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O que o Hezbolah faz na Venezuela?

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“É extremamente perturbador ver o Governo da Venezuela empregar e dar proteção e segurança a facilitadores e arrecadadores de fundos do Hezbolah”.

Consultar a internet para saber a que horas deveria se prostrar para orar, foi “um risco indevido que Oday Nassereddine nunca deveria ter corrido de maneira voluntária”, adverte um informante – a ele devem-se as seguintes revelações – que seguiu de perto a atividade desse indivíduo e outros membros de sua família. Oday teve o cuidado de onde e quando telefonava com seu celular, para evitar ser localizado em determinadas missões, mas não se deu conta de que quando teclava suas coordenadas em uma página web na Venezuela para conhecer os momentos de levante e ocaso do sol, estava divulgando na rede sua própria localização. Seus dígitos, lidos à distância, permitiram traçar seus passos. Assim, a DEA norte-americana soube que residia em Barquisimeto, a só vinte e seis quilômetros do campo de treinamento que o Hezbolah tinha em Yaritagua, no vizinho estado Yaracuy, e que o próprio Oday Nassereddine comandava. As práticas de guerrilha realizavam-se na fazenda que foi expropriada do deputado da oposição Eduardo Gómez Sigala.

A localização por meio de satélite permitiu atar alguns cabos e fechar mais o cerco sobre Ghazi Nassereddine, irmão de Oday, na que foi considerada a grande operação do Hezbolah na Venezuela. Uma viagem que fizeram juntos nos primeiros meses de 2013 a Cancun foi a campainha de alerta que a DEA necessitava na complicada burocracia de Washington para que todas as agências, inclusive a CIA, acabassem de se pôr em marcha. Nessa viagem ao México, os dois irmãos contactaram com a máfia da droga na península de Yucatán. O trato beneficiava as duas partes: ajuda logística para que células do Hezbolah pudessem chegar até a fronteira dos Estados Unidos e atravessá-la, em troca de parte da droga que a própria organização terrorista xiita dirigia na Venezuela.

Ghazi entrou na história da Venezuela por outro irmão seu, Abdalah, que no começo da década de 80 emigrou desde o Líbano para o país caribenho e se instalou na ilha Margarita. Parte da família seguiria depois, de forma que vários irmãos acabaram residindo na Venezuela. Ghazi fez freqüentes viagens entre ambos os países, com longas estadias em solo venezuelano, que lhe permitiram obter uma segunda nacionalidade: sua cédula de identidade venezuelana foi expedida em julho de 1998. A vitória de Hugo Chávez no final desse ano supôs uma ascensão de status para a família. Abdalah, que financiou a campanha chavista na ilha Margarita graças a seus negócios de lavagem de dinheiro, foi eleito deputado na Assembléia Constituinte no ano seguinte. Ghazi entrou então para trabalhar na Chancelaria: saber árabe e farsi, entre outros idiomas, ajudava a abrir portas às quais agora o chavismo desejava chamar.

Cooptado pelo Hezbolah em sua juventude, Ghazi Nassereddine soube aproveitar bem as vantagens que sua nova situação diplomática oferecia, para ganhar em peso estratégico dentro da organização. Um conjunto de comunicações internas que uma filtração pôs em minhas mãos – poderíamos batizá-las como os cabos de Nassereddine – mostram o papel jogado por ele na facilitação de vistos e passaportes venezuelanos a elementos do Hezbolah. Em 2005, por exemplo, sendo ministro conselheiro na embaixada da Síria, Nassereddine se movia a seu bel prazer entre esse país e o Líbano, em cuja embaixada também se imiscuía apesar de não ter formalmente funções. Segundo queixas confidenciais expressadas então ao Ministério de Exteriores de Caracas, o libanês-venezuelano havia se apresentado em Beirute com a intenção de “realizar uma avaliação de todas as áreas” da embaixada, à qual não pertencia, como denunciariam os diplomatas na praça. Nessa ocasião, Nassereddine pede para revisar as solicitações de vistos apresentados “procedendo a analisar, estudar e decidir sobre o outorgamento ou não da totalidade dos vistos”, algo que ademais só correspondia à autoridade de Caracas. Durante os dois anos seguintes, a embaixada em Beirute viu-se sujeita à “contínua presença de inúmeros cidadãos libaneses manifestando ser recomendados” por quem parecia exercer de plenipotenciário, “para que lhes seja concedida imediatamente o visto sem sequer cumprir com os requisitos exigidos”.

