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Os atributos de Deus

Os atributos de Deus
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Os atributos de Deus são a chave para a compreensão dos valores morais.

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Imagine uma banda em que cada músico toca em seu próprio tom e em seu próprio ritmo. Seria uma grande confusão não é? Existem regras necessárias para que o som da banda, como um todo, faça sentido, encontre ordem. Qualquer pessoa ao ouvir essa confusão, perceberá que algo está errado – mas somente com conhecimento musical ela poderá dizer, exatamente, o que está fora de ordem. Assim como regras são necessárias para tocar uma música, regras são necessárias para o convívio social. Não estou, aqui, condenando a individualidade; apesar de tocar a mesma música, uma banda cover, por exemplo, soará sempre diferente da original. Mesmo sob regras a individualidade de cada músico é preservada – dentro, porém, de limites.

Você pensa que os músicos estão tocando qualquer coisa e, de repente, tudo sai perfeito? Assim como sabemos que uma sinfonia implica regras musicais, a mínima organização entre as pessoas pressupõe a existência de regras morais. E, assim como as regras musicais apontam para a existência de um maestro, as regras morais apontam para a existência de um Deus.

O objetivo deste artigo é procurar compreender a raiz dessas regras e como elas se comunicam conosco.

Os atributos comunicáveis e incomunicáveis de Deus

No capítulo 10 do best-seller evangélico “O Conhecimento de Deus”, o autor J.I. Packer dedica-se a explicar os conceitos de atributos incomunicáveis e comunicáveis de Deus.

Os atributos incomunicáveis, segundo ele, são aqueles que “enfatizam a transcendência de Deus e mostram quão vasta é a diferença entre Deus e nós, suas criaturas”. Entre esses atributos encontram-se a independência (no sentido de autossuficiência), a imutabilidade, a infinitude, a simplicidade, a onipotência, a onipresença etc. São incomunicáveis porque são características unicamente de Deus.

No segundo estão, em especial, os atributos morais – bondade, verdade, santidade, justiça, entre outros. Essa comunicação está expressa nas Escrituras quando nos falam que Deus fez o homem à sua própria imagem (Gn 1.26).

Millard J. Erickson, em sua Teologia Sistemática, também enfatiza os atributos morais de Deus:

Ao tomar decisões, Deus de fato segue um padrão objetivo de certo e errado, um padrão que faz parte da própria estrutura da realidade. Mas esse padrão seguido por Deus não lhe é exterior – é sua própria natureza. (ERICKSON, Millard J. Teologia Sistemática. São Paulo. Editora Vida Nova. 1a Edição 2015. p. 280.)

Disso podemos concluir que a essência do pecado é a negação de alguns dos atributos morais de Deus em detrimento da nossa própria vontade. Nas palavras de Erickson:

A essência do pecado não consiste em darmos preferência a nós, em vez dos outros, mas em preferirmos alguma coisa finita ao valor supremo – Deus. Portanto, mesmo a preferência altruísta por outra pessoa no lugar de Deus está errada. (ERICKSON, Millard J. Teologia Sistemática. São Paulo. Editora Vida Nova. 1a Edição 2015. p. 280.)

Quando Deus nos pede para sermos santos porque Ele é santo (Lv 11.44,45), Ele não está pedindo que sejamos um outro deus. Deus quer que manifestemos os atributos imputados por Ele mesmo ao nos criar, visto que o pecado nos impede de agir da maneira apropriada. Por conta do pecado, nossa capacidade de discernimento foi manchada. Por isso, foi necessário que Deus revelasse a sua lei de maneira escrita (Rm 7.7,8).

A natureza de Deus e a sua lei

As Escrituras, no Salmo 19.7-9, nos revelam:

“A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma. Os testemunhos do Senhor são dignos de confiança, e tornam sábios os inexperientes. Os preceitos do Senhor são justos, e dão alegria ao coração. Os mandamentos do Senhor são límpidos, e trazem luz aos olhos. O temor do Senhor é puro, e dura para sempre. As ordenanças do Senhor são verdadeiras, são todas elas justas” (NVI).

A lei de Deus é perfeita porque Ele, e tudo o que dele provém, é perfeito. A Lei, portanto, nos fala sobre a natureza de Deus e também sobre os atributos que Ele nos comunicou na criação.

