Ressurreição Teologia

Imortalidade da alma e ressurreição

Imortalidade da alma e ressurreição
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Deixo-vos abaixo a cópia de minha apostila do ensino que dei na 1a Conferência sobre a Vinda de Cristo realizada na congregação em que faço parte..

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Deixo-vos abaixo a cópia de minha apostila do ensino que dei na 1a Conferência sobre a Vinda de Cristo realizada na congregação em que faço parte. Deixo esse material a disposição dos acadêmicos, apologistas e demais religiosos para produto de citação e estudos. Tenham bom proveito.

1. A doutrina da imortalidade da alma
Diferente de todas as outras criaturas da Terra o ser humano é contemplado por esta dádiva divina que só Deus pode dar, pois, este foi criado à imagem e semelhança de Deus. A Bíblia nos diz: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. (Gn.1.26a ARA). Por isso tem a eternidade em sua alma, Salomão escreve: “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim”. (Ec.3.11 ARA). Falar sobre este assunto torna-se importante, pois sabendo disto, o homem deve decidir onde passará sua eternidade. Muitas pessoas tentam eliminar suas vidas pensando que tudo se acaba após a morte do corpo ou que a alma fica aguardando inconsciente para ser julgada quando houver a ressurreição. Porém não sabem o mal que estão fazendo a si mesmas, pois a Bíblia nos diz que após a morte, logo em seguida vem o juízo sobre a alma: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo”. (Hb.9.27 ARA). Julgamento este que não virá após a “ressurreição”, mas após a “morte”.

Myer Pearlman (2006. P.87 livro digital), escreve: “A alma sobrevive à morte porque o espírito a dota de energia; no entanto, a alma e o espírito são inseparáveis porque o espírito está entrosado e confunde-se com a substância da alma”.

1.1 A criação do homem com alma imortal
O ser humano foi criado por Deus para que tivesse a eternidade. Essa era a proposta original. Deus fez o homem a sua imagem e semelhança. E por isso constitui-se um ser espiritual.

Louis Berkhof (1949. P.193), comenta sobre isso:

Outro elemento freqüentemente incluído na imagem de Deus é o da espiritualidade. Deus é espírito, e é simplesmente natural esperar que este elemento de espiritualidade também ache expressão no homem como imagem de Deus. E que é assim, já vem indicado na narrativa da criação do homem. Deus “lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”, Gn 2.7. O “fôlego de vida” (ou “sopro de vida”) é o principio da sua vida, e a “alma vivente” é a própria existência do homem, o seu ser. A alma está unida e adaptada a um corpo, mas também pode, se necessário, existir sem o corpo. Em vista disso, podemos falar do homem como ser espiritual e também, nesse sentido, como imagem de Deus.

Emery Bancroft (1989. P.208), escreve apropriadamente sobre a natureza humana: “A existência interminável é uma parte inseparável da herança do homem, na qualidade de criatura criada segundo a imagem e à semelhança de Deus. O homem é indestrutível. Não pode ser aniquilado”.

Eurico Bergstén (1980. P.71), disserta também sobre o assunto:

Deus é eterno (Jr.10.10), pôs a eternidade no coração do homem (Ec.3.11). A Bíblia diz: “e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente (Gn.2.7b). Assim somos sua geração (At.17.28). Todo o homem é portanto portador da eternidade dentro de si. A sua alma não pode morrer (Mt.10.28) e o seu espírito é incorruptível (1Pe.3.4). Somente o corpo do homem é mortal, porém ressuscitará um dia (At.24.15; Jo.5.28,29).

1.2 A natureza humana
Aquilo que constitui o ser humano é visto nas Escrituras como formado de dois elementos. Entretanto, sua natureza é única em seu aspecto criativo. É inexplicavelmente indivisível.
Louis Berkhof (1949. P.181), escreve:

De um lado, a Bíblia nos ensina a ver a natureza do homem como uma unidade, e não como uma dualidade consistente de dois elementos diferentes, cada um dos quais se movendo ao longo de linhas paralelas em realmente unir-se para formar um organismo único […]. Embora reconhecendo a complexa natureza humana, ela nunca a expõe como redundando num duplo sujeito no homem. Cada ato do homem é visto como um ato do homem todo. Não é a alma, e sim, o homem, corpo e alma, que é redimido em Cristo. Esta unidade já acha expressão na passagem clássica do Velho Testamento – a primeira passagem a indicar a complexa natureza do homem – a saber, Gênesis 2.7.

Quanto ao seu aspecto relacional, o ser humano possui elementos distintos, embora o Antigo Testamento não trate claramente sobre isso, porém ele fala do elemento superior e inferior. Quando se chega ao Novo Testamento encontram-se traços de sua natureza dual: espiritual e material. Falando sobre isso, Louis Berkhof (1949. P.182), diz:

É evidente que é essa a distinção presente em Gênesis 2.7. Cf. também Jó 27.3; 32.8; 33.4; Ec.12.7. Várias palavras são empregadas no Velho Testamento para indicar o elemento inferior do homem ou partes dele, como “carne”, “pó”, “ossos”, “entranha”, “rins”, e também a expressão metafórica de Jó 4.19, “casas de barro”. Há também diversas palavras que indicam o elemento superior, como “espírito”, “alma”, “coração” e “mente”. Tão logo passamos do Velho para o Novo testamento, encontramos as expressões antitéticas com que estamos mais familiarizados, como “corpo e alma”, “carne e espírito”.

a. Elemento material: Corpo.
Como pertencente ao mundo material, o homem foi criado por Deus com matéria prima terrestre. As Escrituras narram que: “Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra”. (Gn.2.7a). Sendo assim formado de “corpo”. Esse corpo tem o objetivo de se relacionar com a vida material, a existência humana em seu habitat natural.

b. Elemento espiritual: Alma e Espírito.
O ser humano como descendente de um ser espiritual que é Deus. Jesus disse: “Deus é espírito” (Jo.4.24a ARA). Deus deu-lhe um elemento espiritual para que possa se relacionar com a vida espiritual. Por isso Cristo fecha dizendo a mulher samaritana: “e importa que os seus adoradores o adorem em espírito” (idem). E é esse elemento (alma e espírito) que foi dado por Deus como parte extra da criação, uma dádiva divina: “o espírito volte a Deus, que o deu”. (Ec.12.7b ARA o grifo é nosso).

