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Solitude – O Deus que ora

Solitude – O Deus que ora
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A solitude não é solidão. A Solitude é necessária para uma vida cristã saudável.

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Hoje o nosso tema é solitude. Em certo sentido, poderíamos dizer que se trata de um tipo de isolamento. Existem, pelo menos, dois tipos de isolamento: um é o isolamento imposto de fora para dentro; o outro é imposto de dentro para fora.

  • No primeiro tipo de isolamento somos obrigados a sofrer pela ausência da proximidade humana; no segundo somos nós que buscamos o isolamento à medida que precisamos da ausência da proximidade humana.
  • O primeiro gera ostracismo; o segundo acolhimento.
  • O primeiro é um isolamento negativo; o segundo é um isolamento positivo.
  • No primeiro isolamento, nos sentimos rejeitados mesmo em meio a uma multidão; no segundo isolamento, nos sentimos acolhidos mesmo não havendo ninguém por perto.
  • No primeiro isolamento, sofremos pelo distanciamento dos homens; no segundo isolamento, desfrutamos da proximidade divina.
  • Ao primeiro tipo de isolamento chamamos de solidão; ao segundo, de solitude.

Um dos exemplos mais claros de solidão que podemos encontrar na Bíblia é a solidão dos leprosos, ou a de todos aqueles que sofriam de alguma doença de pele contagiosa — em outras palavras, a referência bíblica à “lepra” é genérica e pode representar numerosas doenças dermatológicas. Uma pessoa leprosa não se isolava por vontade própria, pelo contrário, ela era submetida ao isolamento.

A imposição do isolamento do leproso ocorria por dois motivos:

(1) saúde pública (evitar o contágio) e (2) pureza religiosa.

Na Lei, em especial em Levítico 13 e 14, Moisés recebe as instruções de Deus com relação ao trato dos leprosos.

Segundo Levítico 13, se alguém tivesse o corpo coberto de feridas, deveria ser levado ao sacerdote para ser examinado. Se o doente estivesse realmente coberto por feridas incuradas, o sacerdote deveria, imediatamente, isolar o enfermo do acampamento. Ele seria banido da comunhão com seus semelhantes e era, na mesma hora, considerado cerimonialmente impuro. Em outras palavras, quem tocasse um leproso não apenas correria o risco de ser infectado, mas se tornava automaticamente impuro do ponto de vista religioso.

Salvo as devidas proporções, um leproso era como os dalits na Índia. Contudo, se ele fosse curado da infecção na pele, então, deveria comparecer diante do sacerdote que o examinaria e atestaria sua cura, caso estivesse realmente recuperado. Atestada a cura, ele deveria oferecer a oferta requerida de acordo com as orientações de Levítico 14. Isso era suficiente para reintegrar a pessoa que, por causa da lepra, havia sido isolada da comunidade.

Talvez a personagem bíblica mais emblemática e que melhor retrate esse tipo de sofrimento, seja Jó, uma vez que, por causa da lepra, foi obrigado a viver em regime de isolamento. Além de amargar o sentimento de abandono de Deus,  conheceu a solidão, um isolamento que não queria experimentar. Nesse isolamento, Jó chega a uma dura conclusão. Em suas palavras: A verdade é que ninguém dá a mão ao homem arruinado [leproso], quando este, em sua aflição, grita por socorro (Jó 30.24). Seria verdadeira a conclusão a que Jó chegou? Será que ninguém é realmente capaz de dar a mão a um leproso que suplica por compaixão e misericórdia?

Em certa medida, o post de hoje é capaz de responder essa pergunta.

Para tanto, vamos ler a passagem de Lucas 5.12-16:

Estando Jesus numa das cidades, passou um homem coberto de lepra. Quando viu a Jesus, prostrou-se com o rosto em terra e rogou-lhe: “Se quiseres, podes purificar-me”.

