria Revelação de Deus.

O texto escolhido de João evidencia, de fato, o que Pedro estava enaltecendo em Jesus naquele momento em que sua fidelidade foi provada: “Tu tens as PALAVRAS de vida eterna”.

Não é curioso Pedro destacar que Jesus tem as PALAVRAS de vida eterna mesmo tendo presenciado tantos momentos milagrosos e sinais fantásticos de cura, bem como a multiplicação dos pães?

No versículo 63, Jesus mesmo diz:

“O Espírito é o que dá vida, a carne não serve para nada; as PALAVRAS que eu vos tenho falado são espírito e vida”.

É possível que Pedro, ao ouvir essa afirmação, tenha gravado em sua mente e reproduzido logo em seguida: “Tu tens as PALAVRAS…”

Para reforçar ainda mais esse conceito segue o texto de Atos 11.14-18:

“…Ele te dirá PALAVRAS pelas quais serás salvo, tu e toda a tua casa.

Logo que eu comecei a falar, o Espírito Santo desceu sobre eles, como também sobre nós no princípio.

Lembrei-me então da PALAVRA do Senhor, que disse: João, na verdade, batizou com água; mas vós sereis batizados com o Espírito Santo.

Portanto, se Deus lhes concedeu o mesmo dom que concedera também a nós, ao crermos no Senhor Jesus Cristo, quem era eu, para pudesse me opor a Deus?

Ouvindo essas coisas, eles se tranquilizaram e glorificaram a Deus, dizendo: Então, Deus concedeu também aos gentios o arrependimento para a vida.”

Observem como no vs. 14, o anjo se refere à ação de Pedro: “… ele te dirá PALAVRAS. E o que aconteceu mais adiante? O Espírito Santo desceu sobre eles e os fez lembrar do quê? Da PALAVRA do Senhor.

Pedro não falou de si mesmo, de suas experiências e nem de seus sentimentos ou de qualquer outra coisa semelhante, mas ele disse “a PALAVRA do Senhor”.

Conteúdo Teológico

O nosso Deus é um Deus que se revela.

Deus se revela, basicamente, de duas maneiras, o que a Teologia chama de Revelação Geral e Revelação Especial.

Revelação Geral se dá por meio das coisas criadas: os céus e os astros, animais, a Terra e tudo o que existe.

Revelação Especial é a revelação dada por meio da Sua Palavra. Nela temos a vontade de Deus expressa, assim como mais informações sobre o ser de Deus, seus atributos e ação na História.

Diferença entre as Duas Revelações

A diferença é que na revelação geral não há redenção. Não é possível chegar à salvação apenas pela observação das coisas criadas. Ao contrário, a revelação geral torna os homens indesculpáveis diante de Deus, pois eles observam a criação, mas não atribuem glória a Deus.

“… Pois os seus atributos invisíveis, seu eterno poder e divindade, são vistos claramente desde a criação do mundo e percebidos mediante as coisas criadas, de modo que esses homens são indesculpáveis…”

Romanos 1.20

Salmo 19 também é muito claro quando identifica que “os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos”, com uma descrição ímpar e poética do que é o poder de Deus manifestado através das obras da criação. Ao chegar ao versículo 7, porém, Ele faz uma revelação:

“A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos simples.”

Percebe-se, agora, como o salmista traz o tema para o íntimo, para a alma. Ele conduz para uma transformação particular que a lei (aquilo que Deus até então revelou como ordem moral e de conduta) apresenta, na verdade, a santidade e o poder de Deus de modo que, quem atende essa lei, tem sua vida e sua alma transformadas.

No vs. 14, ele diz:

“As palavras da minha boca, e a meditação do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, minha rocha e meu redentor!”

Nota-se, neste trecho, como ele identifica o seu Senhor. Ele o chama de rocha e REDENTOR. Há poder de redenção nessa revelação!

Podemos dizer, então, que Deus só pode ser conhecido de maneira redentora através da sua Palavra, que é esse conjunto de 66 livros chamado Bíblia.

O meio normal pelo qual Deus se manifestou trazendo salvação é pela pregação e propagação do conteúdo encontrado na Bíblia. Não existe salvação sem pregação da Bíblia que é a Sua Palavra.

Aspectos Interessantes

Quando Moisés (Êx 3.13) pergunta o que deve dizer ao povo quando as pessoas lhe perguntarem a respeito de Deus (“Qual é o nome dele? Que lhes direi?”), Deus lhe responde: “Ehyeh Asher Ehyeh”  (“Eu sou o que sou”).

O vs.15 estende mais essa explicação:

“E Deus disse ainda a Moisés: Assim dirás aos israelitas: O Senhor, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vós. Este é o meu nome eternamente, e assim serei lembrado de geração em geração.”

O que nos chama a atenção é que o próprio Deus se revela dizendo a Moisés algo sobre si mesmo.  É como se Deus além de dizer “Eu sou o que sou” dissesse: Eu sou o que eu digo que sou!

Neste exato momento percebemos que o próprio Deus dá testemunho de si mesmo. Não há ninguém superior a Deus capaz de avalizar a sua palavra.

Podemos, então, entender que quando Deus fala, existe uma união indissociável entre o que Ele é e o que Ele diz que é. Ou seja, Deus é o que Ele fala. Ele não é apenas o que diz ser. Ele é muito mais do que diz, mas de fato, o testemunho de Deus de si mesmo é totalmente verdadeiro.