1.2.1 A indivisibilidade do elemento alma e espírito / psukhe te pneuma
As Escrituras vão dizer: “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito”. (Hb.4.12a ARA). Esse texto além de revelar que a Palavra de Deus sonda todo do ser humano, ela também encontra a “divisão, separação ou repartição” que há entre alma e espírito. Definição do léxico grego da palavra que se encontra no Novo Testamento grego: “merismou”; de onde o verso supracitado é traduzido da sentença: “merismou psukhes te kai pneumatos”. Enfim, o autor da carta aos hebreus dar a entender que há uma indivisibilidade entre alma e espírito. Por isso a dificuldade teológica entre os pensamentos dicotômico e tricotômico da natureza humana.

Na continuidade do verso supracitado, o autor da carta aos hebreus compara a relação “alma e espírito” ao corpo, composto de: “juntas e medulas”. Que anatomicamente falando são elementos distintos, mas que unidos compõe o corpo humano trazendo-lhe o equilíbrio perfeito. Assim, ocorre no elemento espiritual que compõe o ser humano. Entretanto, esses sub-elementos são apenas distinção, não divisão. Uma semelhança do ser humano com o seu Criador, que é eternamente subsistente em três pessoas. Quando fala da Trindade, João Calvino (2003. P.145,146), escreve:

TRÊS PESSOAS: DISTINÇÃO, NÃO DIVISÃO. Por outro lado, também nas Escrituras se evidencia certa distinção do Pai em relação ao Verbo; do Verbo em relação ao Espírito; em cuja investigação, entretanto, a própria magnitude do mistério nos adverte de quão grande reverência e comedimento se deve aplicar.

1.3 A morte
O apóstolo Paulo cita uma frase muito conhecida por todos os cristãos: “porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”. (Rm.6.23). A revelação bíblica nos apresenta a morte como uma conseqüência do pecado. Essa conclusão não é difícil de se chegar. Além das palavras desse trecho bíblico temos outros mais. (cf. Gn.3.19; Rm.5.12; Lm.3.39).

Na Bíblia a palavra “morte” se refere a “separação da alma do corpo” (cf. 2Co.5.1; 2Pe.1.14; Lc.12.20; Hb.12.22,23; Ec.12.7). E também se refere num sentido espiritual como uma “separação ou quebra da comunhão com Deus e afastamento da Sua glória”. (cf. Rm.3.23; Ef.2.1). Observando em Gênesis 2.17 a advertência divina: “mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (ARA). Nota-se que tal palavra não faz apenas referência a morte do corpo, mas da morte espiritual e no porvir a morte eterna (diz-se “segunda morte”). Em virtude de não ter Adão morrido após comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, mas vindo falecer muitos anos depois (cf. Gn.5.5), entende-se que Deus não se referia apenas a morte física de Adão.

O apóstolo Paulo descreve a morte eterna em Romanos 6.23. Ele usa a figura de linguagem da antítese contrapondo “morte” com “vida eterna”, obviamente tratando da morte como também eterna, por ser o homem em sua natureza composto de um elemento espiritual imperecível ou imortal. (cf. também: Dn.12.2; 2Ts.1.9 e Mc.9.43).

Louis Berkhof (1949. P.664), faz uma explanação apropriada sobre a morte quando escreve:

A Bíblia contém algumas indicações instrutivas quanto à natureza da morte física. Fala desta de várias maneiras. Em Mateus 10.28 e Lucas 12.4, fala-se dela como a morte do corpo, em distinção da morte da alma (psuche). Ali o corpo é considerado como um organismo vivo, e a psuche é evidentemente o pneuma do homem, o elemento espiritual que constitui o princípio da sua vida natural. Este conceito da morte natural também está subjacente à linguagem de Pedro em 1 Pedro 3.14-18. Noutras passagens é descrita como o término da psuche, isto é, da vida animal, ou como a perda desta (Mt 2.20; Mc3.4; Lc 6.9; 14.26; Jo 12.25; 13.37, 38; At 15.26; 20.24; etc.). E, finalmente, também é descrita como separação de corpo e alma, Eclesiastes 12.7 (comp. Gn 2.7); Tiago 2.26, idéia também básica em passagens como João 19.30; Atos 7.59; Filipenses 1.23. Conferir também o emprego de êxodos (“partida”) em Lucas 9.31; 2 Pedro 1.15, 16. Em vista disso tudo, pode-se dizer que, de acordo com a Escritura, a morte física é o término da vida física pela separação de corpo e alma. Jamais uma aniquilação, apesar de algumas seitas descreverem a morte dos ímpios como tal. Deus não aniquila coisa alguma de Sua criação. A morte não é uma cessação da existência, mas uma disjunção das relações naturais da vida. A vida e a morte não são antagônicas entre si como ocorre com a existência e a não existência, mas são mutuamente opostas somente como diferentes modos de existência […] A morte é um rompimento das relações naturais da vida. Pode-se dizer que o pecado é (por si mesmo) morte, porque representa um rompimento das relações vitais do homem, criado à imagem de Deus, com o seu Criador. Significa a perda dessa imagem e, conseqüentemente, perturba todas as relações da vida. Este rompimento também se dá na separação de corpo e alma, chamada morte física.

Também Bruce Marino (1996. P.296, 297), disserta também sobre o assunto:

A morte (heb. maweth, gr. thanatos) teve sua origem no pecado, e é o resultado final do pecado (Gn.2.17; Rm.5.12-21; 6.16,23; 1Co.15.21,22,56; Tg.1.15). É possível distinguir entre a morte física e a espiritual (Mt.10.28; Lc.12.4). A morte física é uma penalidade ao pecado […]. Os não-salvos vivem na morte espiritual (Jo.6.50-53; Rm.7.11; Ef.2.1-6; 5.14; Cl.2.13;1Tm.5.6; Tg.5.20; 1Pe.2.24; 1Jo.5.12) que é a derradeira expressão da alienação entre alma e Deus […]. A morte espiritual e a morte física estão associadas e serão plenamente realizadas após o juízo final (Ap.20.12-14). Embora Deus tenha ordenado o triste fim dos pecadores […] [cf. Mt.25.41; Ap.21.8], este fim não lhe dá prazer (Ez.18.23; 33.11; 1Tm.2.4; 2Pe.3.9).

