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Usando Trump como plataforma para glorificar a Inquisição?

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Trump é tão demonizado quanto a Inquisição, diz direitista católico

No mundo real, o presidente americano Donald Trump não tem nada a ver com a Inquisição. Mas no mundo da ficção ideológica e fanatismo religioso, tudo é possível.

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Em seu artigo “A Inquisição e Donald Trump: o choque de civilizações ontem e hoje,” o autor católico Mateus de Castro louva os esforços de Trump de proteger os EUA do islamismo e o usa, como comparação, para descrever a Inquisição como um esforço semelhante da Igreja Católica para proteger a Europa do islamismo.

No entanto, a Inquisição não nasceu como um esforço para combater exclusivamente o islamismo. Por séculos, a Igreja Católica e as nações católicas já aplicavam a Inquisição contra cristãos que seguiam a Cristo não de acordo com os mandamentos estritos do Vaticano.

A Inquisição combatia qualquer ideia, e as pessoas que apoiavam essas ideias, contra o monopólio católico. Não só muçulmanos, mas também judeus e protestantes eram visados.

Pelo fato de que o islamismo é violento, não me oponho à Inquisição tratando severamente os muçulmanos. Mas judeus e protestantes inocentes eram torturados, saqueados e massacrados pela Inquisição, cuja missão era destruir tudo o que era oposto ao Vaticano.

Mesmo assim, Mateus de Castro defende o argumento de que exatamente como Trump é demonizado por sua postura sobre o islamismo, assim também a Inquisição é “demonizada.” Ele chega a retratar a Inquisição como um “escudo” contra o islamismo. Essa é uma opinião bizarra. Por alguma razão misteriosa, o crescimento de sentimentos conservadores no Brasil está produzindo resultados bizarros entre católicos.

Ainda que o Brasil seja o maior país católico do mundo, o avanço conservador tem vindo dos evangélicos, conforme reconhecido mesmo pela revista americana The Nation. A vitória conservadora mais proeminente foi conseguida com o impeachment da presidente marxista Dilma Rousseff em 2016. O processo de impeachment foi possibilitado graças a um líder evangélico chamado Eduardo Cunha, que estava na lista negra dos marxistas como seu inimigo número 1.

O principal movimento marxista do Brasil, o Partido dos Trabalhadores de Dilma, foi fundado por uma maioria católica com a assistência de muitos bispos católicos.

Inicialmente, a reação católica conservadora no Brasil defendia ideias pró-vida. Mas ultimamente essa reação tem ficado mais radical e posturas pró-Inquisição estridentes estão dominando a cosmovisão de muitos conservadores católicos. Uma simples pesquisa de Google sobre “Inquisição” e “conservador” dá quase 300 mil resultados! Esse número impressionante mostra que a defesa da Inquisição se tornou um assunto muito proeminente entre católicos conservadores do Brasil. Há milhares e milhares de sites e blogs de orientação católica exaltando as virtudes alegadas da Inquisição. Um verdadeiro tsunami de obsessão pró-Inquisição está dominando os católicos conservadores.

Direitistas católicos radicais como Mateus de Castro se sentem à vontade para usar qualquer assunto para defender e desculpar a Inquisição. Então se Trump é demonizado por banir a imigração islâmica, ei, a Inquisição é tão “demonizada” quanto Trump!

Se o conservadorismo é atacado, ei, a Inquisição sofre o mesmo abuso!

Castro usa como base para defender a Inquisição Henry Kamen, que ele alega ser “o maior especialista na Inquisição Espanhola do século XX.”

Kamen é reconhecido como um revisionista, que mudou a história como ela realmente foi.

O revisionismo é uma ferramenta especialmente usada por marxistas. O revisionismo mais proeminente foca no Holocausto. Tipicamente, os revisionistas reduzem os números das vítimas judias do Holocausto e seus sofrimentos.

