REFERÊNCIA: 1ª Corintios 3.13-15
PROBLEMA: Os católicos romanos apelam para essa passagem como base da doutrina de uma punição temporária daqueles que não são suficientemente bons para irem diretamente para o céu. Apontam que a passagem fala de pessoas que sofrerão “dano” quando suas obras se queimarem com o fogo, mas que acabarão sendo salvas (1ª Co 3.15). Será que a Bíblia ensina que há um inferno temporário (purgatório), onde as pessoas sofrem por causa de seus pecados, antes de poderem ir ao céu?
SOLUÇÃO: Em parte alguma a Bíblia ensina a doutrina do purgatório. Essa doutrina é contrária a muitos fatos das Escrituras. Primeiro, o inferno é um lugar permanente de “fogo eterno” (Mt 25.41) Ele impõe uma “penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor” (2ª Ts 1.9; veja os comentários deste versículo). Jesus declarou ser o inferno um lugar em que nunca “o fogo se apaga” e onde o corpo não “morre” (Mc 9.45-48).
Segundo, uma vez no inferno, ninguém pode se sair dele. Jesus disse que “está posto um grande abismo […], de sorte que os que querem passar” de um lado para o outro não têm como fazê-lo (Lc 16.26). Isso é verdadeiro mesmo que eles lastimem estar lá (Lc 16.23,28).
Terceiro, a doutrina do purgatório é uma afronta à completa e suficiente obra de Cristo na cruz, com sua morte. Quando Jesus morreu por nossos pecados (1ª Co 15.3), ele proclamou: “”Está consumado!” (Jo 19.30). Olhando para o que iria acontecer na cruz, Jesus orou ao Pai, dizendo: “Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer” (Jo 17.4). O livro de Hebreus nos informa que, “tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, [Jesus] assentou-se à destra de Deus” (Hb 10.12). “Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hb 10.14).
Quarto, o único purgatório por que alguém passou foi o purgatório de Cristo na cruz, quando 110 ele purgou nossos pecados. O autor de Hebreus declara que, “depois de ter feito a purificação dos bi pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas Da alturas” (Hb 1.3).
Quinto, a doutrina do purgatório baseia-se no livro apócrifo de 2ª Macabeus (12.46), o qual diz que rezar pelos mortos, para que sejam absolvidos de seus pecados, é um modo de pensar santo e piedoso. Mas esse livro, do segundo século antes de Cristo, não diz ser inspirado, como também não afirma isso nenhum dos demais livros apócrifos. O livro de 1ª Macabeus até mesmo nega sua inspiração (1ª Mac 9.27).
Os livros apócrifos jamais foram aceitos pelo judaísmo como inspirados. Nem Jesus nem os autores do NT jamais os citaram como inspirados. Até mesmo Jerônimo, o católico romano tradutor da importante Bíblia em latim chamada Vulgata, rejeitou 2ª Macabeus juntamente com os demais livros apócrifos. Além disso, 2ª Macabeus não foi oficialmente acrescentado à Bíblia pela Igreja Católica Romana senão em 1546 d.C., aproximadamente 29 anos depois que Lutero deu início à Reforma, durante a qual ele falou contra o purgatório e contra as orações em favor dos mortos.
Finalmente, mesmo quando 2ª Macabeus foi acrescentado por Roma na Bíblia (junto com os demais livros apócrifos), ela rejeitou outro livro apócrifo, que fala contra as orações pelos mortos. O livro de 2 Esdras (chamado de 4 Esdras pelos católicos), falando do dia da morte, declara: “Ninguém jamais orará por outro naquele dia” (2Ed 7.105). Rejeitando esse livro e aceitando Macabeus, a Igreja Católica manifestou arbitrariedade na decisão da escolha de livros que suportassem as doutrinas que ela tinha acrescentado à Bíblia.
Concluindo, em 1ª Coríntios Paulo não está falando do purgatório, mas do “tribunal de Cristo”, perante o qual todo crente comparecerá para receber sua recompensa “segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2ª Co 5.10). Toda nossa “obra” vai ser “revelada pelo fogo”, e “se permanecer a obra de alguém, […] esse receberá galardão (1ª Co 3.13-14).
Uma vez que a salvação do inferno é pela graça, não por obras (Rm 4.5; Ef 2.8-9; Tt 3.5-7), fica claro que essa passagem está falando da “obra” e do “galardão” do crente, por servir a Cristo, e não de um possível purgatório onde o cristão (em vez de Cristo) tivesse de sofrer pelos pecados que praticou.
Fonte: Bíblia de Estudo – Perguntas & Repostas
Divulgação: Eis-me Aqui!