1.4 Ensinos controversos sobre a morte:
Torna necessária uma dissertação sobre alguns ensinamentos que trazem controvérsias quando o assunto é morte. E que precisam de uma resposta bíblica e exegética.

a. A problemática da tradução da morte como dormir
A maioria das traduções da Bíblia para o português ainda insistem em traduzir as palavras gregas “koimao” e “katheudo” para o verbo “dormir”, deixando todo o critério exegético para os leitores e estudantes da Bíblia. Entretanto, a Bíblia Almeida XXI nos fez esse favor. Por exemplo, a famosa passagem de Paulo quando escreve: “Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, também devemos crer que Deus, por meio de Jesus, vai trazer juntamente com ele os que já faleceram”. (1Ts.4.14 AXXI). Isso porque as palavras gregas citadas anteriormente definem o verbo “dormir” também como uma metáfora de “morrer”. E como “eufemisticamente, estar morto”. Recorrer à interpretação literal dessas palavras gregas sugere uma possibilidade estranha de “sono da alma”. Entretanto, a alma não tem necessidade de sono. O corpo sim.

Ainda que se interprete o “dormir” como inconsciência ou inatividade da alma após a morte do corpo seria uma conclusão apressada. No livro Série Apologética (2002. P.31), refuta essa interpretação escrevendo:

O espírito se separa do corpo na hora da morte e continua a viver consciente de si mesmo e com todas as faculdades depois da morte, seja ímpio ou justo. Quando é cristão vai estar com Cristo no céu: 2Co.5.6-8; Fp.1.21-23; Lc.23.43; At.7.59; 2Co.12.2-4 c.c. At.14.19; Hb.12.23; Ap.6.9-11. Se é ímpio vai para o Hades estar em tormento – Lc.16.22; 2Pe.2.17.

Raimundo de Oliveira (1997. P.75), contesta também dizendo:

As expressões dormir e sono, usadas na Bíblia para tipificar a morte falam da indiferença dos mortos para com os acontecimentos normais da Terra e nunca para com aquilo que faz parte do ambiente onde estão as almas desencarnadas. Assim como o subconsciente continua ativo enquanto o corpo dorme, a alma do homem não cessa sua atividade quando o corpo morre. A palavra de Cristo na cruz ao ladrão arrependido: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc.23.43), é uma prova da consciência da alma imediata após a morte. No momento da transfiguração de Cristo, Moisés não estava inconsciente e silencioso enquanto falava com Cristo sobre sua morte iminente (Mt.17.1-6).

b. A morte como parte da vida
Para alguns ligados ao materialismo, bem como ao espiritualismo oriental, a morte é vista como parte da vida, e por isso é tão natural quanto nascer, crescer ou ter filhos. Na revista Super Interessante, a escritora Maria Vomero (2002), diz:

A morte faz parte da vida. Todos começamos a morrer exatamente no dia em que nascemos. A morte, portanto, é uma etapa da nossa existência com a qual temos que conviver. Pode-se conviver melhor ou pior com ela. Mas não se pode evitá-la. Pode-se aceitar a sua inevitabilidade e olhá-la de frente. Ou pode-se negá-la, fugir dela, imaginar que não pensar na morte possa fazer com que ela deixe de acontecer com você ou com a sua família. Mas o fato é que todos nós estamos programados para nascer, crescer e morrer.

Esse pensamento omite toda a verdade, pois quando o homem foi criado por Deus, sua vida material ou corporal ficou associada intimamente a árvore da vida. O ensino das Escrituras nos revela que depois da queda, Deus não permite que o homem fique comendo da árvore da vida para não lhe trazer imortalidade (cf. Gn.3.22-24).

John Macarthur (2010. P.19), comentando em sua Bíblia de Estudo sobre a árvore da vida citada em Gênesis 2.9 escreve: “Uma árvore real, com propriedades especiais de sustentar a vida eterna. Estava plantada no centro do jardim, onde deve ter sido vista por Adão, e cujos frutos ele possivelmente comeu, sustentando assim a vida (2.16)”.

Donald Stamps (1995. P.35), comentando na Bíblia Estudo Pentecostal, também diz: “A árvore da vida provavelmente tinha por fim impedir a morte física. É relacionada com a vida perpétua”.

Na Bíblia de Estudo King James Atualizada (2012. P.34), reitera no comentário do mesmo trecho: “A intenção de Deus sempre foi proporcionar vida plena e eterna aos filhos (Jo.10.10), por isso a ‘árvore da vida’ era franqueada ao consumo de Adão e sua mulher (3.22; Ap.2.7; 22.2,14)”.

O Dr. Martyn Lloyd-Jones (1999. P.79), descarta totalmente a morte ser parte da vida, mas que a morte é consequência do pecado. Assim como teria vida eterna se não houvesse pecado:

De acordo com a Bíblia, a morte não faz parte da vida, não é algo inerente dela, e sim, é o castigo devido ao pecado. Foi introduzida por causa do pecado. Descobriremos isso em Gênesis 2.17 […]. Achamos o mesmo ensino em Gênesis 3.19. E o achamos no Novo Testamento, em Romanos, capítulo 5, onde o apóstolo Paulo mostra que a morte entrou em virtude do pecado de Adão […] (v.12). Vejam vocês que a morte veio através do pecado. Há outra declaração muito importante do mesmo ensino na Epístola de Tiago […] (Tg.1.14,15). Portanto, o ensino bíblico é que a morte foi introduzida como castigo de Deus por causa do pecado. Não existia morte até que o homem pecou, e jamais existiria a morte se o homem não tivesse pecado. Eis aqui um princípio bíblico vital, e ele contraria totalmente a popular filosofia moderna que domina o ensino da vasta maioria das pessoas.

