Reflexões Profundas

Prosperidade & Chulé

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Por: Pedro Borges

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Recentemente, lendo um trecho do livro Mais Jesus, Menos Religião, relembrei uma passagem bíblica que andava bastante esquecida, ao menos por mim. Na verdade, nem anda tão esquecida assim, mas a recente distorção que fizeram de seu real significado é tão grotesca que seria melhor esquecê-la mesmo. Falo do episódio em que Jesus lavou os pés de seus apóstolos.

Como cristão que sou – ia dizer “bom cristão”, mas fiquei na dúvida se soaria como redundância ou paradoxo – presto atenção ao que Jesus ensinou com palavras e atitudes. Ele era o Mestre, mas enquanto esteve na terra – acredito que sua rotina celeste tenha mudado pouco nesse sentido – prestou-se a servir quem estivesse ao seu redor, chegando ao ponto, incomum para nós, de lavar os pés de seus discípulos. O Mestre, o Senhor, servindo a quem o segue? Que líder é esse que se submete a tal humilhação?

Demagogia não era, pois àquela cultura, bancar o bonzinho não pegava bem – imagine se um povo subjugado por tiranos estrangeiros está disposto a se curvar voluntariamente diante de quem quer que seja, se fazia isso obrigatoriamente diante de inimigos já há alguns séculos? Qual líder naquela situação poderia submeter-se a tal atitude – pense em pés calejados, feridos, imundos, fedorentos, sem creme hidratante ou tratamento de manicure, sem podólogo por perto; pés grossos, inchados, talvez, com unhas encravadas, pretas… coisa feia, mesmo!

O desejo de um povo em conflito era o de colocar os inimigos “sob o escabelo dos pés”. Estar sob os pés significava estar humilhado, derrotado, à mercê, sem defesa. Somente um louco, ou um imbecil, tendo alcançado a posição de líder, se prestaria a tal papel espontaneamente, pois isso significaria perder prestígio, deitar fora tudo o que conquistara. Imagino que não foi à toa que Jesus tenha ensinado essa lição por último, após curar enfermos, ressuscitar mortos, alimentar milagrosamente multidões, depois de deixar claro quem Ele realmente era. Tivesse iniciado seu ministério lavando pés e pouca gente pararia para ouvi-lo com interesse: julgariam tratar-se de mais um louco cheio de palavras estranhas – na verdade, mesmo sem lavar o pé de ninguém, não faltou quem chamasse a Jesus de possesso…

A lição do lavapés foi estrategicamente uma das últimas antes da crucificação, para ser levada a sério e por ser das mais importantes, também. Sua proposta propunha uma revolução comportamental. Não é por acaso que hoje, milhares de anos depois, alguns gurus ensinam que o verdadeiro líder deve estar disposto a cooperar com sua equipe. Mas Jesus não estava propondo uma estratégia administrativa, que não impede que os chefes demitam os incompetentes, cortem benefícios dos empregados, extingam departamentos, tudo para conter despesas e aumentar o lucro da empresa: Jesus ia muito além, propondo que o chefe entregasse sua vida pelos subordinados e estivesse disposto a servi-los, sempre que esses precisassem. Jesus ensinava um serviço sem máscara – que na verdade é mais difícil de ser praticado do que a obediência forçada. Como escrevem Jack Felton e Stephen Arterburn, Jesus espera que seus discípulos estejam “livres para servir”.

Resumindo, um dos últimos ensinamentos de Jesus, praticado no lavapés, foi este:

PRÓSPERO É QUEM AGUENTA O CHULÉ DO IRMÃO!

* Pedro Borges é professor e revisor. Estuda Letramento e Ensino de Literatura em Ambientes de Educação Popular e faz Letras na USP. É membro da Igreja Batista no Jardim Primavera

Fonte: [ Cristianismo Criativo ]

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