A fala de Deus está intimamente ligada ao seu ser e seus atributos.

Tudo o que conhecemos de Deus é o que Ele diz sobre Ele mesmo, e isso nos basta.

Quando Deus diz “Haja luz” imediatamente identificamos Deus como o Criador e sustentador que está além da luz; mas que por seu desígnio e seu decreto e pelo poder da Sua Palavra a luz se mantém iluminando, provando assim que Ele é o Deus da Palavra.

Se para nós interessa que Deus é o que Ele diz ser, isso significa que quando Deus promete algo para nós através da sua Palavra Ele se “torna”, por assim dizer, aquilo que ele promete, pois não há separação entre o que Deus diz, o que Deus é, e o que Deus faz.

Por outro lado, existe uma diferença óbvia e gritante entre a palavra humana e a palavra de Deus. A palavra do homem só tem valor no momento em que a fala se funde com a ação. Por exemplo: Se eu prometer que jantarei com a minha esposa na sexta-feira à noite, isso só se tornará real, de fato, quando eu estiver no restaurante à mesa com ela.

Com Deus, no entanto, não é assim. Como Deus não tem a limitação do tempo, toda palavra por Ele proferida é, na verdade, um decreto e realidade, mesmo que em nossa percepção temporal e espacial ela ainda não tenha se concretizado. Deus não é como nós que temos pensamentos desperdiçados e fúteis.

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito existiria. A vida estava nele e era a luz dos homens”.

João 1.1

Este texto nos afirma que a segunda pessoa da Trindade aqui, é chamada de Palavra. Deus é a Palavra.

“O Verbo se fez carne… e habitou entre nós, pleno de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai”.

João 1.14

A Palavra se encarna. Deus agora não é só Palavra, mas uma pessoa com nome, corpo e alma racional: Jesus Cristo.

Em Hebreus 1.1-3:

“No passado, por meio dos profetas, Deus falou aos pais muitas vezes e de muitas maneiras; nestes últimos dias, porém ele NOS FALOU PELO FILHO, a quem designou herdeiro de todas as coisas e por meio de quem também fez o universo. Ele é o resplendor da sua glória e a REPRESENTAÇÃO EXATA DO SEU SER, sustentando todas as coisas pela PALAVRA do seu poder e tendo feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas…”

Jesus Cristo é a exata expressão do ser de Deus e sustenta tudo na PALAVRA do seu poder.

Vejamos aqui a confissão de fé Batista de 1689, capítulo 1, parte 5:

“Pelo testemunho da Igreja de Deus podemos ser movidos e persuadidos a ter em alto e reverente apreço as Sagradas Escrituras. A santidade do assunto, a eficácia da doutrina, a majestade do estilo, a harmonia de todas as partes, o propósito do todo (que é dar toda glória a Deus), a plena revelação que faz do único meio de salvação para o homem, e muitas outras excelências incomparáveis e perfeição completa, são argumentos pelos quais abundantemente se evidencia serem elas a Palavra de Deus. Contudo, a nossa plena persuasão e certeza quanto à sua verdade infalível e divina autoridade provém da operação interna do Espírito Santo, que pela Palavra e com a Palavra testifica aos nossos corações.”

Somente tendo o perfeito entendimento de que Deus se revela pela Sua palavra e que ela é tão confiável que chega ao ponto de Deus ser Sua Palavra é que poderemos praticar textos como este de Colossenses 3.16:

“Habite ricamente em vós a Palavra de Cristo…”

ou até Salmos 119.54

“Teus decretos são o motivo dos meus cânticos na casa onde estou vivendo”.

Que tenhamos a Palavra habitando, ricamente, em nós para que possamos crescer cada vez mais no amor e na compreensão das Sagradas Escrituras.

A percepção da importância da Palavra torna mais claro o entendimento do papel da música, pois ela é escrava da Palavra. A música é perfeita para a utilização no culto a Deus porque ela pode carregar com dignidade conceitos firmes da Palavra de Deus.

Cantar a Bíblia!

Palavra, música e, finalmente, culto. A música que usamos na igreja também deve ser usada no culto.

O culto é um momento criado por Deus cujo propósito é glorificar a Deus, somente. Quanto mais da Palavra de Deus existir no culto, mais Deus será glorificado, quanto mais se cantar a Bíblia no culto, mais Deus será glorificado.

No culto reformado ora-se a Palavra, canta-se a Palavra, lê-se a Palavra e prega-se a Palavra de Deus. Por fim, celebra-se os dois sacramentos, ceia e batismo, como representação, ou encenação (como diz Calvino) da Palavra.

Com essas razões apresentadas, desejo convencê-los de cantar a Bíblia.

Não vamos cantar invenções, vamos cantar a Bíblia; não vamos cantar sentimentos, vamos cantar a Bíblia; não cantemos os lançamentos da moda, vamos cantar a Bíblia. Cantar a Bíblia é o nosso chamado. Deus sabe como quer ser adorado e, por isso, apresentarmos a Ele as Escrituras é a melhor coisa que podemos fazer. Cantar a Bíblia é cantar aquilo que Deus deseja ouvir.

Que amemos mais e mais a palavra de Deus. Que amemos cantar a Bíblia e que, mais e mais, nos apeguemos a ela para a glória do próprio Deus.

Fonte: Teomídia

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