Teologia Sob Medida

Dica de Filme 1

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13o. Andar, O – (1999) – 13th Floor, The

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Por daniel dutra

É melhor subir até o 13º Andar do que entrar na Matrix. Vale a pena comparar as duas ficções científicas, que guardam aspirações bastantes similares e discutem as dúvidas existenciais humanas de maneiras radicalmente opostas. Enquanto os irmãos Wachowsky se contentaram em usar o mito da caverna de Platão como uma mera desculpa para cenas de ação e efeitos especiais, o 13º Andar foi muito além disso. Originado do clássico da literatura cyberpunk “Simulacron 3”, de Daniel Galouye, o filme – tal qual o livro – é um primor de qualidade narrativa, envolvendo o espectador numa trama complexa, instigante e inesperada. A história começa quando o programador de computadores Douglas Hall decide investigar a misteriosa morte de seu mentor Aaron Fuller, os dois estavam trabalhando na construção de um mundo virtual, uma réplica da Los Angeles da década de 30. A partir daí uma série de eventos leva Hall a descobrir verdades que ele gostaria de nunca ter descoberto, revelar mais que isso estragaria o prazer de assistir o filme. O diretor Josef Kurznak consegue criar um clima instigante durante todo o filme, e um mistério cada vez maior a medida que o herói se aproxima da verdade. O terceiro ato chega a causar desconforto pela tensão cada vez mais crescente. O elenco não decepciona. De Graig Bierko a Gretchen Moll, passando pelo indicado ao oscar Armin Muller-Stahl e pelo talentoso Vincent D´onofrio, que consegue personificar dois tipos bem diferentes sem a menor dificuldade. Há também vários elementos de filme noir, que vão desde a fotografia de Los Angeles da década de 30(muito bonita) até os personagens, que são os arquétipos clássicos do gênero.( O detetive durão, a femme fatale, o barman). Há outra qualidade nos diálogos bem compostos do filme, que questiona o porquê da nossa existência? para onde vamos? o que é a alma humana?.O protagonista torna-se um perfeito estudo antropológico da condição humana, quanto mais próximo da “verdade” o herói chega, mais inviável se torna sua própria existência. Se o espectador se der ao trabalho de parar para pensar nas circunstâncias por uns momentos verá que o 13 andar é muito mais que um thriller de ficção-científica/suspense bem trabalhado. E é aí que 13º Andar supera matrix, enquanto a filosofia de matrix se perde entre explosões e kung-fu, o 13 Andar expõe filosofia de uma forma sútil, quase subliminar. O 13º Andar consegue ser filosófico sem ser explícito ao expor a sua filosofia, exigindo mais do espectador. É um filme que pode ser entendido em vários níveis. O espectador não precisa ficar procurando “mensagens” no filme, o próprio filme se encarrega disso. Matrix, por outro lado, tenta validar sua pretensa filosofia desesperamente através de inúmeras referências e diálogos, colocados quase como pistas, apenas para que o espectador se sinta o próprio Platão ao perceber as tais referências( Ohh! Têm uma frase do Socrátes na porta da casa do Oraculo!) e nesse processo o filme acaba descambando para a auto-ajuda. Ao terminar de ver o 13º Andar o espectador pensa sobre o seu próprio destino e a existência humana. Já em Matrix a única lembrança que fica é a de Neo se desviando de balas. Diante dos efeitos especiais absurdos de Matrix, qualquer pretensão mais profunda é eclipsada, e que sobra são lutas e efeitos especiais feitos sob medida para garotos de 16 anos. Em suma, Matrix é para crianças, o 13º Andar é para adultos.

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