Teologia Teologia Sob Medida

Propostas de reforma para a igreja institucional 1/2

Hotel em Promoção - Caraguatatuba

PROPOSTAS DE REFORMA PARA A IGREJA INSTITUCIONAL – PARTE 1

Receba Estudos no Celular!

Esse texto é parte de minha monografia intitulada: “Desigrejados”, da faculdade de bacharel em teologia que conclui. Deixo aqui uma das várias propostas tendo em vista a redenção da igreja institucional.

A famosa contagem do IBGE, censo de 2010, consta aproximadamente 42 milhões de evangélicos. Entretanto, consta-se que quase 13 milhões desse grupo consideram-se não pertencer a denominação alguma.

Enfim, o problema é grave, e trago nessa postagem apenas uma das várias mudanças ou reformas necessárias para que a igreja institucional venha a sobreviver. Felizes os líderes que levarem a sério esse meu texto.

Focar uma eclesiologia a luz do Novo Testamento

Observa-se que esse ponto é um dos principais problemas da instituição evangélica. Sua eclesiologia é muito mais veterotestamentária do que neotestamentária. É triste a confusão que fazem das alianças quando a questão é igreja. É óbvio que não se devem negar todas as características da congregação judaica na congregação cristã, pois, o cristianismo veio do judaísmo. Todavia, a igreja primitiva, no livro Atos dos Apóstolos e cartas paulinas e gerais deixa uma herança na qual toda liderança cristã deveria se focar mais.

Por exemplo: A figura central do sacerdote do Velho Testamento ainda é muito fortemente transferida ao pastor evangélico. Isso tem causado transtorno ao verdadeiro ministério pastoral em uma igreja local. Nota-se que a figura do “capelão” tem sido muito mais divulgada como papel de pastor do que a de “facilitador”.

Em parte alguma do Novo Testamento encontra-se o pastor ou bispo ou presbítero (palavras similares no grego para representar o líder cristão de uma congregação) como mediadores entre o povo e Deus. Isso é uma contradição muito grande com a base da fé cristã. Jesus é o único mediador entre Deus e os homens (cf. 1Tm.2.5). E a mensagem que o evangelho passa é de que todos os cristãos são sacerdotes de Deus. A Bíblia assim diz: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. (1Pe.2.9 o grifo é meu). A verdade bíblica neotestamentária é superior a do Velho Testamento (cf. Hb.7.22; 8.6).

Se uma instituição evangélica deseja passar por uma reforma, deve também passar por essa mudança de pensamento quanto à figura do seu líder eclesiástico. Instituições que prezam muito pelo modelo de igreja tradicional, onde o pastor é visto como “sacerdote”, “ungido” e “profeta” são modelos regados à base de trechos do Antigo Testamento sem as devidas adequações a Nova Aliança que foi implantada pelo nosso Senhor Jesus Cristo.

Está escrito: “A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus”. (Lc.16.16a). Jesus tornou-se o centro dos três ofícios do Velho Testamento: Profeta, sacerdote e rei. Esses ofícios são intransferíveis (na qualidade que estão no AT) para terceiros, encerraram-se em Jesus.

Deve-se observar, por exemplo, profecia de Ezequiel, muito usada como fundamento para se cobrar presença e acompanhamento por parte dos pastores. Ocorre, entretanto, que essa profecia não tem nada a ver com pastores cristãos. Até mesmo porque nem existia a igreja de Cristo nessa época. A profecia de Ezequiel direcionada aos sacerdotes e líderes de Israel é uma forma profética de anunciar o Messias, o legítimo sacerdote do povo. Convém proceder-se à análise de alguns trechos dessa profecia: “Ai dos pastores de Israel que apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? […] A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazes e a perdida não buscastes, mas dominais sobre elas com rigor e dureza”. (Ez.34.2b,4). O profeta revela a fraqueza da liderança humana, limitada e pecadora do sacerdote veterotestamentário ante os dilemas da vida espiritual da congregação de Israel. Depois de relatar essa falha humana e nos versos seguintes, consequentemente, a dispersão do povo, o profeta foca-se na revelação messiânica:

