Dúvidas Bíblicas - Salmos

Como um Deus de amor, tal como revelado no NT, pode ser conciliado com o Deus vingativo desse salmo cheio de maldições?

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REFERÊNCIA: Salmos 109.1ss

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PROBLEMA: Esse salmo, assim como muitos outros no AT (p. ex., os salmos 35 e 69), pronuncia maldições sobre os inimigos de alguém. Por isso ele e também os demais dessa linha são chamados de salmos imprecatórios. Davi diz: “Fiquem órfãos os seus filhos, e viúva, a sua esposa” (109.9). Em contraste, Jesus disse: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5.44). Como o Deus de vingança do AT pode ser o mesmo Deus de amor do NT (cf. 1ª J0 4.16)?

SOLUÇÃO: Para entender esses salmos imprecatórios, que contêm maldições, alguns importantes fatores precisam ser considerados.

Primeiro, o juízo que é pedido baseia-se na justiça divina, e não no ódio humano. Nesse salmo, Davi disse com clareza a respeito de seus inimigos: “Pagaram-me o bem com o mal; o amor, com ódio” (v. 5). Ao mesmo tempo que Davi de fato orava pelo castigo (maldição) sobre seus inimigos, não obstante ele os amava e os entregou à justiça de Deus pela devida recompensa que os atos maus por eles praticados lhes acarretaram.

Quando Davi poupou a vida de Saul, deu uma prova prática de que a vingança não era a motivação por trás desse salmo. Apesar de Saul ter perseguido Davi para tirar-lhe a vida, este perdoou Saul e até mesmo lhe poupou a vida (cf. 1ª Sm 24; 26).

Segundo, o juízo nesses salmos é expresso nos termos da cultura daqueles dias. Como a condição de órfão ou de viuvez era considerada uma tragédia, a maldição é expressa segundo essas categorias de fácil entendimento na época.

Terceiro, uma vez que a cultura hebraica não fazia uma clara distinção entre o pecador e seu pecado, o juízo é expresso em termos pessoais muito mais do que de forma abstrata. Além disso, como a família hebraica era algo solidário, a família toda era salva (cf. Noé, Gn 7-8) ou era objeto de um juízo para todos os seus membros (cf. Acā, Is 7.24).

Quarto, o fenômeno da imprecação não ocorre apenas no AT. Jesus recomendou que seus discípulos amaldiçoassem as cidades que não recebessem o evangelho (Mt 10.14). O próprio Jesus lançou juízo sobre Betsaida e sobre Cafarnaum (Mt 11.21-24). Paulo declarou anátema todo aquele que não amasse o Senhor (1ª Co 16.22). E até mesmo os santos no céu clamaram a Deus por vingança sobre aqueles que martirizaram crentes (Ap 6.9-10).

Quinto, as imprecações não são um fenômeno primitivo ou apenas do AT. A aplicação da justiça sobre o mal pertence a Deus, assim como a bênção sobre o que é reto. Essas duas coisas são verdadeiramente de Deus, tanto no AT como no NT. De fato, Deus é caracterizado por meio do amor com maior frequência no AT do que no NT.

Sexto, visto que que no AT a ênfase recaía sobre recompensas terrenas ligadas à família, à prosperidade e à terra, também as maldições eram expressas nesses termos. Como a revelação do NT expressa-se mais em termos de destino eterno, havia menos necessidade de formular as imprecações nesses termos terrenos.

Mesmo nessas imprecações do AT pode-se perceber uma antevisão de Cristo. Deus confiou todo juízo ao Filho (Jo 5.22). Dessa forma, os que esperam por justiça não o fazem apenas por seu justo reino, mas esperam pacientemente pelo Senhor, que rapidamente virá para exercê-lo com justiça (Ap 22.12).

Fonte: Bíblia de Estudo – Perguntas & Repostas

Divulgação: Eis-me Aqui!

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