A atividade dos irmãos Nassereddine transformou a ilha Margarita, a 23 km da terra firme, em um bastião da lavagem de dinheiro e em uma estação do tráfico de droga. Sendo um principal destino turístico, e ademais zona livre de impostos, a ilha reúne características que fomentam o fluxo de mercadorias de luxo e de pessoas não residentes. De quase 700 mil habitantes e uns mil quilômetros quadrados, tradicionalmente, a ilha havia acolhido a quase única comunidade islâmica da Venezuela, que era principalmente de origem palestina e sunita. Não era muito numerosa, pois a imigração árabe, mais repartida pelo país, havia sido fundamentalmente cristã, da Síria e do Líbano.

Entre a população muçulmana da ilha, conhecida popularmente como os turcos, havia muitos pequenos comerciantes dispostos a ajudar a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), com contribuições e também com lavagem de dinheiro. Essa atividade sempre foi em pequena escala, dado que os volumes de capitais que seus comerciantes podiam mover eram reduzidos. Os Estados Unidos calculavam que as somas enviadas à OLP não ultrapassavam em seu conjunto os cem mil dólares anuais. Contudo, durante aqueles anos a espionagem norte-americana esteve atenta ao que se passava nesse ponto do Caribe, quase o único lugar da Venezuela onde a CIA se movia sobre o terreno.

As dinâmicas internacionais impulsionadas por Hugo Chávez fizeram com que a ilha mudasse a pele. Uma nova onda de imigrantes muçulmanas da Síria e do Líbano deu aos xiitas o protagonismo: negócios de linha branca, venda de automóveis, aventuras financeiras… e a droga, convertida no grande instrumento para bombear sangue arterial ao Hezbolah. Em uma estrutura até então limitada à legitimação de capitais em somas de tímidas quatro cifras, Ghazi Nassereddine se fez claramente um local com operações de lavagem que facilmente chegavam aos 40 milhões de dólares, como testemunha a documentação na qual o Ministério Público de Nova York baseava suas acusações. A droga estava sendo despachada para a África, para passar depois à Europa e ser distribuída lá pelas células do Hezbolah. As operações globais incluíam contrabando e venda de armas.

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos incluiu Nassereddine em 2008 em sua lista negra pelo auxílio ao terrorismo, baseando-se em informações que o FBI utilizou para situá-lo também em sua lista de pessoas procuradas em 2015. “É extremamente perturbador ver o Governo da Venezuela empregar e dar proteção e segurança a facilitadores e arrecadadores de fundos do Hezbolah”, declarou Escritório de Controle de Bens Estrangeiros (OFAC – por suas siglas originais). Segundo as pesquisas do Departamento do Tesouro, Nassereddine havia assessorado doadores do Hezbolah sobre como fazer chegar o dinheiro à organização, indicando-lhes as contas bancárias que eram usadas pelo Hezbolah. A investigação também assegurava haver comprovado que o diplomata havia se reunido com “altos funcionários” do Hezbolah no Líbano para discutir “temas operacionais”, e havia organizado viagens de militantes da organização para e desde a Venezuela. Uma dessas viagens, em 2005, segundo precisava o Tesouro, foi ao Irã para participar de um curso de treinamento. No ano seguinte, Nassereddine organizou uma visita a Caracas de dois representantes do grupo islâmico no Parlamento libanês para arrecadar fundos e coordenar a abertura de um centro comunitário e um escritório patrocinados pelo Hezbolah.

Nota: Este texto foi tomado do livro de Emili J. Blasco “Bumerán Chávez. Los fraudes que llevaron al colapso de Venezuela”.

Fonte: Mídia sem Máscara

Divulgação: Eismeaqui.com.br

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