Eis que eu mesmo procurarei as minhas ovelhas e as buscarei. Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que encontra ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas; livrá-las-ei de todos os lugares para onde foram espalhadas no dia de nuvens e de escuridão […] Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas e as farei repousar, diz o SENHOR Deus. A perdida buscarei, a desgarrada tornarei a trazer, a quebrada ligarei e a enferma fortalecerei; mas a gorda e a forte destruirei; apascentá-las-ei com justiça […] Suscitarei para elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor. Eu, o SENHOR, lhes serei por Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu, o SENHOR, o disse. (Ez.34.11,12,15,16,23,24).

É por isso que Jesus se apresenta em João 10 como “pastor” fazendo alusão a essa profecia! E ninguém pode substituí-lo! Não tem como. Somente Cristo pode suprir as necessidades de um cristão (cf. Sl.23). Somente Cristo pode mediar pelas pessoas junto a Deus, e mais ninguém. E somente Cristo é o “cabeça” da igreja. Comumente se ouve falar em instituições de modelos tradicionais em que o pastor é o cabeça. Este quadro precisa mudar! É necessária uma reforma na instituição. A Bíblia é clara: “porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo”. (Ef.5.23); “Ele é a cabeça do corpo, da igreja”. (Cl.1.18a); “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”. (Ef.4.15). O corpo de Cristo não é um “bicho de duas cabeças”.

O pastor de uma congregação é alguém constituído pelo Espírito Santo para guardar, administrar, edificar, aperfeiçoar o rebanho de Deus. Ocorre, entretanto, que ele não é o cabeça da igreja, ele é um facilitador do rebanho e da obra divina na terra por meio da igreja de Cristo. O Novo Testamento deixa claro isso: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo”. (Ef.4.11,12 grifo nosso). “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue”. (At.20.28 grifo nosso). “pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?”. (1Tm.3.5 grifo nosso). “Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória”. (1Pe. 5.4 grifo nosso). As palavras grifadas ajudam a “desenhar” o perfil da figura de liderança neotestamentária sem que venha a usurpar o lugar de Cristo e sem copiar o perfil sacerdotal do Velho Testamento. Torna-se primordial a cuidadosa análise de cada detalhe deste perfil:

a) Pastores: Esse é o único texto do Novo Testamento relacionando a pessoas fora Cristo como pastor. Essa palavra está associada a outras como “dons” dados pelo próprio Cristo (ver v.8). O dom de pastorear é dado aos líderes de uma congregação para que possam guiar o povo até que Cristo venha (Hb.13.17).

b) Aperfeiçoamento e edificação: Pastores não foram chamados para serem sacerdotes, ungidos ou mediadores numa congregação. O papel deles é de “aperfeiçoar”, fazer com que os cristãos se tornem mais maduros, mais preparados para a realização da obra de Deus. Trazendo com isso “edificação”, isto é, crescimento a igreja de Cristo. Uma congregação onde as pessoas não sabem nada ou quase nada de Bíblia, onde não se realiza o “ide” de Jesus, onde não são cristãos excelentes, com certeza não está em edificação. Mas, em queda.

c) Pastoreardes: Tomar conta, apascentar, trazer alimento para o rebanho. O pastor de uma congregação tem o dever de trazer a Palavra de Deus expositivamente ao rebanho de Deus. Tem o dever de guardar o rebanho contra os ataques externos e internos dos erros morais e doutrinários que venham possivelmente assediar o rebanho. Retratado claramente nos versos de Atos 20.28 (v.29,30).

d) Governar, cuidar: É um comparativo que Paulo faz do Bispo que, sendo um bom governante de sua casa, também o será na igreja. Ressaltando assim o perfil de um pai de família no governo: da parte administrativa, educativa, aconselhamento e provisão de alimento espiritual. Para tudo isso o pastor local vai buscar subsídio na Palavra de Deus e na oração. Ministérios estes designados à liderança cristã do Novo Testamento (cf. At.6.4).

e) Sumo Pastor: Finalmente, Pedro, dirigindo-se aos presbíteros em sua carta, ressalta que o pastoreio humano é finito, limitado, interino e submisso a superioridade de Jesus.