Portanto, a imortalidade do corpo estava associada à árvore da vida e o homem foi criado para viver. Se caso esse obedecesse a Deus, jamais perderia o contato com a árvore da vida, consequentemente, jamais morreria. Por isso, está escrito: “O SENHOR Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden, […] E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden […] para guardar o caminho da árvore da vida”. (Gn.3.23,24 ARA).

A árvore da vida é um símbolo dado por Deus para nos dizer que sem ele não temos vida. Algo semelhante disse Jesus: “Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”. (Jo.15.5 ARA).

c. A morte como aniquilamento da essência humana
Para o ateísmo, a morte é vista apenas como fim de uma existência. Nega-se qualquer possibilidade de um elemento espiritual no ser humano. Que inclusive, a seita intitulada de As Testemunhas de Jeová, segue os mesmos princípios ateístas quando em seu livro “Seja Deus Verdadeiro” – autor desconhecido, produzido pela seita (1949. P.56), diz:

Os cientistas e cirurgiões chegaram à conclusão de que o homem é apenas uma forma mais elevada de vida animal, tendo um organismo mais complexo e capaz de exercitar faculdades acima das de qualquer das outras formas de vida animal. Não foram capazes de encontrar no homem nenhuma prova determinante de imortalidade. Não podem encontrar nenhuma evidência indicativa de que o homem possui uma alma imortal.

Realmente, por meio da razão, não há como se provar a existência da alma. Nem muito menos a existência de Deus, anjos, demônios, que são também seres espirituais. É de se admirar como uma “religião” toma a “razão” como base de sua crença. Deixa transparecer nas palavras ditas do livro da seita uma espécie de “ateísmo disfarçado”. Faz um desserviço a religião.

Como foi dito anteriormente, o ser humano obteve o elemento material, o corpo, para se relacionar com o mundo físico. Porém, o elemento espiritual, lhe foi dado para se relacionar com o divino, com o espiritual. Portanto, o elemento espiritual jamais vai oferecer qualquer evidência física, material de sua existência.

d. A mortalidade da alma
No livro “Seja Deus Verdadeiro” – autor desconhecido, produzido pela seita intitulada de As Testemunhas de Jeová (1949. P.60), diz:

Que a alma é mortal pode ser provado amplamente pelo estudo cuidadoso das Escrituras. Uma alma imortal não pode morrer, porém a Palavra de Deus, em Ezequiel 18.4 reza, “Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá”. Há cinqüenta e quatro textos nas Escrituras Hebraicas onde a palavra nefex (alma) se refere ao homem e mostra que a alma pode ser destruída ou morta. Um exemplo disto acha-se em Josué 10.28-39. Ali há sete casos em que se fala da alma como sendo ferida, morta ou destruída.

Ora, dentro da escatologia, todo assunto que envolve mortalidade, sempre se referiu ao corpo, tanto no Antigo Testamento como no Novo. Não se mata a alma. Está escrito: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo”. (Mt.10.28 ARA). Ignorar esse texto e a realidade do inferno, como faz a seita As Testemunhas de Jeová é ter que admitir que Deus faça o serviço de sepultamento. E isso, qualquer ser humano pode fazer.

O homem é mortal quanto ao corpo (cf. Rm 6.12). Não existe uma referência bíblica que use a expressão “alma mortal”, porém, sim, “corpo mortal”. Provas bíblicas sobre a imortalidade da alma: Pelo testemunho geral das Escrituras, a alma sobrevive após a morte do corpo (cf. Ec.12.7; Lc.16.22-24; 23.43; Ap.6.9,10).

As passagens bíblicas citadas pelo livro anônimo da seita foram interpretadas com base em um único significado: “alma”. Porém, a palavra hebraica “nephesh” não se refere somente ao elemento imaterial ou espiritual do ser humano chamado de “alma”. Mas, ao ser humano completo: “o indivíduo, vida, criatura, pessoa”. Com certeza foi uma interpretação tendenciosa e descomprometida com o léxico hebraico. O que Ezequiel quis dizer no referido trecho é que a “vida, pessoa, indivíduo” que pecar esse morrerá. O mesmo fez com a passagem citada de Josué. Além do mais, o que prova que a exegese da citada passagem de Ezequiel não deve ser de “alma” literal, é que quando o ser humano peca, ele peca integralmente (corpo e alma), e não apenas a sua alma. Portanto, Ezequiel se refere ao “indivíduo, vida, criatura, pessoa”, ao ser humano que pecar, esse morrerá. Evidentemente, Josué refere-se a pessoas no texto mencionado pela seita.

Igualmente A seita dos Adventistas do Sétimo Dia escreve: “O que o homem possui é o fôlego da vida (o que dá animação ao corpo), que lhe é retirado por Deus, quando expira. E o fôlego é reintegrado ao ar, por Deus. Mas não é entidade consciente ou o homem real como querem os imortalistas”. (1965. P.217).

Ora, o que é o “fôlego da vida”? Quando a Bíblia diz: “Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gn.2.7 ARA). Temos aqui uma expressão literal? Obviamente não, pois, Deus não tem pulmões e nem boca para soprar. Então, é incoerente a declaração adventista acima. O que Deus colocou no homem não foi vento, ar. Ele colocou um elemento espiritual. A palavra hebraica determinada para esse trecho onde se traduz “fôlego” é “neshamah”, definida no léxico hebraico como “respiração, espírito”. O contexto bíblico vai determinar ao que se refere a palavra. Se é uma mera respiração (no caso dos animais. Cf. Gn.7.22) ou se um elemento espiritual inorgânico, imortal, pertencente a Deus que o deu, conforme relata Gênesis 2.7. O interessante que a Bíblia diz em outra parte: “e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec.12.7b ARA). Como um vento, elemento material, pode voltar para Deus, que é espírito? A declaração do livro adventista de que “o fôlego é reintegrado ao ar” é uma conjectura sem base bíblica.

No livro Desmascarando as Seitas (2002. P.18), Natanael Rinaldi e Paulo Romeiro escrevem: “substitua, nas seguintes referências, a palavra espírito por ‘fôlego’ ou ‘sopro’, e veja o resultado: Marcos 2.8; Atos 17.16; João 13.21; 2Coríntios 7.1; 1Pedro 3.4; Mateus 26.41”.

