Em entrevista ao Guiame, o cristão copta Youssif Soliman disse que os casos de ataques aos cristãos não fazem parte do contexto geral do país
Embora o Egito seja formado em sua maioria por muçulmanos, os casos de ataques aos cristãos não fazem parte do contexto geral do país. Estimativas apontam que os cristãos formam de 10% a 15% da população egípcia, no entanto, eles não se consideram um grupo pequeno.
“Muitas pessoas que estão de fora sentem que nós somos uma minoria, mas não é verdade. Nossa igreja é uma das mais antigas do mundo”, disse o cristão copta Youssif Soliman em entrevista ao Guiame, em viagem no Egito realizada em parceria com a MontanaTur.
A Igreja Ortodoxa Copta foi estabelecida no Egito por volta do ano de 42 d.C. Nesse período, marcado pelo governo do imperador romano Cláudio, um grande número de egípcios abraçou a fé cristã através do trabalho evangelístico de Marcos, discípulo do apóstolo Paulo.
Graves casos de ataques aos cristãos egípcios tomaram as manchetes nos últimos anos, como a decapitação de 21 cristãos coptas pelo Estado Islâmico e as explosões em duas igrejas durante a celebração do “Domingo de Ramos”.
No entanto, Youssif garante que de maneira geral, a perseguição aos cristãos não faz parte de uma realidade do Egito. “Não quero dizer que aqui sentimos que estamos sendo perseguidos. A verdade é que a maioria das pessoas egípcias são muito moderadas, muito amáveis, vivemos juntos, moramos juntos, trabalhamos juntos, comemos juntos”, explica.
“Mas como em todo o mundo, sempre há fanáticos que não te aceitam, que sentem que você é inimigo de Deus”, completa. “Os imames (líderes islâmicos) radicais e fanáticos aproveitaram o analfabetismo de pessoas muito simples, que mal sabem ler e escrever, e deram para eles um ensino errado do Islã. Eles ensinam que [os muçulmanos] devem matar os cristãos e que eles são inimigos de Deus”.
No último mês, diversas igrejas na cidade de Minia foram fechadas pelas autoridades, por causa de ataques provocados por extremistas. “Os europeus estão dando liberdade aos muçulmanos e eles estão construindo suas mesquitas por lá. Como alguns radicais, numa cidade egípcia, não querem permitir que os cristãos façam uma igreja?”, questiona Youssif.
“Quando surgiram pessoas protestando a construção de uma igreja, o governador teve que parar essa gente, não os cristãos de fazerem a construção da igreja”, esclarece. “É nosso direito, porque fazemos parte da sociedade egípcia”.
Semelhanças com o catolicismo
A Igreja Copta Ortodoxa não está em comunhão com a Igreja Católica desde que não aceitou o Concílio de Calcedônia em 451 d.C, que repudiou a doutrina do monofisismo, ou seja, que Jesus tinha unicamente a natureza divina.
“A nossa igreja recusou algumas ideias da Igreja Católica, como também fizeram os protestantes com Martinho Lutero. Mas nossa igreja fez de um jeito diferente. Não aceitamos o purgatório, mas não significa que deixamos toda a fé”, afirma Youssif.
As diferenças entre as duas religiões ainda são pequenas. “Temos aqui os sete sacramentos [católicos], a diferença está na forma de fazer. Por exemplo, o batismo [da criança] deve ser por imersão, o sacerdote de nossa igreja deve ser casado e, na comunhão, devemos estar em jejum quase 12 horas antes de ir à missa”, explica Youssif.
O Portal Guiame visitou o Egito em parceria com a operadora de viagens MontanaTur. Para ter acesso aos pacotes promocionais e pagamentos facilitados, acesse: www.montanatur.com.br.
Fonte: guiame