Dúvidas Bíblicas - Hebreus

O altar do incenso ficava no Santo Lugar ou no Santo dos Santos, atrás do véu?

O altar do incenso ficava no Santo Lugar ou no Santo dos Santos, atrás do véu?
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REFERÊNCIA: Hebreus 9.3-4

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PROBLEMA: De acordo com Êxodo 30.6 (cf. 26.33; 40.3), o altar do incenso encontrava-se no Santo Lugar, defronte do véu, e não no Santo dos Santos, atrás do véu. Entretanto, Hebreus 9.3-4 afirma que ele estava “por trás do […] véu [no] […] tabernáculo que se chama o Santo dos Santos”.

SOLUÇÃO: Várias possíveis soluções têm sido sugeridas para essa dificuldade. Qualquer uma delas resolveria o problema. 

  1. O texto teria sido alterado por um erro de copista. Alguns eruditos observam que possivelmente haja uma deslocação de texto nessa passagem, e que a frase referente ao “altar de ouro” (v.4) na verdade pertenceria ao versículo 2, junto com os demais utensílios no Santo Lugar. Eles observam que essa é a forma que consta em alguns manuscritos antigos, como no Vaticanus (séc. 4), no Cóptico e em versões etiópicas.

Outros objetam dizendo que a evidência textual e praticamente todas as traduções modernas se opõem, de forma esmagadora, àquelas isoladas exceções. Dizem ainda que os poucos textos dessas exceções deixam a impressão de serem o resultado de uma tentativa de “corrigir” a passagem considerada difícil de ser entendida.

  1. O altar estava do lado de dentro do véu. Aceitando-se o que diz Hebreus 9.3-4, tem-se argumentado que o altar do incenso sempre esteve dentro do Santo dos Santos. Essa posição é sustentada pelos seguintes argumentos. Primeiro, está de acordo com a afirmação bem clara de Hebreus 9.3-4.

Segundo, isso é o que se pode deduzir de outras passagens que falam desse altar estando “diante da arca do Testemunho” (Êx 40.5). a qual encontrava-se no Santo dos Santos.

Terceiro, há algumas versões em que 1ª Reis 6.20 menciona o altar do incenso pertencente ao santuário interior (p. ex., a tradução inglesa de Phillip E. Hughes). 

Os que se opõem a essa posição têm apresentado várias objeções. Primeiro, que ela está em desacordo com o que é registrado de forma bem clara no AT (p. ex., Êx 30.6-10), cujos textos se referem ao altar de incenso sendo no Santo Lugar, junto com o pão e as lâmpadas. O sacerdote, que era proibido de entrar no Santo dos Santos (exceto no Dia da Expiação), servia no altar de incenso diariamente (Êx 30.6-11), Segundo, Filo, Josefo e outras autoridades judaicas apontaram com unanimidade para a localização do altar de incenso do lado de fora do véu, no Santo Lugar.

Finalmente, o NT também se refere a ele sendo do lado de fora do véu, onde os sacerdotes comuns, como Zacarias, ministravam (Lc 1.5ss).

  1. O véu era removido no Dia da Expiação. De acordo com essa posição, o altar do incenso permanecia normalmente do lado de fora do véu, no Santo Lugar. Entretanto, os que defendem essa posição creem que, no Dia da Expiação, o véu era removido para trás, de forma que o sacerdote pudesse ter fácil acesso ao altar de incenso, para usá-lo no Santo dos Santos. O que dá respaldo a essa posição decorre do seguinte. Primeiro, a Bíblia geralmente fala do altar de incenso estando separado do Santo dos Santos por um véu (cf. Ex 30.6; Lv 16.12,15,17). A única ocasião em que esse altar ficava acessível ao sacerdote no Santo dos Santos era no Dia da Expiação (cf. Lv 16.2; Hb 9.7).

Finalmente, isso está de acordo com a tipologia do sacerdote do AT, que fazia uma vez por ano o que Cristo fez uma vez para sempre (cf. Hb 10.10-11), ou seja, a remoção do véu que nos separa de Deus. A esse respeito observa-se que Cristo rasgou o véu (Mt 27.51), e que não há mais separação entre o Santo Lugar e o Santo dos Santos.

