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Líderes evangélicos desabafam críticas ao governo Bolsonaro por lhes dar pouquíssimo espaço

Líderes evangélicos desabafam críticas ao governo Bolsonaro por lhes dar pouquíssimo espaço
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Descontente com pouquíssimos cargos no governo, Frente Parlamentar Evangélica promete apoiar governo apenas em questões como aborto e agenda gay

Julio Severo

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Descontente com o fato de que o governo não tem dialogado com líderes evangélicos e tem dado pouquíssimo espaço para evangélicos em seus ministérios, a Frente Parlamentar Evangélica, tradicionalmente a força mais conservadora no Congresso Nacional, decidiu apoiar o governo Bolsonaro apenas em questões éticas como aborto e agenda gay. Deputados eleitos com apoio das igrejas evangélicas não estão poupando o presidente Jair Bolsonaro, que ajudaram a eleger, de críticas públicas nas redes sociais.

O deputado federal Marco Feliciano (Podemos-SP) usou o Twitter para mandar um recado: “A comunicação está péssima. Quando o governo resolve governar sozinho, se torna um gigante com pés de barros.”

O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) disse que, “ideologicamente, jamais” a bancada irá “sabotar o governo”, mas alertou que “política se faz com diálogo ou cada um vai cuidar do seu mandato.”

Sóstenes, que é ligado ao televangelista assembleiano Silas Malafaia, acrescentou, com tristeza: “A bancada (evangélica) nunca teve espaço, mas agora está pior.”

Era para Bolsonaro, que foi eleito em grande parte por evangélicos — fato reconhecido até por seu inimigo político socialista Fernando Haddad —, dar mais espaço para seus apoiadores. Mas ele não tem feito isso. Pelo fato de que seu governo se proclama conservador, era para ele pelo menos dar cargos para os seus apoiadores mais conservadores, que são justamente os evangélicos.

No entanto, não é o que está acontecendo. Se antes de Bolsonaro, os líderes evangélicos tinham pouco espaço no governo, agora, como apontou Sóstenes, eles têm muito menos.

Para compensar os pouquíssimos cargos que ele deu para os evangélicos no governo, alguns interpretam que o presidente Bolsonaro tem apelado para outra estratégia para tentar agradar à Frente Parlamentar Evangélica: o discurso moral. Foram muitos os discursos do governo de que o tom conservador terá prioridade.

O esforço de Bolsonaro hoje para manter os evangélicos fora da maioria de seus ministérios contrasta com sua atitude de buscar o apoio evangélico durante sua campanha em 2018. Ele chegou a ser batizado por um pastor pentecostal no Rio Jordão em Israel em 2016 numa jogada política clara para atrair os evangélicos. Funcionou. A imprensa americana, brasileira e israelense deu aos evangélicos o crédito pela vitória dele.

Mas se os evangélicos não estão recebendo a preferência para ocupar os cargos mais importantes no governo Bolsonaro, quem está? Os dois principais cargos do governo — Ministério da Educação e Ministério das Relações Exteriores — foram entregues a adeptos do astrólogo Olavo de Carvalho, um imigrante brasileiro autoexilado nos EUA há 15 anos que é conhecido no Brasil por palavrões, defesa da Inquisição, defesa do cigarro e antimarxismo guenoniano.

Enquanto os evangélicos só têm um representante em grande ministério governamental — a Dra. Damares Alves, que é pastora pentecostal e chefia o Ministério dos Direitos Humanos e Família —, os olavetes, como são chamados os adeptos do astrólogo, ganharam muito mais cargos em detrimento dos evangélicos que elegeram Bolsonaro.

Os olavetes trouxeram consigo todo o seu radicalismo já bem conhecido, inclusive defensores da Inquisição, que torturava e matava judeus e evangélicos. Um desses defensores foi denunciado por mim neste artigo recente: Um agente secreto da Inquisição no Ministério da Educação do Brasil?

Tal radicalismo normalmente provoca crises, que só são evitadas quando há autoridades com olhos abertos. Não foi diferente nesse caso. Na semana passada, por pressão dos militares brasileiros, todos os adeptos do astrólogo Olavo que possuíam cargos vitais e estratégicos no Ministério da Educação foram rebaixados para cargos insignificantes.

Silvio Grimaldo, ativista diretamente ligado ao astrólogo, se queixou em sua página de Facebook: “O expurgo de alunos do Olavo de Carvalho do MEC é a maior traição dentro do governo Bolsonaro que se viu até agora.”

Ele tem suas razões para se queixar. Ele ocupava um cargo elevadíssimo no MEC. Foi rebaixado para um cargo pequeno e inútil e pediu demissão.

Contudo, ele não tem direito de se queixar como se ele e outros adeptos do astrólogo fossem donos do governo brasileiro. Quem deveria se queixar de “traição” são os evangélicos que foram em grande parte esquecidos por Bolsonaro e além de não ganharem cargos importantes, tiveram de assistir quietos cargos importantes sendo entregues a olavetes submissos a um astrólogo que defende a Inquisição e ataca os evangélicos.

Os olavetes poderiam, talvez, falar em traição se eles tivessem sido vitais para a eleição de Bolsonaro. Não foram.

Quem foi vital para a eleição de Bolsonaro foram os evangélicos, conforme reportagem do New York Times, que mencionou o nome do pastor pentecostal Silas Malafaia como o líder evangélico que levou milhões de evangélicos a votar em Bolsonaro. Mas até o nome de Malafaia tem sido pouco honrado no governo Bolsonaro, que prefere glorificar frequentemente o astrólogo Olavo. Os evangélicos poderiam chamar isso de traição, mas não fazem isso.

