Moradores de uma pequena cidade do Alabama, que ainda está sofrendo com tornados mortais que devastaram o estado, disseram que a visita do presidente Trump na quinta-feira foi “um presente de Deus.”
Na sua viagem, ele fez uma parada em uma igreja batista em Opelika, Alabama, com outro gesto religioso, gesto que claramente deixou uma marca: Quando perguntado, o presidente autografou várias das Bíblias dos membros da igreja.
Depois que Trump adicionou seu autógrafo único e frenético na Bíblia de um menino de 12 anos, a multidão de espectadores irrompeu em aplausos. Uma igreja voluntária, Ada Ingram, disse aos repórteres que a visita de Trump foi uma bênção. Esperançosamente, isso une a comunidade, ela disse.
“Adorei a vinda dele,” disse Ingram. “Acho que é um presente de Deus.”
Outra voluntária, Emily Pike, disse que o presidente e a primeira-dama Melania Trump autografaram a Bíblia da filha dela de 10 anos, que já estava decorada com camuflagem rosa.
“Ela simplesmente chegou ali e disse: ‘Sr. Presidente, você autografaria isso?” contou Pike, segundo a Associated Press.
Na Igreja Batista Providence, Trump falou com dezenas de moradores e famílias de vítimas, e contou alguns dos danos que ele viu lá, dias depois de um dos piores tornados nos últimos anos que matou 23 pessoas.
“Nunca vi nada parecido,” disse Trump.
Alguns especialistas disseram que qualquer autógrafo numa Bíblia, não importa a caligrafia, deve ser desaprovado.
“Crescendo em um lar religioso, teriam visto como blasfêmia alguém autografando seu próprio nome,” disse Jamie Aten, evangélico e psicólogo do Wheaton College.
Aten, especialista nos efeitos de desastres na mente religiosa, disse que é comum os sobreviventes de desastres usarem a Bíblia para ajudar a entender o que aconteceu. No entanto, ele disse, ele nunca viu sobreviventes trazerem Bíblias para alguém autografar.
“Talvez você tenha escrito seu próprio nome para que as pessoas soubessem que era seu,” disse Aten. “Nunca vi nada parecido.”
Mas Peter Manseau, diretor do departamento de religião do Instituto Smithsoniano, disse que presidentes americanos do passado autografaram Bíblias, inclusive George W. Bush e o presidente Ronald Reagan.
“Se essa fosse uma iniciativa em grande escala em que o presidente distribuísse pilhas de Bíblias autografadas, isso me pareceria estranho, para dizer o mínimo, mas pelo que posso dizer hoje esse evento não estava fora da norma,” disse Manseau. “Os presidentes parecem autografar um monte de coisas aleatórias colocadas na frente deles.”
Trump realmente tem alguma experiência pessoal com bíblias autografadas. A televangelista neopentecostal Paula White relatou um pedido que Trump fez em 2005 solicitando uma Bíblia autografada pelo falecido evangelista Billy Graham, um dos líderes espirituais americanos mais populares do século passado. White deu um jeito de obter a Bíblia autografada para o aniversário de 60 anos de Trump. A inscrição dizia: “Para Donald Trump, Deus te abençoe sempre. Billy Graham.”
John Fea, historiador da Faculdade Messiah, uma instituição educacional cristã na Pensilvânia, disse que ele também nunca ouviu falar de nenhum presidente que tenha autografado Bíblias antes. Mas, segundo Fea, as ações de Trump se ajustam a seu apelo a muitos evangélicos brancos no sul dos EUA.
“O fato de as pessoas levarem Bíblias para ele diz muito sobre elas,” disse Fea. “Parece implicar que eles o veem não apenas como um líder político, mas como um salvador espiritual da nação.”
Trump, que normalmente só frequenta a igreja durante a Páscoa e o Natal, abandonou muitas referências bíblicas desde que declarou que concorreria à presidência. Durante sua campanha em 2016, ele acenou para a Bíblia quando falou com milhares de estudantes da Universidade Liberty, na Virgínia.
“Dois Coríntios, 3:17, essa é a situação toda,” disse Trump. Muitos na multidão riram porque ele disse “dois,” em vez de “segundo” Coríntios.