Alguns citam 1Timóteo 6.16 que diz: “o único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver. A ele honra e poder eterno. Amém!” (ARA). Ora, o verbo aqui está conjugado como “ter” imortalidade e não como “ser” imortal. Sugere a interpretação de que a imortalidade é pertencente somente a Deus, mas não sugere que somente Deus é imortal, se fosse assim, o texto diria. No caso, o verbo grego presente no texto não seria “ekho” (sig. “ter, segurar, possuir, segurar mesmo algo”), mas “esti” (sig. “ser ou estar”).

2. A doutrina da ressurreição
Toda a fé Cristã fundamenta-se na ressurreição dos mortos. Paulo escreve:

E, se não há ressurreição de mortos, então, Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé; e somos tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é certo que os mortos não ressuscitam. (1Co.15.13).

Embora o Antigo Testamento fale muito pouco sobre ressurreição dos mortos quanto ao porvir. O Novo Testamento explana satisfatoriamente. Sobre isso, o Dr. Martyn Lloyd-Jones (1999. P.274), vai dizer:

O apóstolo Paulo o expressa em 2 Timóteo 1.10. Foi o próprio Senhor Jesus Cristo, por meio de sua ressurreição, que ‘aboliu a morte’, a pôs fora de funcionamento, por assim dizer, e ‘trouxe à luz a vida e a imortalidade através do evangelho’. O fato estava ali, o fato era conhecido, mas nosso Senhor as trouxe à luz. Portanto, é de se esperar que o ensino sobre ressurreição fosse muito mais claro no Novo do que no Velho Testamento.

De fato, em Jesus todo o poder da morte foi destruído, trazendo esperança para uma humanidade decaída de seu estado original (cf. Rm.6.23; 1Co.15.3-8; Lc.24.1-12; At.1.1-3; Ap.1.10,17-18). Ele disse sobre sua igreja: “[…] edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. (Mt.16.18 ARA). O comentarista bíblico escreve sobre essas palavras de Cristo: “as ‘portas do Hades’ significam ‘os poderes da morte’ e todas as forças opostas a Cristo”. (KJA – edição estudo, 2012. P.1788). A morte não terá poder sobre a igreja. Quando Cristo vier, os cristãos que morreram ressurgirão para a vida eterna.

Cristo não afirmaria isso sem que não realizasse sua própria ressurreição dentre os mortos e consequentemente sua vitória sobre a morte. Por isso, Paulo escreve: “Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda”. (1Co.15.23) e ainda: “Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia”. (Cl.1.18 ARA). E também João escreve: “e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados”. (Ap.1.5 ARA). Os termos “primícias” e “primogênito” dentro de seus respectivos contextos trazem a conotação de “primeiro fruto” e “primeiro de uma série”.

Todos os cristãos que já morreram em Cristo, termo representativo de todos os que estão em Cristo (cf. Rm.8.1 e 2Co.5.17), vão ressurgir. Conforme 1Tessalonicenses 4.13-18; 1João 3.2; Apocalipse 20.4; João 11.25; 1Coríntios 15.52; etc.

2.1 A ressurreição como milagre
Muitas pessoas foram ressuscitadas na Bíblia. Exemplos: O filho da viúva em Serepta (1Rs.17.17-24); o filho da sunamita (2Rs.4.32-37); Lázaro (Jo.11.38-44); o filho da viúva em Naim (Lc.7.11-15); etc. Entretanto, todas vieram a morrer posteriormente. Seria como uma amostra daquilo que ocorrerá na eternidade. Nesse caso, a ressurreição tem uma conotação de cura temporal da morte. Assim, a ressurreição é o retorno do espírito e alma ao corpo mortal.

2.2 A ressurreição para a glorificação do corpo
Dentro da escatologia bíblica, ressurreição é o retorno do espírito e alma ao corpo agora imortal, que chamamos de “corpo glorificado”. Conclusão que nasce do texto bíblico que diz: “Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória”. (1Co.15.42 ARA).

Os mortos em Cristo ressuscitarão com corpos imortais, incorruptíveis, novos, mas idênticos ao que tinham. Sobre isso, Louis Berkhof (1949. P.718,719), escreve:

A Escritura deixa perfeitamente evidente que o corpo passará por grande mudança. O corpo de Cristo ainda não fora plenamente glorificado durante o período de transição entre a ressurreição e a ascensão; contudo, já sofrera notável transformação. Paulo se refere à transformação que terá lugar, quando diz que ao semearmos a semente, não semeamos o corpo que virá a existir; não tencionamos retirar a mesma semente da terra. Todavia, esperamos colher uma coisa que, no sentido fundamental, é idêntica à semente depositada no solo. Conquanto haja uma certa identidade entre a semente semeada e as sementes que dela se desenvolvem, todavia há também uma diferença notável. Nós seremos transformados, diz o apóstolo, “porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade”. Também diz: “Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual”. Transformação não é incoerente com retenção da identidade.

Stanley Horton (P.615), também faz a comparação entre semente e planta falando sobre a diferença do corpo atual para o corpo ressurreto em glória:

A ressurreição de Cristo mediante o Espírito é, portanto, a garantia de que seremos ressuscitados e transformados de tal maneira que nosso corpo ressuscitado será imortal e incorruptível (1Co.15.42-44,47,48,50-54). […]. Nosso corpo ressurreto será semelhante ao seu (Fp.3.21; 1Jo.3.2). Embora Deus tenha criado a humanidade à sua semelhança, e que a imagem divina no homem haja continuado a existir mesmo depois da queda (Gn.9.6), somos informados de que Adão “gerou um filho à sua semelhança, conforme sua imagem” (Gn.5.3). Por isso, Paulo diz: “Assim como trouxemos a imagem do [homem] terreno, assim traremos também a imagem do [homem] celestial” (1Co.15.49). Nosso novo corpo será tão diferente do atual quanto a planta é diferente da semente (1Co,15.37).

De acordo com a Bíblia, o corpo que possuímos é moralmente humilhante, e sujeito a morte e as enfermidades. Por isso, falando sobre a vinda de Cristo, o apóstolo Paulo escreveu: “o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas”. (Fp.3.21).

