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Geopolítica do Homem x Geopolítica Divina

Geopolítica do Homem x Geopolítica Divina
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A geopolítica é uma disciplina que estuda as relações entre o espaço geográfico e o poder político, econômico, militar e cultural. A geopolítica clássica, surgida no final do século XIX e início do século XX, baseava-se na ideia de que a geografia determinava o destino dos povos e das nações, e que havia uma luta pela dominação e pela expansão territorial. Essa visão foi usada para justificar o imperialismo, o colonialismo, o nacionalismo e o racismo, e teve como expoentes autores como Ratzel, Kjellén, Haushofer e Mackinder.

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A geopolítica contemporânea, que se desenvolveu a partir da segunda metade do século XX, é mais crítica e complexa, e leva em conta outros fatores além da geografia, como a história, a cultura, a ideologia, a economia, a ecologia, a tecnologia e a comunicação. A geopolítica contemporânea reconhece a diversidade e a pluralidade do mundo, e busca compreender as dinâmicas globais e regionais, os conflitos e as cooperações, as identidades e as diferenças, as oportunidades e os desafios. Alguns autores representativos dessa abordagem são Braudel, Wallerstein, Foucault, Said, Huntington e Beck.

A geopolítica divina, por sua vez, é uma perspectiva que procura analisar a geopolítica à luz da fé, da teologia, da ética e da espiritualidade. A geopolítica divina questiona a geopolítica do homem, que se baseia na razão, na ciência, na técnica e no poder, e propõe uma geopolítica de Deus, que se fundamenta na revelação, na graça, na misericórdia e no amor. A geopolítica divina não é uma forma de teocracia, de fundamentalismo ou de proselitismo, mas sim uma forma de diálogo, de testemunho e de serviço. A geopolítica divina não pretende impor uma visão única e absoluta, mas sim contribuir para a construção de um mundo mais justo, pacífico e fraterno. Alguns autores que abordam essa temática são Ellul, Moltmann, Boff, Sobrino e Küng.

Desenvolvimento

A geopolítica do homem e a geopolítica divina apresentam diferenças e semelhanças, convergências e divergências, complementaridades e contradições. Ambas reconhecem a importância do espaço geográfico, mas atribuem-lhe sentidos e valores distintos. A geopolítica do homem vê o espaço como um recurso, um objeto, um cenário, um instrumento, um desafio ou uma ameaça. A geopolítica divina vê o espaço como uma criação, um sujeito, um sacramento, um dom, uma vocação ou uma bênção.

Ambas também reconhecem a existência de conflitos e de interesses, mas propõem soluções e critérios diferentes. A geopolítica do homem busca resolver os conflitos pela força, pela negociação, pela diplomacia, pela lei ou pela mediação. A geopolítica divina busca resolver os conflitos pelo perdão, pela reconciliação, pela comunhão, pela justiça ou pela paz. A geopolítica do homem defende os interesses próprios, nacionais, regionais ou globais, com base na soberania, na segurança, na competitividade ou na cooperação. A geopolítica divina defende os interesses comuns, universais, humanos ou cósmicos, com base na solidariedade, na fraternidade, na responsabilidade ou na participação.

Ambas ainda reconhecem a diversidade e a pluralidade do mundo, mas lidam com elas de maneiras opostas. A geopolítica do homem tende a ignorar, a negar, a reprimir, a excluir ou a combater a diversidade e a pluralidade, considerando-as como fontes de problemas, de conflitos, de ameaças ou de obstáculos. A geopolítica divina tende a acolher, a afirmar, a respeitar, a incluir ou a celebrar a diversidade e a pluralidade, considerando-as como fontes de riqueza, de beleza, de oportunidade ou de graça.

A Bíblia, como fonte de inspiração para a geopolítica divina, oferece vários exemplos, textos e imagens que ilustram essa visão alternativa da geopolítica. Podemos citar, por exemplo, a criação do mundo como um ato de amor de Deus, que confere ao espaço geográfico um valor sagrado e uma dignidade intrínseca (Gn 1-2); a aliança de Deus com Abraão, que promete uma terra como sinal de bênção e de missão, e não como motivo de orgulho e de dominação (Gn 12-17); a libertação do povo de Israel da escravidão do Egito, que revela o Deus que se opõe aos impérios opressores e que conduz seu povo para uma terra de liberdade e de justiça (Ex 1-15); a entrada do povo de Israel na terra prometida, que exige uma partilha equitativa e uma administração fiel da terra, e não uma exploração egoísta e uma acumulação injusta (Js 13-21); a profecia de Isaías, que anuncia um novo céu e uma nova terra, onde reinarão a paz, a justiça e a alegria, e onde todas as nações se reunirão em torno do monte Sião (Is 65-66); a encarnação de Jesus Cristo, que assume a condição humana e se faz presente na história e na geografia, revelando o Deus que se faz próximo e que se identifica com os pobres e os oprimidos (Lc 1-4); a pregação do Reino de Deus por Jesus Cristo, que convoca seus discípulos a segui-lo pelo caminho da conversão, da fé, da esperança e do amor, e que propõe uma nova forma de relação com Deus, com o próximo e com a criação (Mt 5-7); a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, que vence o pecado, a violência e a morte, e que inaugura uma nova criação, uma nova humanidade e uma nova aliança (Jo 18-21); a missão da Igreja, que é enviada pelo Espírito Santo a anunciar o Evangelho a toda a criatura, a batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e a ensinar a observar tudo o que Jesus ordenou (Mt 28,16-20); a visão do Apocalipse, que mostra a Jerusalém celeste descendo do céu, adornada como uma noiva, e que simboliza a consumação da história e da geografia, a plenitude do Reino de Deus e a comunhão definitiva de Deus com a humanidade e com a criação (Ap 21-22).

Conclusão

A geopolítica do homem e a geopolítica divina são duas formas de compreender e de atuar no mundo, que podem se confrontar ou se dialogar, se excluir ou se integrar, se opor ou se complementar. A geopolítica do homem tem seus méritos e seus limites, suas virtudes e seus vícios, suas luzes e suas sombras. A geopolítica divina tem suas aspirações e seus desafios, suas potencialidades e suas fragilidades, suas promessas e seus riscos. Ambas podem aprender uma com a outra, se respeitarem e se ouvirem, se reconhecerem e se valorizarem, se corrigirem e se enriquecerem.

A geopolítica do homem pode se beneficiar da geopolítica divina, se aceitar a transcendência, a gratuidade, a misericórdia e o amor como princípios orientadores da sua ação no mundo. A geopolítica divina pode se beneficiar da geopolítica do homem, se reconhecer a imanência, a racionalidade, a técnica e o poder como elementos constitutivos da sua presença no mundo. A geopolítica do homem e a geopolítica divina podem se harmonizar, se buscarem a verdade, a justiça, a paz e a vida como valores fundamentais da sua relação com o espaço geográfico.

A geopolítica do homem e a geopolítica divina são, afinal, duas expressões da mesma vocação humana de ser imagem e semelhança de Deus, de ser administrador e cuidador da criação, de ser cidadão e peregrino do mundo, de ser colaborador e participante do Reino de Deus.

Divulgação: Eis-me Aqui!

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