Já sabemos que Deus age sempre em conformidade com a Sua natureza, com a Sua lei. Além disso, é importante comentar que Deus administra a Sua criação de acordo com ela. Por Sua imutabilidade, retidão e justiça, Deus não demonstra favoritismo ou parcialidade em seus julgamentos.

Um dos questionamentos mais comuns é se existe algum tipo de tensão entre os atributos de Deus e suas ações. Por exemplo: Deus pode ser todo justo e todo amoroso sem causar conflito em sua própria natureza? A resposta é sim. Não existe qualquer conflito nisso. A justiça de Deus é amorosa e seu amor é justo. Deus é um ser integrado e os atributos divinos estão em harmonia. Nossas atitudes de amor e justiça precisam buscar também esse padrão. Erickson complementa dizendo:

Amar no sentido bíblico, então, não é simplesmente fazer um favor a alguém próximo. Antes, envolve também a justiça. Isso significa que haverá um interesse pelo bem-estar final de toda a humanidade, um desejo forte de fazer o que é certo e o reforço das consequências adequadas para atos errados. (ERICKSON, Millard J. Teologia Sistemática. São Paulo. Editora Vida Nova. 1a Edição 2015.)

A Lei Natural

Podemos, de certa forma, dizer que a Bíblia reconhece o conceito de Lei Natural, muito conhecida através dos pensadores gregos Aristóteles e Platão. A grande diferença é que os pensadores gregos não ligavam diretamente o conceito à natureza do Criador de todas as coisas, já que não tiveram acesso à revelação especial de Deus, a Bíblia.

Em Romanos, Paulo afirma que aqueles que não conhecem a lei revelada de Deus

“… praticam naturalmente o que ela ordena, tornam-se lei para si mesmos, embora não possuam a lei; pois mostram que as exigências da lei estão gravadas em seus corações. Disso dão testemunho também a consciência e os pensamentos deles, ora acusando-os, ora defendendo-os.”  (Rm 2.14,15).

Por conta da comunicação dos atributos morais à criação do homem, todos são indesculpáveis diante dele. O argumento de que Deus é injusto ao condenar uma pessoa por leis que não conhece é, portanto, falso:

“Portanto, a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça, pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis” (Romanos 1. 18-20 NVI).

Calvino, em suas Institutas, trabalha o conceito de sensus divinitatis, que é uma espécie de “semente da religião”, plantada por Deus em cada ser humano. O homem é naturalmente capaz de ter uma percepção do divino e de seus atributos. Mas, novamente, essa percepção foi completamente afetada pelo pecado (total depravação). Nas palavras de Calvino:

Existe na mente humana, por intermédio de um instinto natural, um senso do divino. Tomamos essa afirmação como algo indiscutível. Para que ninguém possa se escusar com o pretexto da ignorância, Deus sempre renova e, certas vezes, até amplia essa percepção, de forma que todas as pessoas, reconhecendo que existe um Deus e que ele é o criador, sejam condenadas por seu próprio testemunho, pois deixaram de adorá-lo e de entregar suas vidas a seu serviço… (CALVINO, João. Institutas da Religião Cristã I.iii. 1-2.)

A revolta dos galhos contra a árvore

A tentativa de usar do nosso senso moral natural, com outro sistema de normas, é bastante comum: pode ser através de outras religiões ou, como ocorre nos dias de hoje, através das ideologias. As ideologias tentam ignorar os princípios morais revelados por Deus, mas não percebem que usam a capacidade de julgamento dada pelo próprio Deus. Elas se utilizam de algum princípio moral válido e os usam de forma pervertida e distorcida, acabando por engolir e ignorar outros princípios igualmente válidos e verdadeiros.

C.S. Lewis, em seu livro “A Abolição do Homem”, diz:

A rebeldia das novas ideologias contra o Tao (ou valores morais tradicionais) é a rebeldia dos galhos contra a árvore: se os rebeldes pudessem vencer, descobririam que destruíram a si próprios. A capacidade da mente humana para inventar novos valores não é maior do que a de imaginar uma nova cor primária, ou, na verdade, a de criar um novo sol e um novo céu no qual ele se mova. (LEWIS, C. S. A Abolição do Homem. 2a edição. WMF Martins Fontes, São Paulo 2014 p. 43.)

Portanto, cuidado: quando rejeitamos aquilo que Deus nos diz para seguir, estamos rejeitando o próprio Deus. Sua Palavra sempre será o critério supremo para nos dizer o que é certo e o que é errado.

Fonte: Teomídia

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