Jesus estendeu a mão e tocou nele, dizendo: “Quero. Seja purificado!” E imediatamente a lepra o deixou.

Então Jesus lhe ordenou: “Não conte isso a ninguém; mas vá mostrar-se ao sacerdote e ofereça pela sua purificação os sacrifícios que Moisés ordenou, para que sirva de testemunho”.

Todavia, as notícias a respeito dele se espalhavam ainda mais, de forma que multidões vinham para ouvi-lo e para serem curadas de suas doenças.

Mas Jesus retirava-se para lugares solitários [gr. ἐρήμοις, “lugares desertos, isolados”, de onde vem o termo “eremita”, “ermitão”], e orava.

Analisando a solidão do leproso

Primeiro — o leproso não toca em Jesus (v.12a). O homem coberto de lepra não correu até Jesus para tocá-lo. Ele era uma espécie de Midas às avessas, em vez de tornar ouro tudo o que tocava, o leproso tornava cerimonialmente impuro a quem tocasse. Ou seja, por mais que alguém que tivesse sido tocado por um leproso pudesse não ter sido infectado, ainda assim teria se tornado impuro, do ponto de vista religioso.

Segundo — o leproso se humilha diante de Jesus (v. 12b). Quando o leproso viu que Jesus estava em sua cidade, prostrou-se com o rosto em terra. Tratava-se de uma atitude de humilhação. Uma demonstração de sua inferioridade diante de Jesus. E ele só fez isso porque já tinha ouvido as histórias sobre os milagres de Jesus. A fama de Cristo já havia se espalhado. Vulnerabilidade. Submissão.

Terceiro — o leproso se submete à soberania de Jesus (v. 12c). O leproso sabe que Jesus tem poder para curá-lo. Ele não pergunta. Ele sabe que Jesus tem esse poder. Sua pergunta é outra. Sua pergunta é se Jesus quer curá-lo. Ele estava ciente da soberania de Cristo e, humildemente, submeteu-se à Sua vontade.

Quarto — Jesus quebra a Lei e toca no leproso (v. 13). Para surpresa de todos os que testemunhavam aquela cena — e para provar que a conclusão a que Jó chegara estava errada —, Jesus quebrou o protocolo e fez o que ninguém esperava. Ele tocou o leproso. Trata-se de um caso diferente daquele em que a mulher cerimonialmente impura (fluxo sanguíneo), para obter a cura, resolve tocar as vestes de Jesus, às escondidas. Nesse caso, a mulher foi curada ao tocar em Jesus, mas nesta passagem, acontece o contrário: o leproso foi curado porque Jesus o tocou. Jesus fez com ele o que ninguém faria. Jesus quebrou o isolamento negativo, não desejado. Jesus curou o leproso da lepra e da solidão. Ele curou a lepra do leproso pelo seu poder divino; entretanto, a solidão ele curou tocando o leproso e lhe dizendo: “Eu quero!”. Para curar, bastaria ser poderoso. E Jesus era poderoso; ele já tinha provado isso anteriormente. Agora, para tocar o leproso era necessário mais do que poder; era necessário amor, compaixão, misericórdia.

Quinto — Jesus se submete à Lei e envia o leproso para o sacerdote (v. 14). Por um lado, Jesus havia quebrado a Lei (ele tocou o leproso), mas por outro ele estava de acordo com a Lei, quando pediu que o leproso não contasse a ninguém o que acontecera, mas fosse imediatamente perante o sacerdote para cumprir a orientação de Levítico 13 e 14.

