Estudos Bíblicos

Eles quase abandonaram Cristo

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O acontecimento daquela manhã deixara os discípulos indignados, atemorizados e extremamente alvoroçados. Eles aproveitaram a ausência do Mestre que resolvera dormir aquela noite…

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O acontecimento daquela manhã deixara os discípulos indignados, atemorizados e extremamente alvoroçados. Eles aproveitaram a ausência do Mestre que resolvera dormir aquela noite em casa do seu pai, o carpinteiro José, para em comum acordo se reunirem naquele local a fim de conversar sobre algumas atitudes de Cristo ─ justamente, àquelas que eles achavam não apropriadas para uma pessoa que se dizia ser Filho de Deus. O fato daquela manhã se constituíra na gota d’água que fizera extravasar neles o veneno da raiva.

Eles ficaram ressabiados com o caso de uma prostituta, considerada por eles, uma das mais imundas daquelas redondezas. Foi depois do julgamento em que Cristo fez a defesa dessa adúltera, que eles passaram, secretamente, a discordar do Mestre, pois, esperavam que o mesmo, nesse caso, ficasse do lado dos Homens da Lei na aplicação da pena justa para um pecado gravíssimo como esse, confessado pela própria vítima. O fato, fez com que eles confabulassem entre si, sobre o perigo e o precedente que Jesus estava abrindo naquele momento. Simão Pedro, o homem do “pavio curto” resolvera externar a sua indignação frente aos demais, com uma emblemática pergunta:

─ Vocês não estão notando que isso aqui está ficando uma casa da mãe Joana?

─ Como? Se explique melhor homem de Deus ─ falou João coçando a careca.

─ Ora, você está cego para as evidências! ─ respondeu Pedro elevando a voz.

─ Você não está vendo uma multidão cada vez maior de prostitutas, ladrões, bêbados, publicanos corruptos nos seguindo, por tudo quanto é lado, e ainda por cima, comendo e bebendo junto conosco? Onde isso vai parar, me diga João?

─ Tenha mais calma Pedro ─ falou Tiago. ─ Como é que você pensa que vai ser a sua igreja, se Cristo partir antes de nós?

─ Ah meu filho, para começar, só vai participar de minha igreja quem cortar o “pinto”(circuncisão). Este é o primeiro requisito para que o homem possa servir a Deus em minha instituição.

Bartolomeu espremido num canto da sala deu uma sonora gargalhada, e perguntou de bate pronto:

E qual seria o primeiro requisito para que a mulher possa participar de sua igreja, meu caro Pedro?

─ Prostituta ou adúltera não pisará os pés na minha igreja. Quanto às mulheres convertidas, àquelas que estiverem menstruadas, ficarão por esse período de tempo sem frequentar o templo, pois, na Lei de Moisés está escrito que a mulher fica imunda quando se encontra nesse estado ─ respondeu o apóstolo dos paradoxos.

João, o apóstolo que desfrutava de maior intimidade com Cristo, quis falar com Pedro secretamente, mas os outros discípulos não permitiram, dizendo em uníssono: “Se você quer falar alguma coisa importante, Cristo não está aqui entre nós, então, é melhor você desembuchar tudo que está escondido aí no coração?”.

Havia, de certo modo, uma ponta de ciúme entre eles e o discípulo do amor.

Com olhar meio desconfiado, João decidiu revelar o que ocorrera na noite em que ele fora chamado à residência do Mestre para tirar um espinho que estava profundamente encravado no seu pé, o qual estava causando-lhe um grande incômodo.

– Bem, Cristo não pediu reserva quanto a esse assunto, então eu vou contar tudo ─ falou João com aquela sua voz meiga e miudinha:

─ Deu um trabalho danado, retirar o espinho do pé de Jesus Cristo. Então depois de ter aliviado as dores do meu Mestre, ficamos ali até quase de madrugada a conversar, como dois irmãos ou amigos. Eu falava sobre a dureza da lei em alguns casos, como essa de não permitir a mulher entrar no templo menstruada, e que eu mesmo não entendia o “por quê” dessa proibição Foi nessa ocasião que Ele escorando-se em meu ombro disse:

─ João, meu discípulo amado, vou te dizer uma coisa ─ Eu vim para revelar tudo. Vim para desvendar o que há por trás de cada mistério. Eu vim santificar o que na Lei era considerado imundo. Quero que compreendas meu amado João, que mudando nossas próprias atitudes e transformando as situações pessoais nós também transformamos o mundo. Se tu já te viste tratando a menstruação como algo impuro, pare, pense e reconsidere que eu vim também resgatar a dignidade da mulher. Por isso, as adúlteras e prostitutas me seguem, e as trato como se fosse o seu próprio pai. Eu as amo como o meu pai me ama. Eu vim para que os corpos das mulheres fossem consagrados com todos os fluxos e humores neles contidos.

Todos os discípulos, agora numa balbúrdia danada, queriam falar de uma só vez. Mas Pedro, o discípulo mais afoito saiu-se a frente com essa pergunta:

─ Já que estavas falando com o nosso Mestre sobre a dignidade da mulher, não vais tu me dizer que devemos perdoar a adúltera mais que uma vez! Se explique sem demora, meu caro João?

─ Fiz exatamente essa pergunta a Cristo e veja bem o que ele me respondeu: “pecar é cair num abismo meu amado discípulo, e ninguém faz isso por querer, a não ser que esteja louco. E Eu acho que até nesse ponto o louco não erraria. O que disse está dito: ‘Setenta vezes sete!’ “

Exclamações indignadas partiram de todos os lados. Diziam: “Se o mestre continuar pregando dessa maneira, estaremos correndo um enorme risco ao acompanhá-Lo!. Do jeito que ele está tratando a mulher, logo logo ela vai querer tomar todas as nossa forças! Se cedermos, a audácia delas não terá limites!”

Um dos discípulos elevou a sua voz, dizendo: “De minha parte eu farei greve! Tudo que a natureza me destinou em idade e força eu renunciarei, para não gozar os prazeres do amor junto a uma mulher!”

Naquela noite não conseguiram dormir. Com exceção de João e Judas, todos pensaram em abandonar Cristo, pois, consideravam que Cristo estava passando dos limites, em sua série de escândalos.

Passado muitos dias, os discípulos encontravam-se reunidos no mesmo local, falando alegremente sobre um mistério que Cristo conseguira desvendar para eles. O mistério que tanto alvoroço causara tempos atrás, a ponto de fazê-los desistir da caminhada com o seu Mestre, agora, tinha um nome: “Escândalo da Graça” – que é loucura para quem nunca o experimentou.

Ensaio parabólico por Levi B. Santos
Guarabira, 26 de setembro de 2009
Fonte: [ Ensaios & Prosas ]

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