A pergunta que serve de cabeçalho para este artigo faz parte da mensagem do Senhor Jesus no chamado “Sermão do Monte” (Mat. 6:31). É também uma das mais antigas preocupações do ser humano, pois logo que Adão e Eva pecaram…
Deus ainda está interessado na nossa maneira de vestir. Originalmente publicado nos primeiros números da revista “O Caminho”.
A pergunta que serve de cabeçalho para este artigo faz parte da mensagem do Senhor Jesus no chamado “Sermão do Monte” (Mat. 6:31). É também uma das mais antigas preocupações do ser humano, pois logo que Adão e Eva pecaram, fizeram para si aventais, ou cintas de folhas de figueira (Gên. 3:7).
Deus se preocupa com a vestimenta das Suas criaturas. As cintas que Adão e Eva fizeram para si não O agradaram; Ele próprio fez túnicas de peles de animais e os vestiu (Gên. 3:21).
No Velho Testamento, Deus deu instruções claras ao Seu povo quanto à roupa que deveriam usar, e também quanto à roupa que não deveriam usar. Veja, por exemplo, Lev. 19:19 e Deut. 22:5, 11, 12.
O Novo Testamento, que tem instruções específicas para esta dispensação, mostra que Deus ainda está interessado na nossa maneira de vestir. Ele fala várias vezes da nossa roupa, e do nosso adorno em geral. Vejamos três passagens importantes.
Mat 6:28-33 — Nesta passagem o Senhor estabeleceu alguns princípios que devem orientar Seus servos em qualquer época ou cultura:
a) O vestir é importante, porém nossa primeira preocupação deve ser a de buscar o reino de Deus. O Senhor introduziu o assunto perguntando: “Por que andais solícitos?” (v.28), e o concluiu dizendo: “Não andeis pois inquietos” (v.31). Nosso Pai celestial bem sabe que precisamos destas cousas, porém o exercício espiritual é mais importante do que o adorno material.
b) A beleza natural agrada a Deus mais do que os enfeites materiais. Deus veste os lírios do campo, e nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como qualquer deles (v.29). Aos olhos de Deus, a beleza natural do lírio excede, em muito, àquela beleza artificial das joias e dos vestidos preciosos.
I Tim. 2:9-10 — Esta passagem complementa o ensino dado em Mateus cap. 6. A despreocupação quanto ao vestuário não significa desleixo. Deus quer que “as mulheres se ataviem em traje honesto”. As palavras “ataviem” (kosmeo, no grego) e “honesto” (kosmios, no grego) são da mesma raiz, e transmitem a idéia de um vestir bem-arrumado e ordeiro. Não devemos ser desmazelados; é importante dar atenção à nossa aparência.
Em seguida, o texto mostra como deve ser este vestir bem-arrumado e ordeiro. Deve ser “com pudor e modéstia”. Pudor é aquela atitude que retrocede diante da transgressão dos limites da reserva e modéstia femininas (Chave Linguística). A palavra traduzida “modéstia” significa sobriedade, auto-controle. Em Atos 26:25, é traduzida “são juízo” (”bom-senso” na Versão Atualizada). Indica aquela atitude que combate os apetites meramente físicos e carnais.
Ainda nesta passagem, Deus apresenta o mesmo ensino de forma negativa, mostrando quatro coisas que não devemos usar. As tranças referem-se à penteados elaborados; juntamente com o ouro, as pérolas e os vestidos preciosos, sugerem um adorno que quer chamar a atenção e agradar aos homens. O efeito de tal adorno geralmente é a inveja das outras mulheres e a lascívia dos homens.
I Pedro 3:3-5 — Mais uma vez o Espírito Santo afirma que o adorno do cristão não é o exterior. “O enfeite delas não seja o exterior, no frisado de cabelos, no uso de joias de ouro, na compostura dos vestidos; mas o homem encoberto no coração; no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus”. Veja novamente como Deus apresenta os dois aspectos: o negativo, mostrando o que caracteriza o mundo, e o positivo, mostrando o que agrada a Deus.
Conclusões e Aplicações — A leitura destas passagens leva à conclusão de que o adorno espiritual é muito mais importante do que o exterior. Ao invés de passar tempo no salão de beleza, a mulher cristã deve passar tempo na presença do Senhor. O resultado não será um penteado ou maquiagem que produzam inveja ou lascívia, mas sim um espírito manso e quieto que glorificará a Deus.
Mesmo assim, devemos dar atenção ao nosso vestuário, para que seja coerente com a nossa profissão de fé. O Espírito diz que as mulheres devem ataviar-se “como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus” (I Tim. 2:10), e outra vez: “assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus” (I Ped. 3:5).
O adorno que agrada a Deus não é o mesmo que agrada aos homens. O mundo está no maligno (I João 5:19); é ele quem determina o seu curso, inclusive a sua moda. Veja isto confirmado na epístola aos Efésios, onde Deus diz que andar segundo o curso deste mundo, é andar segundo o príncipe das potestades do ar, isto é, o próprio Satanás (2:2).
Uma de suas armas é a moda unisex, com a qual ele procura eliminar as diferenças que Deus estabeleceu entre o homem e a mulher. No contexto brasileiro, vemos como a moda já conseguiu levar a mulher a usar calça comprida, e agora tenta lançar em São Paulo a saia para homens. Se percebermos a mão astuta do inimigo nestas modas, jamais as adotaremos.
Os brincos e a pintura do rosto não são novidades. Veja algumas passagens no Velho Testamento, como II Reis 9:30, Jer. 4:30, Eze. 23:40. A associação desta prática com a mais corrupta imoralidade, em tantas passagens bíblicas, deve ser o suficiente para convencer qualquer cristã a nunca usar tais coisas.
Devemos sempre lembrar que nosso corpo não é mais nosso; é templo do Espírito Santo. Não somos de nós mesmos, pois fomos comprados por bom preço (veja I Cor. 6:19-20). Jamais podemos adornar este corpo para agradar-nos a nós mesmos, e, muito menos, para despertar a lascívia ou inveja. “Glorificai pois a Deus no vosso corpo” (I Cor. 6:20).
”Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rom. 12:1).
R. E. Watterson
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