Sexto — o leproso, ao que tudo indica, não seguiu as instruções de Jesus. A fama de Cristo aumentou consideravelmente a ponto de as multidões surgirem de todos os lados para ouvirem sua pregação e serem curadas por Ele. No entanto, a reação de Jesus foi, no mínimo, curiosa. Em vez de procurar mais multidões, ele se retirava para lugares solitários e orava. Isso é solitude. Essa experiência é totalmente diferente da solidão do leproso. Enquanto esta era uma imposição que vinha de fora para dentro, aquela era uma imposição de dentro para fora. Não são as multidões que se afastam de Jesus, é Jesus quem se afasta das multidões. Por qual motivo? Solitude. E isso parece ter sido uma constante, uma vez que os verbos referentes à aproximação das multidões e à oração de Jesus estão no passado imperfeito, isso significa que estamos diante de um evento e uma ação repetitivos e habituais. Jesus buscava a solitude não porque buscava a solidão, mas, ao contrário, porque buscava a comunhão com Deus em oração. A solitude de Jesus revela quatro ensinamentos sobre a oração:

Analisando a solitude de Jesus

1. A solitude predispõe o coração para o hábito da oração. Lucas construiu sua narrativa para enfatizar ao seu leitor que a solitude era uma experiência habitual, repetitiva no ministério de Jesus.

2. A solitude protege nosso coração do temor dos homens. O tempo de oração de Jesus nos surpreende. Quando a sua fama atingia o topo, ele se retirava ao deserto para orar. Em geral, oramos quando as coisas não vão bem, mas somos demasiado preguiçosos para orar quando estamos em um contexto de aparente “sucesso”. Ponto chave: o problema não está na ação de orar ou não orar nas dificuldades, mas sim em orar incessantemente, de todo coração quando as coisas vão bem.

3. A solitude revela “a agenda” do nosso coração, o que é mais importante em nossa vida. No momento em que as multidões se aproximavam para ouvi-lo, Jesus buscava a solitude. Isso é bem sintomático. Ele deixava de fazer o ministério da Palavra e da cura e se retirava para orar, para ter comunhão com Deus. A oração deve vir antes da pregação da Palavra. Não estou dizendo que a oração seja mais importante que a Palavra, mas que ela não acontecerá sem a Palavra. Estou me referindo especificamente ao ministério da pregação. A pregação da Palavra deve ser fruto de uma vida de oração e não o contrário, como podemos ver nas palavras de E. M. Bounds:

“Estamos constantemente empenhados, senão obcecados, em arquitetar novos métodos, novos planos e novas organizações para fazer a igreja progredir e assegurar a divulgação e a eficiência do evangelho. Essa direção hodierna tem a tendência de perder a visão do homem ou afogar o homem no plano ou na organização.

O plano de Deus é usar o homem e usá-lo muito mais do que qualquer coisa. Homens são o método de Deus. A Igreja está procurando métodos melhores; Deus está buscando homens melhores…

O que hoje a Igreja necessita não é de mais e melhor maquinismo, de novas organizações ou mais e novos métodos, mas homens a quem o Espírito Santo não se derrama através dos métodos, mas por meio dos homens. Não vem sobre maquinaria, mas sobre homens. Não unge planos, mas homens – homens de oração”.

(Cf. O poder através da oração, p. 5-6).

4. A solitude prepara nosso coração para os dias de solidão. Jesus sabia que as multidões poderiam procurá-lo pelos motivos mais egoístas e indignos. Todavia, ele sabia que a fama e o sucesso principiariam o antagonismo. A cura do leproso, bem como a cura do paralítico tornam-se o cenário de transição para Lucas. Depois desses dois episódios, os fariseus e os escribas iniciam oposição ao ministério de Jesus. Oposição esta, que culminará em um complô para que Jesus seja morto, seduzindo, inclusive, as multidões que o seguiam… A solitude nos prepara para os dias maus.

Aplicação

  • O que você tem feito para promover a solitude?

Seguem sugestões práticas para promover a solitude:

  • Analise sua agenda e faça uma avaliação da sua vida de oração.

De 0-10, quanto Deus é o centro dela?

  • Procure um lugar deserto para orar diariamente.
  • Plano de leitura bíblica diária (Robert Murray M’Cheyne)

Fonte: Teomídia

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