Estudos Bíblicos Estudos da Semana Notícias Gospel Teologia Sob Medida

O Culto a Deus

O Culto a Deus
Hotel em Promoção - Caraguatatuba

O culto a Deus não pode ser feito conforme a imaginação humana. Deus deseja ser cultuado de maneira específica.

Receba Estudos no Celular!

De maneira geral, a realidade brasileira é a de igrejas que cultuam sem ter um bom entendimento da teologia do culto. Cultuam por tradição, e assim o fazem domingo após domingo.

Há algum problema com isso?

O problema é que a Bíblia é objetiva em relação ao culto prestado ao Supremo Criador. É necessário haver entendimento. A Bíblia nos fala de um culto racional que pede os nossos corpos como sacrifício, não mais morto, mas vivo, santo e, acima de tudo, agradável a Deus.

Esse é o ponto!

Como é o culto que agrada a Deus? Deus aceita qualquer coisa, desde que seja sincero?

O versículo de Romanos 12.1 nos mostra vários pontos sobre o culto, e nos coloca em cheque para que aprendamos mais sobre como apresentar a Deus o que chamamos de culto ao Senhor.

Não! Não é ao nosso modo, do nosso gosto, do nosso “jeito”, nem com nossas preferências (apesar de que, à medida que praticarmos o que Deus deseja, agradar a Deus acabará se tornando a nossa preferência).

À essa luz, pergunta-se:

Será que podemos fazer uso de todas as culturas, de todos os países, como formas de adoração ao Senhor? Ou existe somente uma única maneira bíblica de adoração? O mundo todo deve utilizar uma única maneira bíblica de adoração? Como seria, então, com nossos irmãos africanos e suas danças? Será que as belíssimas orquestras europeias poderiam tocar nos momentos solenes de culto ao Senhor? Será que existe uma cultura litúrgica universal?

Penso que esses são grandes problemas para se responder biblicamente.

A abordagem deste artigo é sobre o culto corporativo, o culto público, coletivo.

O Princípio Regulador

princípio regulador surge da busca de que as Escrituras devem dirigir a forma de se cultuar ao Senhor. O princípio é: somente o que for expressamente ordenado pelas Escrituras deve ser apresentado como culto a Deus.

Contrapondo essa ideia, porém, existe o princípio normativo que diz: o que não é proibido pelas Escrituras, é permitido.

Percebe-se que a prática mais corrente é a segunda opção, o princípio normativo.

Se o Salmo 150 fala de louvar com danças, não importa o contexto e as explicações culturais. Poderemos então, usar danças em nossos cultos seguindo a sugestão do salmo.

Podemos ir mais longe. A Bíblia não proíbe cultuar a Deus fumando um charuto. Seria, então, permitido fumar durante o culto?

Os crentes, de modo geral, bem como as igrejas, rejeitam o princípio regulador alegando frequentemente ser ele uma espécie de “legalismo” ou apego ao “tradicionalismo”. Isso, no entanto, diz respeito somente às igrejas que têm conhecimento da existência desse princípio, porque na prática o que impera é um desconhecimento a respeito desse assunto.

Por conta disso, ao observarmos o crescente movimento reformado no Brasil, percebemos que muitos deles não compreendem a importância de se ter um culto reformado. São reformados na Soteriologia, mas não no culto. Ou seja, a aplicação da Sola Scriptura não chega à realidade do culto.

Outra causa do porquê das igrejas não aplicarem o princípio regulador é o entendimento equivocado do propósito da Igreja de Cristo. A maior parte das igrejas entende que a Igreja de Cristo existe para promover missões ou pregar o evangelho. De fato, isso tem seu lugar e importância, mas são, certamente, preocupações secundárias.

John Piper diz em um de seus sermões:

“Missões é dizer às nações para louvarem a Deus e dar-lhe as razões e evidências de boas coisas a se fazerem; é  contar a eles a história de como o grande Deus está envolvido na História, como liberou grande conhecimento sobre Jesus Cristo, o Filho que veio, viveu, morreu por nossos pecados, ressuscitou dos mortos superando todas as coisas que o seguravam e reina à destra de Deus, que responde sua oração, e lhe dá vida eterna!  Creia nele! E que todos comecem a louvá-lo como a pessoa mais preciosa no Universo; é para isso que serve missões!”

O interessante dessa frase é que até as missões estão subordinadas ao propósito de dar glórias a Deus.

Outra observação pertinente de John Piper é o comentário que faz sobre a primeira pergunta do catecismo maior de Westminster:

“Qual o fim primeiro e principal do homem?

Resposta: Glorificar a Deus e gozá-lo eternamente.”

Em seguida Piper faz a genial pergunta: “E qual é o fim primeiro e principal de Deus?” Ele responde: “O mesmo, glorificar a Ele mesmo e gozá-lo eternamente.”