A igreja de Cristo não é um lugar, ela se reúne num lugar a figura pastoral sozinha não tem como ser o corpo de Cristo na terra. O pastor sozinho não poderá fazer o que Cristo faz e fez. Jamais lhe substituirá. Até mesmo por suas impossibilidades naturais e frágeis. Por ser humano e pecador. É neste ponto que aparece a igreja verdadeira: que é o corpo de Cristo.

Os cristãos que se reúnem em uma congregação devem aplicar as ordenanças dadas na Nova Aliança, que foram:

a) Suportar e perdoar uns aos outros (cf. Cl.3.13);

b) Admoestar uns aos outros a se congregar (cf. Hb.10.25);

c) Amar uns aos outros (cf. Jo.13.34,35; 1Pe.4.8);

d) Honrar uns aos outros (cf. Rm.12.10);

e) Acolher uns aos outros (cf. Rm.15.7);

f) Sujeitar uns aos outros (cf. Ef.5.21);

g) Edificar e consolar uns aos outros (cf. 1Ts.5.11);

h) Confessar os pecados uns aos outros (cf. Tg.5.16);

i) Servir uns aos outros (cf. 1Pe.4.10);

j) Instruir e aconselhar mutuamente (cf. Cl.3.16a).

Estas atribuições não são de um homem só, mas de todos aqueles que se dizem cristãos e membros do corpo de Cristo! Bem disse Martinho Lutero (1520. Citado por Bettenson. 1983. P.243):

Se é certo o artigo da nossa fé ‘creio na Igreja Cristã’, então o papa não pode estar certo sozinho; do contrário deveríamos dizer: ‘creio no papa de Roma’ e reduzir a Igreja cristã a um único homem, o que é uma heresia diabólica e condenável. Além disto, somos todos sacerdotes, como já disse, e todos temos uma fé, um Evangelho, um sacramento […].

Postarei as demais propostas de reforma para a igreja institucional aqui no blog. Quem desejar minha monografia completa é só me solicitar no e-mail: [email protected] que Deus ajude o seu povo.

____________________________________________________________________________________________________

PROPOSTAS DE REFORMA DA IGREJA INSTITUCIONAL – PARTE 2

Trechos de minha monografia sobre os desigrejados:

Voltar ao evangelho puro e simples

O evangelho tornou-se impuro tal e qual o evangelho do catolicismo romano. Impuro porque seus valores foram soterrados por muitos pensamentos pagãos e mundanos. E também complicado, porque a igreja evangélica adicionou vários dogmas que sufocam a fé.

O que muitos desses “desigrejados” estão fazendo é na verdade um “nado” para cima em buscar de ar em meio a um oceano de invencionices humanas dentro da instituição. Cheias de ganância, interesses pessoais, heresias, ciúmes, autocracia, tática comercial e até insanidade mental. A proposta de muitos remanescentes da igreja institucional é voltar ao evangelho puro e simples de Jesus. E para isso:

Envolve uma volta a priorização da pregação da mensagem da cruz. Nota-se nitidamente na mídia, a presença da igreja institucional com uma mensagem que prioriza os bens materiais, saúde e auto-ajuda. Isso não trás salvos para dentro da igreja! Isso não gera discípulos de Cristo. A igreja institucional esta cheia de gente ímpia, gananciosa e sem base alguma no verdadeiro cristianismo por conta disso! Da ausência da mensagem da cruz. A Bíblia ensina: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”. (Rm.1.16). Ora, se não é pregado o “evangelho” que consta a mensagem da cruz, como haverá ouvintes convertidos por meio de uma mensagem pregada? Uma ilusão gospel!