Os principais problemas a respeito dessa visão são os seguintes: Primeiro, não há passagem que realmente fale sobre o véu ser removido no Dia da Expiação. Segundo, isso pode levar essa tipologia longe demais, afinal de contas, nem tudo que o sacerdote do AT fazia prefigurava Cristo; Por exemplo, eles continuavam a oferecer sacrifícios após o Dia da Expiação (Hb 10.11); Cristo não fez isso. Terceiro, há passagens que com clareza dão a entender que o véu permanecia em seu lugar no Dia da Expiação e que o sacerdote ia “para dentro do véu” para realizar seu trabalho (Lv 16.12; cf. 15,17,23. 7).

  1. Havia dois altares de incenso. Alguns estudiosos afirmam que havia dois altares, um dentro e outro fora do véu, resolvendo assim a questão. Essa solução tem o mérito de explicar todos os dados envolvidos, e de escapar de todas as dificuldades existentes nas duas posições precedentes.

Entretanto, há grandes problemas com essa posição. Primeiro, não há referência alguma a dois altares de incenso nem no AT nem no NT.

Segundo, autoridades judaicas (como Filo e Josefo) não fazem referência a esse possível segundo altar.

Terceiro, se houvesse dois altares, então o autor de Hebreus poderia ser responsabilizado por uma grave omissão, já que ele não faz referência alguma ao altar de incenso do Santo Lugar, que fazia parte do ministério normal, diário, do sacerdote (Hb 9.3-4).

Finalmente, essa é uma sugestão que parece ser do tipo conciliadora, ou seja, propõe uma solução, mas não apresenta uma base real para sustentá-la.

  1. O incensário de ouro difere do altar de ouro. Essa posição afirma que a palavra grega thumiaterion, frequentemente é traduzida por “altar de ouro” (Hb 9.4) poderia ser também “incensário de ouro” (como traduzem-as versões RC e ACF). Isso resolveria a dificuldade, já que o altar de incenso permaneceria fora do véu e o incensário de ouro ficaria do lado de dentro, onde o sacerdote poderia usá-lo no Dia da Expiação.

Em apoio a essa posição, os seguintes argumentos poderão ser considerados. Primeiro, “incensário” é uma tradução aceitável da palavra grega thumiaterion, que pode significar tanto o lugar como o instrumento do incenso.

Segundo, essa mesma palavra grega é usada com o sentido de incensário em outras partes da versão grega do AT (cf. Ez 8.11; 2ª Cr 26.19).

Terceiro, essa posição tem o suporte do Mishna judaico, que dá uma detalhada descrição desse incensário de ouro.

Quarto, ela evita a evidente contradição de haver um altar em dois lugares. 

Quinto, ela está conforme o fato de que o altar de incenso geralmente é mencionado junto com o pão e as lâmpadas (que se acham sempre no Santo Lugar), ao passo que o incensário de ouro é usado uma só vez por ano, no Santo dos Santos (Lv 16.2,12,29).

Sexto, a Arão, sumo sacerdote, foi expressamente ordenado que queimasse incenso num incensário diante do Testemunho no Dia da Expiação (Lv 16.12-13).

Sétimo, na condição de mestre judeu, conhecedor da lei, o autor de Hebreus teria familiaridade com os utensílios e com o ritual do templo.

Oitavo, sua mensagem não teria tido aceitação alguma entre os leitores hebreus caso tivesse ele cometido um erro tão grosseiro, mencionando erradamente a posição do altar do incenso.

Nono, considerando-se que esse instrumento de incenso era usado uma vez só por ano no Santo dos Santos, nada seria mais razoável do que admitir que ele fosse deixado lá. Contudo, por mais que se possa falar em favor dessa posição, ela também enfrenta algumas objeções. Em primeiro lugar, a palavra grega em questão normalmente se traduz por “altar de ouro” (p. ex., na RA, na NVI, na A21, na NTLH, na NBV e na BJ), e não por “incensário de ouro” (que consta, porém, na RC e na ACF).

Segundo, se a tradução correta for “incensário de ouro”, então o autor de Hebreus estará incorrendo num erro grosseiro de não fazer menção ao altar do incenso, e isso é pouco provável, considerando-se sua relevância em meio aos utensílios do tabernáculo e no ofício sacerdotal diário.