A ressurreição do corpo é a consumação da obra de redenção humana. Se não houvesse ressurreição do corpo a missão de Cristo de destruir as obras do diabo ficaria inacabada. O Dr. Martyn Lloyd-Jones (1999. P.282), explica:

Quando Adão e Eva pecaram, o efeito do pecado constituiu em fazer algo ao seu espírito, à sua alma e ao seu corpo. A pessoa toda foi atingida. Quando caíram, caíram em todas as suas partes, inclusive o corpo, e portanto, para ser completa, a salvação deve incluir tanto o corpo quanto a alma e o espírito. Se não, as obras do diabo não teriam sido desfeitas. Cristo, nos informa João em sua Primeira Epístola, veio ‘para destruir as obras do diabo’ (1Jo.3.8). Por isso Cristo há de redimir o corpo, e Ele assim o fará.

Mais adiante (P.285), o mesmo autor também diz:

O corpo da ressurreição será glorioso: “Semeia-se em ignomínia, é ressuscitado em glória”. (v.43). A expressão de Paulo, “nosso corpo vil”, em Filipenses 3.21, também pode ser traduzido “este corpo da humilhação”. Não existe nada glorioso sobre nossos corpos, existe? Somos pobres espécimes fisicamente. É o resultado do pecado. Sim, mas quando ressuscitarmos seremos semelhantes a Ele, com um corpo portentosamente glorioso, semelhante ao corpo de Sua glorificação. Somos informados que o corpo ressurreto será um corpo poderoso: “Semeia-se em fraqueza; é ressuscitado em poder” (v.43). Repito, que coisa grandiosa! […] Somos por demais fracos; por demais débeis. Mas o corpo “ressuscitará em poder”. Será cheio de poder, sem nenhum vestígio de fraqueza.

2.3 A ressurreição para a condenação eterna e para a vida eterna
A Palavra de Deus nos diz: “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno”. (Dn.12.2). A ressurreição dos mortos tem um papel decisivo na vida da humanidade. Jesus, em sua vinda, trará juízo sobre os homens. E nesse advento, nem os mortos deixarão de ser julgados. A Bíblia nos diz: “Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino”. (2Tm.4.1 ARA). “os quais hão de prestar contas àquele que é competente para julgar vivos e mortos”. (1Pe.4.5 ARA). “Isso acontecerá no dia em que Deus julgar os segredos dos homens, mediante Jesus Cristo, conforme o declara o meu evangelho”. (Rm.2.16 NVI). “Isso acontecerá quando o Senhor Jesus for revelado lá do céu, com os seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes. Ele punirá os que não conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Eles sofrerão a pena de destruição eterna, a separação da presença do Senhor e da majestade do seu poder. Isso acontecerá no dia em que ele vier para ser glorificado em seus santos e admirado em todos os que creram, inclusive vocês que creram em nosso testemunho”. (2 Ts.1.7-10 NVI).

Dwight Pentecost (1998. P.407,408), fala sobre essa situação dos mortos na vinda de Cristo:

Nas Escrituras dois tipos de ressurreição são previstos pelo plano de ressurreição de Deus: a ressurreição para a vida e a ressurreição para o juízo. A ressurreição para a vida. Há uma série de passagens que ensinam essa parte característica do plano de ressurreição (Lc.14.13,14; Fp.3.10-14; Hb.11.35; Jo.5.28,29; Ap.20.6). Essas referências mostram que há uma parte do plano da ressurreição chamada “a ressurreição dos justos”, a “ressurreição dentre os mortos”, “uma superior ressurreição”, “a ressurreição da vida”, e “a primeira ressurreição”. Tais expressões levam a crer que há uma separação; a ressurreição de parte dos que estão mortos, a qual deixa inalterada a condição de alguns mortos, enquanto os vivificados sofrem uma transformação completa […]. A ressurreição para a condenação. As Escrituras antecipam outra parte do plano da ressurreição que trata dos incrédulos. Essa é a segunda ressurreição, ou a ressurreição para a condenação (Jo 5.29; Ap 20.5, 11- 13).

Louis Berkhof (1949. P.719), joga mais luz sobre o assunto escrevendo:

De acordo com Josefo, os fariseus negavam a ressurreição dos ímpios. A doutrina do extincionismo e a da imortalidade condicional, ambas as quais, ao menos nalgumas de suas formas, negam a ressurreição dos ímpios e ensinam a sua aniquilação, doutrina abraçada por muitos teólogos, também encontrou guarida em seitas como o adventismo e a “aurora do milênio”. Acreditam na extinção total dos ímpios. Às vezes se faz a asserção de que a Escritura não ensina a ressurreição dos ímpios, mas isso é patentemente errôneo, Dn 12.2; Jo 5.28, 29; At 24.15; Ap 20.13-15. Ao mesmo tempo, deve-se admitir que a ressurreição deles não ocupa lugar proeminente na Escritura. Claramente se vê que o aspecto soteriológico da ressurreição está em primeiro plano, e esta pertence unicamente aos justos. Estes, em contraste com os ímpios, são os únicos que tirarão proveito da ressurreição.

2.4 Falsos ensinos sobre a ressurreição
Não poderia deixar em branco aqui uma refutação às falácias que tanto circulam a igreja e até mesmo dentro dela, quando o assunto é ressurreição dos mortos. Por isso seguem abaixo alguns desses ensinos que estão fora da ortodoxia bíblica.

a. A ressurreição kardecista
Allan Kardec sustentava a opinião de que a ressurreição era a mesma coisa que reencarnação e tinha umas interpretações equivocadas da Bíblia. Eu seu livro (2002. P.98,99) ele diz:

A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição […] Designavam pelo termo ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação. Com efeito, a ressurreição dá idéia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos. A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo. A palavra ressurreição podia assim aplicar-se a Lázaro, mas não a Elias, nem aos outros profetas. Se, portanto, segundo a crença deles, João Batista era Elias, o corpo de João não podia ser o de Elias, pois que João fora visto criança e seus pais eram conhecidos. João, pois, podia ser Elias reencarnado, porém, não ressuscitado.

