Sempre nos dizem que precisamos ser salvos. Você já descobriu do quê você precisa ser salvo?
Dizer que é salvo é quase um jargão no meio cristão. As pessoas vivem falando que são salvas e se orgulham disso. Mas você já se perguntou do que você precisa ser salvo?
Antes de tudo, para ser salvo é preciso estar correndo perigo, caso contrário, a salvação perde o sentido. Por exemplo: uma pessoa que está com uma doença e tem risco de morte pode dizer que foi salva por uma cirurgia bem sucedida. Uma pessoa que está a ponto de ser assaltada e é ajudada por policiais pode dizer que foi salva de perder seus bens. Uma pessoa que está em um prédio em chamas e é resgatada pelos bombeiros, foi salva de se queimar ou até mesmo morrer. Aliás, a ideia de ser resgatado anda junto com a ideia de salvação nas Escrituras, mas voltaremos a isso mais para frente. O importante é perceber que em todos os exemplos citados a pessoa corria algum tipo de risco e precisava de uma intervenção de terceiros.
De qual perigo preciso ser salvo, segundo a Bíblia?
Preciso ser salvo de um perigo muito maior do que ser roubado, ser queimado ou até mesmo a morte física. O homem precisa ser salvo da ira de Deus. Mas para entendermos o que significa essa ira precisamos voltar um pouco mais na história humana, antes da criação do mundo.
Deus é um ser eterno que sempre existiu. E esse Deus eterno é um Deus trinitário, que existe em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Na trindade existe um relacionamento de amor e entrega eterna e perfeita. Então, sempre existiu um amor do Pai amando o Filho, o Filho em retorno amando o Pai e o Espírito sendo o elo de amor entre eles. Em algum momento da história, Deus decidiu criar uma humanidade para repartir esse amor que existia entre as três pessoas da trindade com um ser criado à sua imagem e semelhança. O homem e a mulher foram criados por Deus para, assim como Ele, viver um movimento de entrega e amor tanto a Deus quanto o seu próximo.
Depois da queda você precisa ser salvo!
Como podemos ver no terceiro capítulo do livro de Gênesis, em algum momento a história mudou. O homem e a mulher amaram mais a si mesmos do que a Deus e O desobedeceram, e, a partir daquele momento, uma ruptura foi causada. Os teólogos chamam esse momento de Queda, onde o homem e a mulher caíram de seu estado original e se afastaram de seu Deus.
Desde esse dia, por conta do ser humano ter escolhido viver uma vida autocentrada, uma série de males entraram no mundo. Não precisamos ir muito longe para entender que o homem precisa ser salvo. Para entender o estado da humanidade por conta de suas escolhas, basta assistir o noticiário ou até mesmo olhar pela janela.
Mas existe um fato que é muitas vezes ignorado: Deus continua sendo o Criador do universo, Ele continua sendo soberano sobre todos, até sobre quem não crê Nele. E mais, Deus não é um sádico que cria a humanidade e a deixa sem se preocupar com o que está acontecendo, como um relojoeiro que dá corda em um relógio e depois esquece que ele existe. Não, Ele é um Deus que, assim com um pai amoroso que busca corrigir e mostrar o caminho correto aos seus filhos, busca corrigir e mostrar o caminho ao ser humano. Afinal, que pai gostaria de ver seus filhos fazendo tudo errado e se prejudicando e não interferiria, ou melhor, não se iraria? Mas não como uma ira humana, influenciada pelo pecado, por egoísmo, orgulho e tudo mais. Não! Deus se ira de uma maneira amorosa e pura, diferente de mim e de você.
O ser humano está vivendo uma vida totalmente diferente do que deveria. O homem está olhando para si mesmo ao invés de olhar para Deus e para os outros. Na realidade ele nem sabe que precisa ser salvo de alguma coisa. As pessoas preferem uma vida autônoma ao invés de uma vida de obediência e retidão.
Salvo da ira de Deus?
Por toda a Bíblia podemos ver Deus se irando com o homem e lhe dando chances para mudar o seu caminho. Isso acontece no Éden, na torre de babel, no dilúvio, nos exílios de Israel e por aí vai. Mas é importante ver que, em todos esses momentos, Deus também teve misericórdia do homem. Por exemplo: mesmo com o erro, Deus vestiu Adão e Eva; mesmo com a maldade existente, Deus salvou Noé e sua família do dilúvio para que toda a humanidade não fosse extinta.
Mas apesar disso, o homem continuava e continua se entregando às suas próprias vontades. Podemos ler em Romanos 1:18-32:
Portanto, a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça, pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.
Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se.
Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis.
Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração, para a degradação do seu corpo entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.
Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros.
Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão.
Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam. Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação.
Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais; são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis.
Embora conheçam o justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticam tais coisas merecem a morte, não somente continuam a praticá-las, mas também aprovam aqueles que as praticam.
O texto é longo, mas a ideia de Paulo, seu autor, é bem clara. O homem é indesculpável diante de Deus. Necessita ser salvo e apesar de as pessoas saberem o que é certo e errado, preferem seguir suas vontades pecaminosas. Apesar de verem a criação e perceber que existe um Deus por trás disso, preferem criar seus ídolos e segui-los.
Isso é um motivo de desespero para todos nós. Não é só aquela pessoa que parece horrível diante de nossos olhos que pratica atos que vão contra a vontade de Deus.
Todos pecam e desobedecem ao Senhor. TODOS.
Leia o que é o Evangelho!
Podemos ver isso claramente em Romanos 3:23. Isso quer dizer que todos são alvos da ira divina, da ira de um Deus que odeia o pecado, que odeia ver sua criatura, feita à sua imagem e semelhança, andando pelos caminhos que não deveria.
E a ira de um Deus infinito e poderoso como esse não é algo simples como uma chinelada da mãe, mas é um julgamento eterno (Mateus 25:46). O cenário é desesperador. Quem poderá nos defender?
Não é um homem que pode nos salvar da ira de Deus, nem um anjo, nem nós mesmos. Apenas o próprio Deus pode nos salvar. Somente o ser contra quem pecamos é que pode nos perdoar.
E essa salvação, esse resgate, foi o próprio Deus quem providenciou. Quando o Pai mandou Jesus para morrer pelos nossos pecados (aquele mesmo Jesus que ama e é amado pela eternidade na trindade) foi para que a ira divina não recaísse sobre nós, aqueles que cremos. Quão belo é imaginar que o Pai manda seu Filho eternamente amado para morrer por nós, míseros pecadores!
O perdão para o salvo
Ao reconhecermos que Jesus, como Deus, veio e morreu por nós; e ao nos arrependermos de nossos pecados podemos confiar na promessa de Cristo:
“Eu asseguro: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida.” (Jo 5:24)
E essa é a maior salvação que existe, muito maior do que um prejuízo material ou morte física (Mateus 10:28).
E ela não acontece por nossas obras, não pelo que fazemos, mas foi realizada há dois mil anos pelo único que poderia nos resgatar: o próprio Deus. E desde então, todo aquele que é chamado a fazer parte do seu povo pode voltar a viver a vida que o ser humano foi criado para ter, amando e se entregando à Deus e ao próximo. E mais do que isso, podemos afirmar com certeza: a ira do Deus santo já não recai sobre mim pela obra de Jesus. É disso que sou salvo! Não sou mais filho da ira (Efésios 2), mas filho de Deus. (João 1:12)
Fonte: Teomídia
