O Sermão da Montanha, registrado nos capítulos 5, 6 e 7 do livro de Mateus, é um conjunto de ensinamentos basilares que Jesus oferece aos seus discípulos. Na ocasião, Cristo fala sobre a lei, sobre o papel do cristão, do adultério, da justiça e de tantos outros assuntos importantes para a compreensão de sua vinda na Terra. A oração também é abordada por Ele nessa reunião em Cafarnaum. Se você quer aprender os quatro pontos fundamentais da oração do “Pai Nosso”, leia até o final.
Como se deve orar?
Nessa primeiro diálogo sobre a oração, Jesus faz uma crítica aos fariseus e ressalta a importância da descrição e da intimidade. Naquele época, os mestres da lei gostavam de orar em pé e no centro das praças – para que todos vissem seu “comprometimento com as escrituras”.
Cristo faz essa repreensão, alertando que a oração deve ser um momento de intimidade com Deus, de rendição e descrição. A hipocrisia deve ser quebrada e as vãs repetições também. Perceba que repetir as palavras, como uma reza, era uma maneira pagã de forçar os deuses a conceder favores para os adoradores de Baal. (I Rs 18.6-28).
Jesus incentiva, portanto, a proximidade, a oração sincera e o quebrantamento do coração. Ele ressalta que “o vosso Pai sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais”.
Se Deus sabe do que preciso, por que orar?
Certo teólogo já disse que a oração é mais benéfica para você do que para Deus. Quando oramos, externamos nossas preocupações e necessidades; aproximamo-nos do criador e relembramos de suas promessas para nós.
Quando oramos conforme os ensinamentos de Jesus, encontramos um Deus pessoal – algo muito distante dos seguidores das religiões orientais, por exemplo.
Dentro da Trindade, existe comunicação
Em João 17.8, lemos que Jesus recebeu palavras do Pai. Nesse sentido, por meio de palavras – o Pai fala com o Filho, o Filho fala com o Pai, e o Pai e o Filho falam com o Espírito. Em João 17, temos um vislumbre desse diálogo na oração de Jesus a seu Pai. Trata-se de um discurso divino.
Jesus, portanto, convida-nos a participar desse diálogo por meio da oração.
Oração do Pai Nosso: quatro pontos fundamentais
Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;
O pão nosso de cada dia nos dá hoje;
E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores;
E não nos conduzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.
Mateus 6:9-13
A oração do “Pai Nosso” é um verdadeiro paradoxo. Ao mesmo tempo que é simples, é carregada de significado. Por isso, é possível que ela não seja compreendida em sua totalidade. Quando Jesus diz que devemos orar assim, muitos compreendem que essa é uma forma de conquistar as benevolências de Deus. Arrisco-me a dizer que Jesus traz esse exemplo de oração pela temática em si e não pelo modus operandi em si. Digo que os temas são mais importantes.
1) O Pai é nosso
O pai não é só meu. Com isso, entendo que ele não atende apenas os meus pedidos. Ele é o pai de todos: do rico, do pobre, do negro e do branco. Por isso, entre nós não pode haver distinção e preconceito. Tampouco a defesa por causas egoístas. Se o pai é nosso, preciso me atentar a causa dos meus irmãos.
“Se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo arguidos pela lei como transgressores.” Tiago 2:9
Por ser pai, Ele também cuida de todos os seus filhos. Por esse mesmo motivo, não temos que nos preocupar com o que comer ou beber. Basta confiar no Aba, que está nos céus.
2) Santificado seja o teu nome
Deus é glorificado em nós quando somos santificados por ele. Nesse momento, portanto, reconhecemos “a inteira incapacidade e indisposição que há em nós e em todos os homens, de honrar a Deus, como é devido –, pedimos que ele, pela sua graça, habilite-nos e nos incline, a nós e aos demais, a conhecê-lo, confessá-lo e altamente estimá-lo, a Ele e a seus títulos, atributos, ordenanças, palavras, obras e tudo aquilo por meio do qual Ele se dá a conhecer; a glorificá-lo em pensamentos, palavras e obras, que Ele impeça e remova [as falsas religiões] o ateísmo, a ignorância, a idolatria, a profanação e tudo quanto o desonre; que pela sua soberana providência dirija e disponha tudo para a Sua própria glória.”1
3) Venha o teu reino
Só Deus pode estabelecer seu próprio reino, pois todos os homens possuem natureza pecaminosa. Nesse momento, estamos pedindo que Cristo nos livre das impurezas e que apresse sua segunda vinda para que possamos participar de seu eterno reinado.
4) Se não perdoardes…
É maravilhoso pensar na lógica do perdão segundo Jesus Cristo. Aqui, professamos que todos os homens pecaram e que carecem da glória de Deus. Por termos recebido, com tão grande graça, o perdão de Cristo é essencial que continuemos praticando o perdão. Afinal, fomos perdoados de delitos muito maiores.
“O fato de verificarmos em nós a prontidão em perdoar ao nosso próximo é um sinal encorajador de que a obra regeneradora de Deus é verdade em nós, isto é, o progresso da nossa santificação nos confirma que estamos em Cristo, e por isso podemos lhe pedir mais ainda o cumprimento da aliança da salvação, a qual garante que “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” – Rm 8:1.”1
Conclusão
Nessa breve explanação, percebemos o quão complexa é a oração do “Pai Nosso”. Ela é, acima de tudo, uma bússola que nos guia para uma vida de oração sincera e coerente com o que o evangelho prega. Se lembrarmos que o Pai é nosso, deixaremos o nosso egoísmo de lado. Se atentarmos para sua santidade, seremos constrangidos a glorificá-lo em todas as ações. Se clamarmos pela vinda de seu Reino, seremos testemunhas de muitos milagres e transformações e, se formos perdoados por ele, seremos perdoadores e seres humanos melhores.
1: Catecismo Maior de Westminster – Página 19
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