Envolve o retorno ao desafio magnífico de Cristo: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”. (Mt.16.24b). Negar as vontades, morrer o eu, tomar o sofrimento consequente da causa da cruz e acompanhar o estilo de vida de Cristo não é animador para aqueles que querem trabalhar uma mensagem agradável e de massageio dos egos. Todavia, se há o desejo de reformar a instituição cristã, esse ato de arrependimento é fundamental.

Envolve falar mais de Jesus e menos de si mesmo e da denominação. O foco das pregações está mais pra uma propaganda da instituição religiosa e uma autopromoção de lideranças do que a proclamação do Cristo Salvador e Senhor. Voltar ao evangelho puro e simples é centralizar, glorificar e singularizar a pessoa de Jesus na proclamação da mensagem da igreja institucional.

Envolve por fim ao show gospel. Isso tem que parar. Tudo tem um show, um espetáculo. A instituição cristã mais parece um circo do que uma expressão visível do corpo de Cristo. Se há o desejo de uma reforma na instituição religiosa, tem que implodir o palco: do exorcismo, da música gospel, da autopromoção, do culto a personalidade, do milagre, das arrecadações financeiras, dos ídolos cantores, das encenações proféticas e das manifestações esquizofrênicas, da manipulação e sugestão mental e do hipnotismo.

Envolve uma filtragem recolhendo todo o sincretismo religioso local inserido na prática do culto evangélico que levou a uma perca de identidade. Onde ninguém sabe mais o que seja: se é uma instituição cristã ou um terreiro de candomblé ou uma mesquita islâmica ou um bosque budista ou uma loja maçônica. Portanto, a filtragem de todo o sincretismo religioso resultará em uma mensagem do evangelho puro de Jesus Cristo.

Envolve uma minimização ou até remoção dos dogmas inseridos ao longo das décadas passadas. Existem dogmas doentios que sufocam a igreja. Outros que amarram a igreja. E ainda outros que ofuscam as doutrinas bíblicas. Se há o desejo de uma reforma na instituição eclesiástica, solucionar essa problemática seria um bom começo. Na hermenêutica bíblica, consta a seguinte regra: “Uma doutrina não pode ser considerada bíblica, a menos que resuma e inclua tudo o que as Escrituras dizem sobre ela”. (OLIVEIRA. P.151. 1989). Isto é, se a Bíblia não resume tudo sobre um determinado ensinamento de uma denominação, pode ter certeza, aqui se encontra um dogma. Ou no mínimo, uma linha teológica. Assim, porque a insistência, imposição e exposição de tal ensinamento no púlpito ou na mídia se não é uma doutrina bíblica? Talvez se diga: “é porque está implícito na Bíblia, mas é uma doutrina”. Entretanto, há outra regra da hermenêutica bíblica que diz: “Um ensinamento simplesmente implícito nas Escrituras pode ser considerado bíblico quando uma comparação de passagens correlatas o apóia”. (OLIVEIRA, P.158. 1989). É necessário que haja uma reflexão cuidadosa sobre alguns pontos: há uma comparação de passagens correlatas que apóie tal ensino? Isto é, há um paralelismo de versos bíblicos que dão respaldo a tal pensamento? Se a resposta for negativa, é um dogma da denominação. Onde deveria (se não descartado), pelo menos colocá-lo a margem da mensagem da instituição eclesiástica e foca-se mais no que é central e bíblico! Exemplo: o amor de Deus, o seu evangelho, a graça, a mensagem da cruz, etc.

Fonte: Anti Heresias

{jacomment on}

Hotel em Promoção - Caraguatatuba

Deixe um Comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.