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Jesus não vivia a mesma teologia dos evangélicos, diz teólogo

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O professor de religião da Universidade de Rice acredita que há um abismo muito menor entre cristianismo e judaísmo do que muitas pessoas imaginam.

Ao visitar igrejas e sinagogas para promover uma maior compreensão entre cristianismo e judaísmo, o professor de religião da Universidade de Rice, Matthias Henze, se concentra em um período específico: o intervalo de quatro a cinco séculos entre o Antigo e Novo Testamento.

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De acordo com Henze, os “breves séculos” — entre o século 4 a.C. e o primeiro século —  são cruciais para entender que há um abismo menor entre as duas religiões do que muitas pessoas imaginam.

Ele observa que os textos religiosos hebraicos deste período, incluindo os Pergaminhos do Mar Morto, descrevem Jesus Cristo como um judeu que praticava o judaísmo de seu tempo. “Uma vez que entendemos Jesus como parte de um mundo judaico maior, estamos fazendo muito mais justiça ao Novo Testamento”, disse ele ao jornal Times of Israel.

Essa lacuna começou depois que os últimos livros do Antigo Testamento foram escritos no século 4 a.C. (a única exceção é o Livro de Daniel, do século 2 a.C.). Fechando a lacuna, o Novo Testamento foi escrito na segunda metade do primeiro século d.C.

Nesse período de intervalo, os reinos de Israel e Judá foram governados, sucessivamente, pelos persas, gregos, hasmoneanos e romanos. No final do período, Henze afirma que os judeus experimentaram novas ideias e o cristianismo emergiu.

“Veio Jesus, o herdeiro dessas ideias”, explica. No entanto, o novo movimento iniciado por Jesus foi seguido por atos retributivos, como a Sua crucificação e a destruição do Segundo Templo.

Registros antigos

Os Pergaminhos do Mar Morto, compilados pelos Essênios em Qumran, na Cisjordânia, estão entre os textos religiosos hebraicos mais conhecidos do período das lacunas. Segundo Henze, essas e outras obras lançam luz sobre o judaísmo de Jesus.

“Abrimos o Novo Testamento e achamos Jesus como parte do judaísmo de seus dias”, disse o professor. “Ele era judeu, nascido em Israel de pais judeus, foi criado lá, foi apresentado ao Templo e morreu judeu”.

Réplica de segmento dos Manuscritos do Mar Morto, que possuem mais de 2 mil anos de idade. (Foto: Menahem Kahana/AFP)

Réplica de segmento dos Manuscritos do Mar Morto, que possuem mais de 2 mil anos de idade. (Foto: Menahem Kahana/AFP)

Mas ele observa que o judaísmo dos dias de Jesus se difere do Antigo Testamento. “No Novo Testamento, Jesus vai à sinagoga, como era costume dele, no sábado. Não há sinagogas no Antigo Testamento”, afirma o professor.

“Jesus era chamado de ‘rabino’ por seus discípulos. Não há rabinos no Tanach (Antigo Testamento). Jesus gasta muito do seu tempo discutindo a Torá e os fariseus, como todos os cristãos sabem. Não há fariseus no Tanach. A ressurreição é apontada como o fim da vida. Isso não está na Bíblia hebraica, exceto no Livro de Daniel, o último da Bíblia”, completa.

Henze comenta que “quando os cristãos lêem isso e se voltam para o Antigo Testamento, e não há textos que explicam isso, eles presumem que Jesus estava realmente rompendo com tudo”. No entanto, ele afirma que “nós negligenciamos que Jesus foi parte de um judaísmo derivado da Bíblia hebraica”.

Período de lacunas

Pesquisadores consideram os argumentos de Henze intrigantes, mas com ressalvas. Darrell L. Bock, professor de pesquisas do Novo Testamento no Seminário Teológico de Dallas, adverte contra o excesso de enfatização da lacuna dos séculos.

Bock afirma que o fato de não surgirem rabinos de forma significativa até a destruição do Segundo Templo, não significa que não havia rabinos. Ele também observou que o período de lacunas pode não ter sido causado ​​apenas por fatores religiosos, mas também políticos e sociais.

“O Israel bíblico estava no controle da situação política e social na Terra. Esse não foi o caso no tempo de Jesus. A influência greco-romana era onipotente, penetrante”, observa Bock. “Essas diferenças provocam um grande problema. Os conceitos são desenvolvidos — o messias, uma esperança, um retorno à regra dinástica efetiva do Antigo Testamento”.

“Jesus se coloca como Messias para não apenas Israel. Ele também se preocupa em como os outros são tratados. É semelhante, por um lado, e distinto do outro”, acrescentou. “Jesus não entrou no vácuo. Ele não agiu como um judeu que se afastou de tudo o que estava incorporado no judaísmo. Claramente, Jesus pensou independentemente da tradição judaica”.

Diante dessa visão sobre o cristianismo e judaísmo, Henze lança uma pergunta para os cristãos: “Como nossa compreensão sobre Jesus e o Novo Testamento pode mudar se levarmos a sério que Jesus era judeu? Muitos cristãos acreditam que Jesus era exatamente como eles, com a mesma teologia, que ele se parecia com você, que frequentava a mesma denominação”.

Henze espera que as pessoas, independentemente de sua religião, “se tornem abertas à possibilidade do contexto histórico e religioso e leiam o Novo Testamento de maneira mais responsável e informada”.

Fonte: guiame

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