Temos aqui uma interpretação precipitada do texto bíblico e uma leitura superficial sobre o conceito judaico de ressurreição. Josh McDowell e Don Stewart (1996. P.119.120) dão uma melhor informação sobre a crença judaica quanto a ressurreição dos mortos:

Uma das figuras da história judaica foi Moses Maimonides, um judeu espanhol que viveu no século XII d.C. Pensador sistemático, Maimonides procurou condensar as crenças básicas do judaísmo, sob a forma de credo. Embora criticado depois por alguns, seu credo continua sendo seguido pelas formas tradicionais do judaísmo. Esse credo é expresso através de treze crenças fundamentais: […] Creio, com perfeita fé, que haverá o reavivamento dos mortos, no tempo em que isso agrade ao Criador – Bendito seja o Seu nome, e exaltada seja a Sua fama para todo sempre. Espero pela tua salvação, ó Senhor.

Para os judeus, a ressurreição ou reavivamento dos mortos, sempre fez parte de suas crenças. Allan Kardec foi tendencioso, como faz em todo o seu texto desta sua obra (O Evangelho Segundo o Espiritismo). Raimundo de Oliveira (1997. P.46) contesta Kardec dizendo:

A Bíblia jamais faz qualquer referência à palavra “reencarnação”, tampouco confunde-a com a palavra “ressurreição”. Segundo o dicionário Escolar da Língua Portuguesa, de Francisco da Silveira Bueno, “reencarnação é o ato ou efeito de reencarnar, pluralidade de existências com um só espírito”; enquanto que a palavra “ressurreição”, no grego, é “anastasis” e “egersis”, ou seja: levantar, erguer, surgir, sair de um local ou de uma situação para outra. No latim, “ressurreição” é o ato de ressurgir, voltar à vida, reanimar-se. Biblicamente, entende-se o termo “ressurreição” como o mesmo que ressurgir dos mortos, e, em linguagem mais popular, união da alma e do espírito ao corpo, após a morte física.

Percebe-se na citação da obra de Kardec que ele reconheceu a ressurreição de Lázaro, mas quando vai falar de Elias, tropeça na desinformação bíblica sobre esse profeta quando conjectura que ele havia ressuscitado com o nome de João Batista. E faz assim uma defesa a reencarnação alegando que João Batista era na verdade a reencarnação de Elias. Kardec vai mais longe nessa imaginação quando escreve:

A idéia de que João Batista era Elias e de que os profetas podiam reviver na Terra se nos depara em muitas passagens dos Evangelhos, notadamente nas acima reproduzidas (nos 1, 2, 3). Se fosse errônea essa crença, Jesus não houvera deixado de combatê-la, como combateu tantas outras. Longe disso, ele a sanciona com toda a sua autoridade […] ELE MESMO é o Elias que há de vir. Não há aí figura, nem alegoria: é uma afirmação positiva. (2002. P.100,103).

Raimundo de Oliveira novamente vai contestá-lo escrevendo:

Um dos conceitos de hermenêutica mais conhecido é aquele que diz que a Bíblia interpreta-se a si mesma. Portanto, somos impedidos de lançar mãos de recursos alheios ao espírito bíblico para interpretar o mais simples dos seus ensinos. A Bíblia mesma dá respostas às suas indagações. À pergunta: – João Batista era Elias reencarnado ou não? Ele mesmo responde a esta indagação, dizendo: – “Não sou” (Jo.1.21). (1997. P.49).

Além do mais, as Escrituras nos dizem que Elias foi transladado (arrebatado), obviamente ele não morreu. O que torna inaplicável a ideia de que Elias reencarnou em João Batista. Pelo visto, Kardec não leu a referência bíblica:

Então, Elias tomou o seu manto, enrolou-o e feriu as águas, as quais se dividiram para os dois lados; e passaram ambos em seco. Havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que eu te faça, antes que seja tomado de ti. Disse Eliseu: Peço-te que me toque por herança porção dobrada do teu espírito. Tornou-lhe Elias: Dura coisa pediste. Todavia, se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará; porém, se não me vires, não se fará. Indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho. (2Rs.2.8-11 ARA).

Igualmente, Kardec não entendeu o que Jesus quis dizer quando disse sobre João Batista: “ele mesmo é Elias, que estava por vir”. (Mt.11.14b ARA). Essa passagem é uma referência a profecia do livro do profeta Malaquias quando disse: “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição”. (Ml.4.5,6 ARA). Evidentemente, o povo de Israel aguardava Elias voltar e não ressurgir dos mortos, nem muito menos reencarnar.

Enfim, a ressurreição jamais foi vista como reencarnação. São doutrinas divergentes na teologia. Uma, provem da cultura judaico-cristã e outra vem do hinduísmo e demais crenças orientais.

b. A ressurreição neo-ortodoxa
Para que não seja impercebível, a “neo-ortodoxia” também é conhecida como “teologia contemporânea”, como “neo-liberalismo teológico”, como “neomodernismo teológico” ou como “teologia da crise”. Também, seu pensamento teológico deu origem ou é influente em algum assunto em muitas outras teologias. Por exemplo: teologia da libertação, teologia da missão integral, movimento de cura interior, teologia existencial, teísmo aberto ou teologia relacional, movimento igreja emergente, ortodoxia generosa e os sem igrejas ou “desigrejados”.

A concepção neo-ortodoxa de ressurreição está associada ao pensamento de Karl Barth. Teólogo suíço, nascido em 1886, e que morreu em 1968. Aos 82 anos de idade. Ao falar sobre a ressurreição de Cristo, escreve: “Deixou para trás a morte! ‘Ressuscitado de entre os mortos, ele já não morre mais’. Precisamente porque a sua ressurreição não é um acontecimento histórico, não é material”. (2008. P.314). Para Barth a ressurreição de Cristo não foi um acontecimento histórico. Isso porque argumentava que, se a ressurreição de Cristo não tinha como ser comprovada, deveria se resumir na pregação da igreja e não no relato histórico. No livro Teologia Contemporânea, o autor William Hordern (p.115) retrata bem essa questão quando fala do pensamento de Rudolf Bultmann, outro teólogo neo-ortodoxo:

O Cristo ressurreto nos vem mediante as palavras da pregação e convoca-nos à fé. Não há meio pelo qual a história possa dar provas da ocorrência da ressurreição. Do mesmo modo como não posso provar a quem disso duvide que meu amigo é sincero comigo, pois só posso perceber a sinceridade de meu amigo no relacionamento das autênticas amizades, assim também ninguém pode provar definitivamente que Jesus ressuscitou de entre os mortos. Podemos somente encontrar o Cristo ressurreto na pregação que a Igreja faz neste mundo.

