Reflexões Profundas Teologia

Os 67 artigos de Ulrico Zuínglio (1523)

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Por Rev. Alderi Souza de Matos

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Este artigo inicia uma nova série que irá abordar os principais documentos confessionais da fé reformada. Confessar significa declarar a fé, algo que os cristãos têm feito desde o início. A Reforma Suíça caracterizou-se pela grande quantidade de declarações doutrinárias que produziu, com objetivos confessionais, apologéticos e didáticos. Num contexto de intensas controvérsias, os reformados entenderam que era necessário expor de modo claro e incisivo as suas convicções, com base nas Escrituras. As confissões reformadas são uma das principais expressões e fontes da teologia desse ramo protestante. Algumas de suas ênfases são comuns ao protestantismo em geral e outras, específicas da tradição reformada. Quanto à autoria, houve uma grande variedade de situações: alguns documentos foram elaborados por indivíduos, outros por grupos e ainda outros por grandes assembleias de teólogos. Esses textos em geral assumiram duas formas: confissões de fé (divididas em capítulos e seções) e catecismos (perguntas e respostas).

Os 67 Artigos de Zuínglio são considerados não somente a primeira confissão reformada, mas a primeira confissão protestante. Ao contrário das 95 Teses de Lutero, eles não só abordaram um vasto conjunto de doutrinas e práticas, mas deram considerável atenção a alguns princípios basilares do novo movimento protestante. Seu autor, Ulrico Zuínglio (1484-1531), o fundador da tradição reformada, começou a ser impactado pela Bíblia a partir de 1516, quando pároco em Einsiedeln. Ao tornar-se o sacerdote da principal igreja de Zurique, em 1519, seus sermões e preleções alicerçados no Novo Testamento assumiram um crescente tom reformista. O contexto dos 67 Artigos foi a Primeira Disputa de Zurique, em 29 de janeiro de 1523, convocada pelo conselho municipal para resolver a controvérsia religiosa que havia surgido na cidade. O conselho aprovou as proposições de Zuínglio e determinou que os ministros daquele cantão pregassem somente o que tinha apoio nas Escrituras. Esse foi o marco inicial da Reforma Suíça.

Os artigos ou Schlussreden (“conclusões”), que tiveram 26 edições em dois anos, dão ênfase à supremacia das Escrituras, principalmente no parágrafo introdutório: “Eu, Ulrico Zuínglio, confesso que tenho pregado na nobre cidade de Zurique estes sessenta e sete artigos ou opiniões com base na Escritura, que é chamada theopneustos (isto é, inspirada por Deus). Proponho-me a defender e vindicar esses artigos com a Escritura. Mas se não tiver entendido a Escritura corretamente, estou pronto a ser corrigido, mas somente a partir da mesma Escritura”. Outros destaques são: Cristo é o único Salvador da humanidade; a igreja é definida em categorias espirituais, não institucionais; as obras são boas só na medida em que são de Cristo, não nossas; as tradições humanas, ou seja, missa, proibição de alimentos, festivais, peregrinações, vestes especiais, ordens religiosas e celibato clerical, são inúteis para a salvação; em sua esfera, a autoridade do Estado é superior à da igreja; somente Deus absolve os pecados humanos; a Escritura não ensina o purgatório e um sacerdócio separado; a pregação está no centro do ministério da igreja.

Talvez a maior vitória de Zuínglio nesse debate tenha sido o endosso formal do princípio de sola Scriptura: a Escritura, com Cristo no seu centro, é a única autoridade capaz de dirimir todas as questões religiosas. Com esse notável documento, Zuínglio lançou os fundamentos da fé evangélica e reformada.

Fonte: CPAJ – Mackenzie

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