Teologia Sob Medida

Vivendo e testemunhando antiteticamente.

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Por Prof. Herman Hanko

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Ao olhar para o homem abençoado de Salmo 1:1, que “não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores”, um leitor afirma: “Eu preciso compreender o ‘seguir, imitar e assentar’ que não devemos fazer com os ímpios… é aí que a ‘teoria vira prática’ em nosso testemunho diário. Onde se põe os limites nas relações de trabalho, com os vizinhos, etc?”

Esta é uma boa pergunta que envolve diretamente a doutrina reformada da antítese: o intransponível abismo espiritual entre os ímpios e os filhos de Deus do pacto; o qual existe porque os ímpios são de seu pai, o diabo – cujas obras realizam – e o povo de Deus é regenerado e chamado a viver neste mundo pela graça, como filhos da luz e como aqueles que representam a causa do pacto de Deus neste mundo.

A dificuldade reside no fato de que estamos no mundo, embora não sejamos do mundo, assim como Cristo diz (Cf. Jo 17:15-16). Nós nos deparamos com os incrédulos em todos os aspectos da vida. Ímpios e justos trabalham juntos no mesmo estabelecimento ou escritório. Ímpios e justos compram e vendem nas mesmas lojas. Ímpios e justos estão frequentemente relacionados uns com os outros, alguns em relações bem próximas, outros em relações mais distantes.

O problema tem chamado a atenção dos teólogos por muitos séculos – e até milênios. A doutrina católica romana tem ensinado tradicionalmente que a separação do mundo é o caminho para o cristão manter a antítese. Não ter nada a ver com o mundo! Submeter-se à um mosteiro e ousar sair apenas à noite e somente quando absolutamente necessário, mas então fugir de volta para a segurança de uma cela a fim de que o contato com o mundo não o contamine. Esse é o caminho para a santidade. Os antigos anabatistas defendiam muito essa mesma ideia.

Outros procuram resolver o problema, falando de uma “graça comum”, que é dada a todos os homens, o que permite com que o cristão tenha comunhão com os do mundo e se envolva em esforços comuns com os homens ímpios. Enquanto os dois estiverem buscando os mesmos objetivos (o bem-estar do trabalhador, a erradicação do aborto, a batalha contra a homossexualidade, a superação da pobreza, etc), é permitido e até desejável cooperar no trabalho.

A doutrina bíblica e reformada da antítese condena ambas as ideias e chama o povo de Deus para uma esfera maior de trabalho. A chave para a vida da antítese é o chamado para testemunhar sua fé no mundo. A própria antítese é fortemente estabelecida no Salmo 1, Deuteronômio 33:28, 2 Crônicas 19:2, 2 Coríntios 6:14 – 7:1 e muitas outras passagens similares. Mas o chamado do povo de Deus é também: “brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céu” – Mt 5:16. Na verdade, é neste ponto que a “teoria vira prática”.

A liberdade cristã está envolvida aqui. Como alguém faz com que sua luz brilhe diante dos homens é certamente diferente para alguém que está no exército e alguém que vive com um cônjuge incrédulo. Com certeza a maneira com que um médico cristão deixa sua luz brilhar diante dos homens é diferente do chamado de quem trabalha em um ambiente onde a blasfêmia e a conversa torpe é comum. E cada um deve, por si mesmo, em sua própria posição e chamado, determinar como brilhará sua luz diante dos homens.

Primeiro, nunca, nunca participe com eles dos pecados da Babilônia (Cf. Ap 18:4); nunca compartilhe do mal. Não devemos compartilhar do mal com outros cristãos; nem em nossas vidas privadas, quando somente Deus pode ver o que estamos fazendo. Não devemos apenas recusar quando somos convidados, mas devemos explicar porque nós nos recusamos, apontando para a Palavra de Deus e seu chamado.

Além disso, nossas boas obras devem ser constantes e visíveis. Nossas boas obras brilham diante dos homens quando nunca juramos, nunca profanamos o sábado [leia-se domingo, o Dia do Senhor], nunca falamos palavras torpes, nunca escarnecemos as autoridades. Nossas boas obras, brilham diante dos homens quando fazemos o que é certo: buscamos a bênção de Deus na hora das refeições – no trabalho também -, amamos nossas esposas e filhos, vamos à igreja no Dia do Senhor, estamos felizes e alegres mesmo na aflição e provação, falamos apenas palavras de interesse, simpatia, amor e confiança em Deus. Pedro nos lembra que, quando a nossa luz brilhar diante dos homens, eles nos perguntarão da esperança que há em nós. Quando o fazem, devemos estar prontos para dar uma boa defesa de nossa fé; Pedro a chama de apologia (Cf. 1 Pe 3:15).

Isto significa que nós devemos estar sempre prontos e rápidos em falar da nossa fé e nossa esperança. Há realmente duas vertentes para isso: uma é que nós condenamos a maldade que é predominante ao nosso redor. Dizemos às pessoas que é pecaminoso usar o nome de Deus em vão e que Deus não julgará tal homem inocente. Defendemos a santidade do casamento e a pureza de vida e linguagem. Ao fazer isso, devemos chamar tais homens ao arrependimento e à fé em Cristo. Se amamos nosso próximo como a nós mesmos, então nós queremos que eles sejam salvos. A salvação vem através do arrependimento dos pecados e fé em nosso Senhor Jesus Cristo.

Meu pai me contou de um cristão que se queixou de ser perseguido e, afinal, demitido por causa de seu testemunho. Ele trabalhou durante a Segunda Guerra Mundial em uma linha de montagem que fazia tanques. Mas, quando pressionado, ele admitiu que andava para cima e para baixo na linha de montagem testemunhando a seus colegas de trabalho. Ele precisava ser advertido de que, antes de tudo, o seu testemunho deveria ser o de um trabalhador tão vigoroso quanto ele poderia ser. Sem isso o seu testemunho era uma farsa e ele ter sido demitido não era perseguição, mas o que ele merecia. No entanto, se a perseguição é o resultado do nosso testemunho, temos que suportá-la como sendo uma marca da escravidão a Cristo.

Nosso testemunho não é uma constante disputa sobre religião, pois assim lançamos pérolas aos porcos (Cf. Mt 7:6). Mas não devemos ficar em silêncio quando devemos falar. Nossas obrigações em nosso chamado são cumpridas quando todos aqueles com quem entramos em contato sabem que servimos a Cristo e O amamos, sabem que nós acreditamos e vivemos de acordo com a Escritura, e sabem qual é a sua própria obrigação pessoal perante Deus.

Cada um deve fazer isso em seu próprio lugar e posição na vida. Cada um deve fazê-lo, assim como Pedro nos lembra, “com mansidão e temor” (Cf. 1 Pe 3:15-16). Cada um deve fazê-lo para que Deus seja glorificado, para que outros vendo nossas boas obras, glorifiquem nosso Pai celeste.

O homem que anda em um restaurante perguntando a cada um dos clientes se ele é salvo, enquanto se recusa a ir à igreja e dar instrução piedosa a seus filhos, dá um mau testemunho e frequentemente faz mais mal para a causa de Deus do que o incrédulo.

Devemos amar o nosso próximo; nosso próximo é aquele que está ao nosso lado e, por vezes, necessitado de nossa ajuda. Deus o colocou lá para que ele também venha a conhecer o seu chamado. Se no final ele se arrependerá do pecado ou não, é irrelevante; Deus tem o Seu propósito. O objetivo de tudo isso é que Deus seja glorificado e louvado, seja por meio de Sua obra salvífica ou Sua obra do justo castigo dos ímpios.

Fonte: Covenant Protestant Reformed Church

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