Terceiro, se a referência fosse mesmo a um incensário, ele não teria sido feito de ouro, mas de bronze, para poder aguentar o calor das brasas do incenso.

Finalmente, o mesmo termo é empregado por autoridades judaicas daquela época (Filo e Josefo) em referência ao altar de incenso.

  1. O altar do incenso era removido no Dia da Expiação. Outros eruditos afirmam que Hebreus 9.3-4 é uma referência ao “altar de ouro” de incenso que era removido de seu local habitual, isto é, do lado de fora do véu, na data especial do Dia da Expiação. Há vários argumentos em favor dessa tese.

Primeiro, ela resolve o aparente conflito ao sustentar que havia uma só peça, que era posta em dois lugares diferentes nas ocasiões apropriadas. )

Segundo, ela explica de forma consistente todos os fatores envolvidos.

Terceiro, não faz uso da teoria de natureza especulativa da existência de dois altares.

Quarto, parece ser inconcebível que o autor de Hebreus, escrevendo a hebreus cristãos, que tinham familiaridade com esses fatos, fosse errar ao mencionar a posição desse importante item do tabernáculo. Essa posição está livre dessa situação tão improvável.

Quinto, ela explica como o sumo sacerdote podia usar esse altar com tanta facilidade na purificação do Santo dos Santos no Dia da Expiação, uma vez que o altar de incenso havia sido removido para lá naquele dia.

Sexto, ela se ajusta muito bem as outras referências das Escrituras ao oferecimento de incenso na presença real de um santo Deus (Ap 8.3; 9.13).

Sétimo, ela é coerente com 1ª Reis 6.22, que diz: “todo o altar [de incenso] que estava diante do Santo dos Santos”.

Oitavo, Êxodo 30.6 (cf. 40.5) pode ser entendido como instrução para remover o altar do incenso para o Santo dos Santos no Dia da Expiação. De igual modo, Hebreus 9.6 pode abarcar também a menção a essa remoção, quando diz: “Ora, depois de tudo isto assim preparado…”

Nono, o livro judeu Apocalipse de Baruque (6.7), que pertence a esse mesmo período, descreve o Santo dos Santos como um lugar que continha o altar do incenso.

Tem-se sugerido que, por não haver uma referência explícita à remoção do altar do incenso no Dia da Expiação, essa posição seja problemática. Assim também, alguns têm questionado como o sumo sacerdote poderia remover sozinho esse altar, que era pesado. Mas nenhum desses argumentos é forte o suficiente, uma vez que nem tudo é explicitamente registrado nas Escrituras, e que os outros sacerdotes bem poderiam cuidar dos procedimentos necessários para o Dia da Expiação.

  1. O altar estaria “dentro” por uma associação doutrinária. Alguns estudantes da Bíblia sugeriram que o altar do incenso de fato se localizava do lado de fora do véu, mas que em Hebreus 9.34 foi mencionado estando atrás do véu, em vista de sua forte ligação com a arca da aliança e como sacrifício expiatório que lá era oferecido.

Para resumir, Hebreus estaria mencionando o altar localizado lá dentro por uma questão de associação doutrinária, e não como referência a sua localização física. Em apoio a essa conclusão, citam o fato de que o autor de Hebreus usa o particípio “tendo” (echousa) em vez da expressão “no qual” (en he), que claramente denotaria uma localização física.

Essa posição, é claro, resolveria muitos dos problemas associados às outras opiniões, mas ela em si cria seus próprios problemas. Em primeiro lugar, a mesma palavra (echousa), que tem o sentido de “tendo”, é usada com um sentido físico nessa mesma passagem (cf. v. 4). Além disso, as duas frases são usadas de forma intercambiável nesse texto, indicando que é mais uma questão de variação de estilo do que um desejo de dar uma impressão de um sentido não físico, mas relacional. na Para resumir, embora qualquer uma dessas posições seja possível e poderia resolver a dificuldade, algumas delas parecem improváveis (1 e 7). Outras parecem mais prováveis (5 e 6). Não importando qual delas seja a correta, o fato é que essa questão não demonstra haver um erro na Bíblia. Pelo contrário, várias soluções aceitáveis acham-se disponíveis.

Fonte: Bíblia de Estudo – Perguntas & Repostas

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