Por causa do grande risco que uma criança cristã corre no país, muitos pais decidem esconder a fé de seus filhos.
Lee Joo-Chan, hoje com 50 anos de idade, é um dos milhares de norte-coreanos que cresceram em uma família cristã sem saber. No país que mais persegue cristãos no mundo, é muito arriscado os pais ensinarem seus filhos sobre o cristianismo.
Alguns pais esperam até que as crianças tenham idade suficiente para deixá-las entrar no “segredo de família”. Outros, como os pais de Lee, nunca vivenciaram essa liberdade.
“Eu sabia que meus pais eram diferentes. Todos chamavam eles de ‘comunistas’, porque eles cuidavam dos doentes, dos pobres e dos necessitados. À noite, eles liam um livro secreto, que eu não tinha permissão para ler. Mas eu ouvi eles sussurrando as palavras, e sabia que era sua fonte de sabedoria. Eu também sabia que se eu contasse isso para outra pessoa, a nossa família seria arrancada”, contou Joo-Chan à organização Portas Abertas.
Lee Joo-Chan apenas descobriu a fé de seus pais quando reencontrou sua mãe na China, após fugir da Coreia do Norte devido à ditadura de Kim Il-Sung, que chegou ao poder depois da Segunda Guerra Mundial.
“Ela pegou minha mão e me levou a uma igreja vazia. Lá, ela me contou como ela se tornou um cristã em 1935, quando ela tinha nove anos”, ele relata. “Ela explicou como Cristo veio a este mundo e morreu por todos nós. Ela me disse tudo o que eu precisava saber sobre a nossa fé: que ela deu à luz a mim, mas que eu era filho de Deus”.
Naquele instante, a mãe de Lee começou a clamar a Deus em voz alta por cerca de três horas. “Ela orou por mim, pela Coreia do Norte e pelo povo da Coreia do Norte. Ela implorou ao Senhor para salvar seu povo”, diz Lee.
Tempos depois, Lee estava a caminho da Coreia do Norte junto com sua mãe de Lee e seu irmão. Quando eles atravessaram um rio da região, quatro soldados escondidos apareceram, balearam sua mãe e esfaquearam seu irmão. Lee testemunhou os assassinatos do outro lado do rio. Mais tarde, ele descobriu que seu pai e outros irmãos também foram presos e assassinados.
No entanto, o jovem que recebeu aquela poderosa oração de sua mãe passou a atuar na Coreia do Sul, onde firmou sua fé em Cristo e se tornou pastor.
Três razões para a fé silenciosa
1. Doutrinação contínua: Desde o nascimento até a morte, cada cidadão norte-coreano está sujeito à doutrinação através da televisão, rádio, jornais e alto-falantes. Uma das primeiras palavras que os pais norte-coreanos devem ensinar aos seus filhos são: “obrigado, pai Kim Il-Sung”. Na escola, eles aprendem sobre a família Kim e se curvam em reverência a suas estátuas e imagens. Através de livros e desenhos, eles são ensinados que os cristãos são espiões malignos que torturam e matam crianças inocentes, para vender seu sangue e seus órgãos.
2. Alto risco: As crianças nem sempre estão conscientes da falta de segurança. Elas podem acidentalmente cantar um louvor ou dizer a seus amigos uma história da Bíblia. Na escola, os professores podem perguntar se seus pais lêem um determinado livro preto. Compartilhar o Evangelho é extremamente perigoso.
3. Não há ninguém para contar: Infelizmente, na Coreia do Norte, dezenas de milhares de crianças ficaram desabrigadas porque suas famílias cristãs foram mortas ou presas. Às vezes, alguns conseguem fugir para a China, mas são incapazes de voltar. A vida dura na Coreia do Norte rompeu inúmeras famílias, assustando as crianças sobreviventes.
Fonte: Guiame