O que é necessário compreender, primeiramente, é que o propósito da Igreja de Cristo é glorificar a Deus (Trindade). Aliás, esse é o objetivo de toda a criação e todo esse movimento criativo de Deus que envolve, Criação, Queda, Redenção e Consumação.

A teóloga anglo-católica Evelyn Underhill disse:

“O culto cristão se distingue por ser sempre condicionado pela crença cristã; e particularmente pela crença sobre a natureza e a ação de Deus, resumida nos grandes dogmas da Trindade e da Encarnação.”

Underhill tem razão quando diz que o culto se resume nos grandes dogmas da Trindade e da Encarnação.

Deus quer um povo que o adore. Ele, então, decide eleger, criar, escolher e conduzir esse povo à Sua adoração. Portanto, o povo que adora Deus, é o povo que foi formado por Deus para isso, e a Bíblia o chama de Igreja. Enquanto esse entendimento não for absorvido, as igrejas terão dificuldade de adorar a Deus de modo que Ele fique satisfeito.

O princípio regulador tem como preocupação adorar a Deus como Deus quer ser adorado, pois sua revelação completa e suficiente está nas Escrituras. Não sabemos, naturalmente, como adorar a Deus, por isso Deus mesmo nos ensina como fazê-lo.

O teólogo metodista Paul W. Hoon diz:

“O culto por definição é cristológico, e a análise do significado do culto precisa ser fundamentalmente cristológica, tal culto é profundamente encarnacional por ser governado por todo o evento de Jesus Cristo. O culto cristão está vinculado diretamente aos eventos da história da salvação. Cada evento nesse culto está ligado diretamente ao tempo e à História, enquanto cria pontes para eles e os traz para dentro do nosso presente. O núcleo do culto é Deus agindo para dar sua vida ao ser humano e para levar o ser humano a participar dessa vida. Por isso tudo o que fazemos como indivíduos, ou como igreja, é afetado pelo culto. A vida cristã é uma liturgia.” (Hoon, Paul The integrity Of Worship).

Hoon ainda sustenta que o culto cristão é a auto-revelação de Deus em Jesus Cristo e a resposta do ser humano, ou uma ação dupla; a ação de Deus para com a alma humana em Jesus Cristo e a ação responsiva do ser humano através de Jesus Cristo. Por meio de sua Palavra, Deus revela e comunica seu próprio ser ao ser humano. Para Hoon as palavras-chave a respeito do culto são “Revelação e Resposta”. No centro de ambas está Jesus Cristo, que revela o Pai a nós e por meio do qual damos a nossa resposta.

James F. White em seu livro “Introdução ao Culto Cristão” (ed. Sinodal) cita Dinonisio Borobio no livro “A Celebração na Igreja”:

“… enquanto as religiões circundantes são religiões de natureza, cujo culto é a transposição ritual do mito do eterno retorno, do incessante morrer-renascer do cosmos, a religião bíblica judeu-cristã refere-se fundamentalmente a acontecimentos históricos, sendo a coluna vertebral do seu culto o conceito de memória.

A fé de Israel tem seu centro em Iahweh, Deus único e pessoal, cuja presença ativa na História busca libertar e salvar seu povo e estabelecer uma aliança de amor com ele. A experiência básica do Êxodo, como movimento de libertação e constituição do povo no nível político, traz consigo no plano religioso, um movimento de conversão e aceitação da fé em Iahweh, que implica, por sua vez, uma nova categoria de culto. Todo culto, na história de Israel, está intimamente orientado para relembrar esse acontecimento-chave.

Em consequência, as formas cúlticas praticadas antes receberão uma reinterpretação. Assim, as grandes festas do ano, tendo à frente a Páscoa, cujas raízes cósmico-naturalistas são de fácil reconhecimento, adquirirão uma nova significação no nível histórico, chegando a ser memorial para as sucessivas gerações: memorial cuja organização interna segue a tríplice dimensão do tempo, visto que, evocando o passado, a celebração de algum modo torna presente, diante dos participantes, o acontecimento, ao mesmo tempo em que os situa numa dinâmica de futuro e de esperança, à espera de um novo Êxodo definitivo.”

Ele faz, aqui, uma ligação perfeita com o culto neo-testamentário subordinado e não desvinculado com toda história de Deus na história do povo de Israel.

Há um pensamento comum de que Deus está no seu alto e sublime trono, e que somos tão pequenos, de um modo que, Deus não está muito preocupado com o modo como O adoramos. Esse pensamento, porém, não é nada bíblico.

Em João 4.22 Jesus diz à mulher samaritana:

“Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus.”