O que os líderes evangélicos estão fazendo diante da óbvia “traição” é apoiar o governo Bolsonaro, pelo bem do Brasil, somente em questões éticas como aborto e agenda gay. Eles não apoiarão Bolsonaro em outras questões políticas exatamente porque Bolsonaro deu preferência a quem não foi vital para sua eleição — os olavetes — em detrimento de quem foi vital para sua eleição — os evangélicos.

Em contraste, os olavetes, como mostrou o desabafamento de Grimaldo, estão revoltados por perderem cargos vitais que eles não mereciam.

Os militares que expulsaram os olavetes da liderança do MEC fizeram um grande bem ao Brasil, pois o olavismo é problemático em toda a sua natureza, especialmente porque a fonte de seu antimarxismo é o bruxo islâmico René Guénon, que fundou a Escola Tradicionalista, para promover um “conservadorismo” esotérico fascista para combater o marxismo. E fascismo é o que não falta no guenonianismo. O maior adepto de Guénon, Julius Evola, era assessor do ditador fascista Benito Mussolini e do próprio nazismo.

Ativistas influenciados por Guénon provocam caos e confusão por onde passam. Um deles passou pela Casa Branca e causou caos e confusão. Seu nome é Steve Bannon, que é hoje persona non grata no governo americano depois que o presidente Donald Trump o expulsou da Casa Branca, chamando-o de oportunista e vazador de informações secretas para se autopromover. Apoiado por evangélicos, o evangélico Trump conseguiu se livrar da lábia e oportunismo de Bannon.

Coincidência ou não, Bannon e Carvalho são hoje amigos e unidos para promover seu “conservadorismo,” e estão ganhando o coração de Bolsonaro e filhos. Mesmo tendo apoio dos evangélicos, Bolsonaro e seus filhos não estão conseguindo se livrar da lábia e oportunismo de Carvalho e Bannon.

Trump identificou muito bem a natureza oportunista e traiçoeira de Bannon, que é adepto de Guénon e chegou a louvar Guénon e Evola numa conferência do Vaticano em 2014. A natureza de “conservadores” esotéricos fascistas é oportunista e traiçoeira. Essa é a natureza de Olavo de Carvalho. Essa é a natureza dos olavetes.

Contudo, essa não é a natureza dos líderes evangélicos que trabalharam tanto pela eleição de Bolsonaro e hoje são esquecidos no que se refere a cargos governamentais vitais. O antimarxismo dos líderes evangélicos e da população evangélica não tem raízes em Guénon e em seu “tradicionalismo,” um “conservadorismo” que tem muito mais de esotérico e fascista em sua alma do que o alegado catolicismo (sincrético) que Bannon, Carvalho e outros guenonianos proclamam.

Os evangélicos ofereceram a Bolsonaro um antimarxismo com bases na Bíblia. Ele rejeitou em grande parte.

Carvalho e Bannon ofereceram a Bolsonaro e seus filhos um antimarxismo com bases guenonianas. Ele aceitou em grande parte.

Antimarxismo com bases evangélicas leva a bons resultados. Os EUA, a nação mais evangélica e mais antimarxista do mundo, são um bom exemplo, especialmente com o Presidente Ronald Reagan, que era evangélico. O antimarxismo evangélico americano é a maior inspiração para o antimarxismo evangélico brasileiro. Aliás, o antimarxismo americano é tradicionalmente o maior aliado de igrejas evangélicas na América Latina.

Antimarxismo com bases ocultistas leva ao desastre. Hitler, que era um ocultista antimarxista, é um exemplo.

Na década de 1960, os militares salvaram o Brasil do comunismo. Essa é uma verdade inegável. E agora, com sua pressão para destruir a influência dos olavetes no Ministério da Educação, os militares brasileiros estão salvando o Brasil do antimarxismo guenoniano e seu “conservadorismo” esotérico fascista.

Tal intervenção militar veio em boa hora, pois Olavo de Carvalho estava tão autoconfiante de que o governo Bolsonaro estava sob seu feitiço que dias atrás ele apelou publicamente para que a Polícia Federal me investigue sob a alegação de que minhas denúncias contra ele envolvendo Inquisição e ocultismo são conluios pagos pelo governo russo que ameaçam segurança nacional. Isto é, ele tentou usar sua influência sobre Bolsonaro para me retratar como inimigo do governo brasileiro e “incentivar” o Estado brasileiro a me perseguir.

Como muitos evangélicos, votei em Bolsonaro. Como outros evangélicos, estou triste de ver como olavetes, que são oportunistas antievangélicos, ganharam cargos governamentais.

Talvez a intervenção necessária dos militares seja a resposta de oração dos evangélicos. Com mais orações, Bolsonaro poderá algum dia se lembrar dos evangélicos que o apoiaram e de que a ocupação de cargos governamentais por ativistas olavetes é às expensas dos evangélicos.

Enquanto Grimaldo e outros olavetes se queixam e se revoltam por perderem cargos que eles nunca mereceram e tratam como “traição” sua perda de privilégios imerecidos, alimentando caos e confusão contra o governo, os evangélicos que mereciam cargos vitais e não ganharam não estão difamando o governo Bolsonaro como traidor e não estão alimentando nenhum caos e confusão. Eles estão orando pelo presidente brasileiro e vão continuar fazendo o que sempre fizeram: trabalhar contra o aborto e a agenda gay.

Com informações do Estadão.

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