O maior especialista real sobre a Inquisição é o pai do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Ele escreveu “The Origins of the Inquisition in Fifteenth Century Spain” (As Origens da Inquisição na Espanha do Século Quinze), um livro que em grande parte gira em torno de católicos espanhóis questionando, torturando, castigando e queimando judeus. Seu livro é história real, não revisão para agradar àqueles que defendem a Inquisição.

O artigo de Castro foi publicado no site direitista Senso Incomum. É realmente senso muito incomum ou mau promover a reabilitação da Inquisição como um componente importante no conservadorismo. Não faz sentido colocar no mesmo nível o conservadorismo e o revisionismo da Inquisição. Não faz sentido para um site direitista como Senso Incomum colocar Trump e a Inquisição no mesmo nível. Mas tal mau senso é agora moda entre direitistas católicos, que estão engajados na missão vergonhosa, anticristã e anticonservadora de glorificar a Inquisição.

Castro diz que os EUA enfrentam hoje a mesma ameaça islâmica que a Europa enfrentou 500 anos atrás, e ele quase disse que a Inquisição é necessária hoje. Contudo, outros direitistas católicos têm sido mais francos sobre a “necessidade” da Inquisição hoje. O escritor católico Theodore Shoebat sugeriu que o único jeito de exterminar a agenda homossexual é por um “reavivamento” católico, com uma Inquisição que aplicará a pena de morte nos homossexuais.

Tal “reavivamento” católico, com um conservadorismo mal-orientado, não deixará os protestantes e judeus eventualmente ilesos. Aliás, por vários anos escritores católicos “conservadores” têm chamado os protestantes de “hereges.” Os “hereges” eram as principais vítimas da Inquisição.

Um reavivamento cristão real produz paixão por Cristo e arrependimento. No Brasil, o “reavivamento” direitista católico está produzindo paixão pela Inquisição e nenhum arrependimento. É uma das tendências mais bizarras entre católicos brasileiros.

Conservadorismo cristão e defesa da Inquisição é uma contradição imensa. Mesmo assim, Castro disse, como desculpa: “Para isso, temos que passar pela espinhosa tarefa de revelar que a teologia islâmica é baseada em dominação, e não em conversão espontânea.”

Sim, o islamismo é baseado na dominação e conversão forçada. Mas o catolicismo medieval, louvado por Castro, era igualmente baseado na dominação e conversões forçadas. Ou você era católico ou contra o catolicismo. Só católicos eram protegidos. Judeus e cristãos não católicos estavam em eterno perigo de cair vítimas da Inquisição.

Exatamente como no caso do aborto, quando os conservadores consideram a situação difícil das vítimas; exatamente como no caso do comunismo, quando os conservadores consideram a situação difícil das vítimas, o caso da Inquisição merece o mesmo tratamento: as vítimas judias e protestantes em sua situação difícil, não seu opressor, merecem atenção e defesa. Escolher a Inquisição é como escolher assassinos comunistas e assassinos de bebês (médicos aborteiros) em vez de suas vítimas.

Usar o movimento conservador como plataforma para sanear a Inquisição é um desserviço ao conservadorismo e Cristianismo. Dizer que a Inquisição é “demonizada” é fazer dessa máquina assassina uma vítima, quando as vítimas reais eram judeus e protestantes.

Usar o movimento conservador como plataforma para promover o revisionismo da Inquisição, como direitistas católicos no Brasil estão fazendo frequentemente, acabará destruindo toda esperança conservadora para os católicos do Brasil.

Usar o movimento pró-vida como plataforma para defender o revisionismo da Inquisição, como direitistas católicos no Brasil estão fazendo frequentemente, acabará prejudicando a causa pró-vida entre os católicos do Brasil.

Usar a demonização de Trump como exemplo de como a Inquisição é “demonizada” só mostra que o movimento católico “conservador” brasileiro está doente ou mesmo sob possessão demoníaca.

Só Cristo pode curar doenças espirituais e expulsar demônios.

Só um verdadeiro reavivamento cristão pode livrar os católicos do “reavivamento” católico fajuto que está saneando a Inquisição.

Fonte: juliosevero

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