O que Jesus diz aqui é que a mulher adorava de maneira errada. Não só ela, mas os samaritanos que criaram um outro templo em um outro monte, desobedecendo assim o que Deus havia instituído. Só havia um lugar e um modo para se adorar o Deus verdadeiro: “A salvação vem dos judeus”.

Jesus está reprovando a forma com que os samaritanos resolveram a questão do culto. Eles criaram um outro lugar, um outro modo e consequentemente criaram um outro “deus”.

Em João 4.24 Jesus diz:

“Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.”

Jesus faz uma revelação de que Deus exige uma forma correta de adoração, porque essa forma correta está em consonância à sua forma de ser. Ele é Espírito, importa que O adoremos em espírito e em verdade.

O que isso significa?

Em verdade

O termo “em verdade” está relacionado à forma de adoração. É o modo bíblico de adorar. Se existe um modo certo de fazer é porque existe um modo errado. O modo certo é observando o que as Escrituras orientam desde Gênesis até Apocalipse, de como o Santo Deus deve ser adorado. A isso chamamos de princípio regulador de culto.

Em espírito

Em espírito diz respeito a intenção como cumprimos o ordenado. Devemos fazer o que é certo com a intenção certa, com inteireza e sinceridade de coração.

Se fizermos o que é verdade sem o espírito, nos tornamos legalistas, cumpridores de um ritual morto. E se formos somente espírito sem verdade, seremos apenas empíricos, sentimentalistas, adorando um deus da nossa mente, mas não o Deus Santo e verdadeiro.

O Culto

No Culto a Deus, oramos, cantamos, ofertamos, pregamos e cumprimos os sacramentos. É isso que existe em um culto a Deus, com o seguinte cuidado:

  • Oramos a Palavra de Deus. Deus reservou o maior livro das Escrituras (Salmos) para ensinar como devemos orar em cada circunstância da vida e em cada estado psicológico pelos quais passamos.
  • Cantamos a Palavra de Deus. Deus é louvado pela Sua palavra. É imprescindível que as músicas cantadas tenham porções da Palavra de Deus ou referências diretas às Escrituras.
  • Ofertamos a Deus. A oferta é algo instituído desde os primórdios. Os servos de Deus “devolvem” parte daquilo que Deus tem dado materialmente como forma de gratidão ao Senhor, entendendo que assim a igreja deve ser sustentada.
  • Pregamos a Bíblia de maneira expositiva, no entendimento e na confiança de que a Palavra de Deus será o alimento para o Seu povo. O pregador se torna, naquele momento,  “boca de Deus” para a igreja, trazendo o mais puro alimento.
  • Ministramos os sacramentos, ceia e batismo. Esses elementos devem estar presentes no culto cristão, mesmo que não seja em todas as celebrações. São marcas de uma igreja fiel. Os crentes são alimentados espiritualmente do pão (corpo de Cristo) do vinho (sangue de Cristo) e lavados pelas águas do batismo.

Esses são símbolos que Cristo instituiu como distintivos de qualquer outra organização religiosa. Os servos de Cristo, cumprem esses símbolos mostrando que fazem parte de Seu Reino.

Para finalizar, uma observação sobre a utilização da música no culto cristão.

Não podemos passar pelo fato de que nossas igrejas foram influenciadas pela cultura secular. Mais do que isso, nós “gospelizamos” elementos da cultura secular e os empurramos “goela abaixo” da igreja. Criou-se, também, um mercado, ou uma indústria que produz música com o objetivo maior de obter lucro e não o de auxiliar a igreja no canto e no louvor.

Essa é a situação atual de muitas igrejas.

O púlpito virou palco. O pastor passou o microfone ao dirigente de cânticos que virou uma espécie de apresentador de show de variedades. O culto suprimiu todos os elementos litúrgicos para um grande momento de música apenas. Com isso, uma banda cada vez maior surge para dar mais plasticidade àquela manifestação de arte!? Digo, aquele suposto culto.

Pois é, assim começou a confusão. Se devemos apresentar o melhor para Deus, por que não transformamos a igreja em uma Broadway? Penso que seja esse o raciocínio implícito.

O canto congregacional deve ser a principal forma de louvar a Deus com a música, pois traz muitos benefícios à igreja local.

O livro “Igreja Intencional” de Mark Dever e Paul Alexander, traz observações importantes nesse ponto do canto congregacional:

  • Forja a unidade em torno da doutrina e prática distintivamente cristãs.
  • Ressalta a natureza corporativa da igreja.
  • Ressalta a natureza participativa da igreja.
  • É o modelo apresentado pelas Escrituras.

O culto a Deus é simples. A música deve ser a mais bela possível, mais bíblica possível, mais poética possível, mais cantável possível, para que a congregação seja protagonista desse espetáculo (conceito bíblico de espetáculo) que tem um único ser na plateia: O Deus Santo.

Fonte: Teomídia

Hotel em Promoção - Caraguatatuba