E assim, a neo-ortodoxia vai criando a sua concepção de ressurreição negando sua realidade histórica e se focando na mensagem da igreja sobre a ressurreição. Daí, quando vamos falar da ressurreição dos mortos, o que podemos esperar dentro da neo-ortodoxia? Raimundo de Oliveira escreve: “Segundo a teologia neomodernista, a palavra “ressurreição” na Bíblia, nada tem haver com a ressurreição do homem da morte física. De fato, Barth ensina que a ressurreição já aconteceu”. (1997. P.134,135). Isso porque para Barth a “escatologia nada tem haver com o futuro, e que a segunda vinda de Cristo não é nenhum acontecimento futuro. Ensina que esperar pela vinda do Senhor é tornar a nossa situação real tão ansiosamente como ela realmente é”. Escreve Raimundo de Oliveira (idem). Por isso Barth vai dizer:

Não é o RETORNO GLORIOSO que tarda, mas o nosso despertamento. Se acordássemos, se nos recordássemos, se completássemos o passo que vai do tempo não qualificado ao tempo qualificado, se nos assustássemos por estarmos a todo momento, (quer queiramos quer não) no ponto limite extremo, à beira do INSTANTE [que pode ser o do retorno glorioso de Jesus Cristo]; se, estando nesse limite, ousássemos amar o “DESCONHECIDO”, se reconhecêssemos e apreendêssemos o principio do fim, então verdadeiramente, nem esperaríamos esse “fim do mundo” resplandecente ou catastrófico [fazendo coro] com os mais excitados [emotivos ou neuróticos] nem acompanharíamos a piedade (ou a religiosidade) da inabalável [racional e não emotiva] cultura protestante, consolada com o FIM que não vem. (2008. P.767).

Uma teologia que trás um desserviço a fé. Não tem como negar que Barth e demais teólogos da neo-ortodoxia querem preferidamente ser amistosos com a opinião secular. Esquecem-se das sábias palavras: “Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”. (Tg.4.4b).

Raimundo de Oliveira (1997. P.136) escreve:

A ressurreição de Cristo foi um fato histórico e real. Após ressurreto Ele foi visto: a. pelos guardas do sepulcro (Mt.28.11-23); b. por Maria Madalena (Jo.20.16); por dez dos seus discípulos (Jo.20.19-23); por Tomé (Jo.20.26-29); por sete dos seus discípulos (Jo.21.1-14); por Simão Pedro (Jo.21.15-19); por mais de quinhentos irmãos (1Co.15.6).

O apóstolo Paulo havia lhe dado com pessoas assim como Barth em sua época e sobre eles escreveu: “Além disso, a linguagem deles corrói como câncer; entre os quais se incluem Himeneu e Fileto. Estes se desviaram da verdade, asseverando que a ressurreição já se realizou, e estão pervertendo a fé a alguns”. (2Tm.2.17,18).

Raimundo de Oliveira (1997. P.138) comenta sobre o pessoal comprometido com o neomordenismo: “Os teólogos comprometidos com o neomordenismo são pessoas que se deixaram enredar pela astúcia do Diabo, o pai da mentia. Por lhes faltar genuína conversão, falta-lhes também visão de Deus quanto ao real estado do homem sem Cristo”.

Albert Mohler (1999. P.60,61) faz uma triste observação de como anda a igreja evangélica hoje sob forte influência da sociedade pós-moderna:

As vozes de dentro e de fora advertem sobre uma crise da verdade entre os evangélicos. O teólogo David Wells argumenta que a modernidade não deixou praticamente ‘nenhum espaço para a verdade’ […] O fato é que provas da aceitação das teorias relativistas, subjetivistas, perspectivistas e construtivistas da verdade existem em larga escala entre os evangélicos. […] em nome do pluralismo, alguns excluíram a existência da verdade absoluta. […] em nome do perspectivismo, alguns rejeitaram a unidade da verdade e adotaram a subjetividade incondicional.

Enfim, tenho que dizer que fazer uma refutação sobre a ressurreição na perspectiva da neo-ortodoxia é complicado, pois se trata de um ateísmo disfarçado. Assim como não tem como refutar biblicamente um ateu, o mesmo ocorre ao neo-ortodoxo. Eles não creem que a Bíblia é a inerrante Palavra de Deus, mas que “contém” a Palavra ou revelação de Deus. Sobre a Bíblia, Barth (1932. 1938. P.558/588) escreve:

De capa a capa palavras humanas e falíveis […] Segundo o testemunho das Escrituras sobre os homens, que também se refere a eles (isto é, aos profetas e apóstolos), eles podiam errar, e também têm errado, em toda palavra […] mas precisamente com essa palavra humana falível e errada pronunciaram a palavra de Deus.

Portanto, se a Bíblia não é a autoridade suprema e nem infalível, torna-se inviável, ou melhor, perca de tempo, rebater os argumentos de Karl Barth, Rudolf Bultmann, Paul Tillich, Emil Brunner, Friedrich Gogarten, Eduard Thurneysen, Ricardo Gondim, Caio Fábio, René Kivitz, Ariosvaldo Ramos, Leonardo Boff, ou seja lá quem for ligado a neo-ortodoxia.

REFERÊNCIAS:

BANCROFT, Emery. Teologia Elementar. Imprensa Batista Regular. 1989.

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 1949.

BERGSTEN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD. 1980.

Bíblia King James, edição de estudos. SBIA. 2012.

Bíblia Online Módulo Avançado. Versão 3.0. Larry Pierce – Canadá. Sociedade Bíblica do Brasil. Com traduções: Almeida Revista e Atualizada (ARA), Almeida Revista e Corrigida (ARC) e léxico grego e hebraico de Strong. 1997.

Fonte: Anti-Heresias 

Divulgação: Eis Me Aqui

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