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O povo diante do tribunal de Deus

O povo diante do tribunal de Deus
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INTRODUÇÃO

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Era 31 de outubro de 1996, às oito horas e trinta minutos no Aeroporto de Congonhas, São Paulo. Os alto-falantes anunciavam a partida do vôo 402 da TAM para o Rio de Janeiro. O aeroporto estava agitado como nos outros dias. Tudo estava normal. Homens de negócios, escritores, artistas, estudantes, advogados, médicos, comerciantes, empresários, donas de casa e conferencistas com a agenda cheia se apresentavam para o embarque.

Na vizinhança o dia começava como qualquer outro. São cerca de quatrocentos vôos que chegam e saem todos os dias. O ronco das turbinas já é um som natural daqueles arredores. Naquela manhã os vizinhos do aeroporto acordaram cedo, tomaram café e levaram as crianças para a escola. Alguns foram para o trabalho mais cedo; outros ficaram em casa, acordaram mais tarde, escovaram os dentes, ligaram a televisão, conversaram, discutiram, brigaram, planejaram e trabalharam. Nesse dia 31 de outubro parecia que a rotina seria a mesma de todos os dias.

“Atenção senhores passageiros do vôo 402 da TAM com destino ao Rio de Janeiro. Última chamada. Dirijam-se ao embarque imediatamente. Última chamada. Embarque imediato. Às oito e trinta da manhã a porta do Fokker 100 da TAM fecha as portas. O comandante dá as boas vindas aos passageiros. O tempo está bom. A viagem vai ser rápida e segura. A comissária de bordo fala sobre as normas internacionais de segurança, enquanto quase todos estão lendo o Jornal a Folha de São Paulo. A aeronave começa a se mover para a cabeceira da pista. O comandante então dá sua última instrução: “Tripulação, preparar para a partida”. O avião dispara e começa a voar. Uma pane, uma falha, o avião não se apruma no ar. Não tem tempo para fazer mais nada. O avião fica desgovernado enquanto os passageiros e tripulantes entram em desespero. Aquela aeronave que deveria rasgar o espaço e descer no Rio de Janeiro, caiu sobre as casas ao redor do aeroporto e explodiu; pegou fogo e, em poucos segundos houve desabamentos, dezenas de corpos soterrados, queimados, e carbonizados. Cento e duas pessoas morreram. Aquele era o vôo da morte. Aquele era um vôo para a eternidade. Oito horas e trinta e quatro minutos, todos os que estavam a bordo, tinham voado para a presença de Deus e estavam agora diante do trono do Deus todo-poderoso.

Amós capítulo 4 nos fala de um encontro com Deus. Quais foram os pecados que levaram a esse acerto de contas?

James Wolfendale diz que esses pecados podem ser alistados como segue: 1) Opressão aos pobres (4.1-3); 2) Corrupção na adoração (4.4,45); 3) Incorrigibilidade sob divino julgamento (4.6-11).1

I. A CORROSÃO DOS VALORES MORAIS (4.1-3)

Israel estava vivendo obstinadamente no pecado. Tornara-se pior do que as nações pagãs. Tinha caído num poço mais profundo do que aqueles que sempre viveram mergulhados nas trevas. Amós menciona alguns desses terríveis pecados:

1.O culto ao corpo (4.1)

Basã é o território situado ao leste do rio Jordão entre o monte Hermon e as montanhas de Gileade. As vacas de Basã eram notórias por sua condição de bem nutridas e fortes, porque as pastagens dessa região eram luxuriantes (Dt 32.14; Sl 22.12; Ez 39.18).2 Nessa região as rezes eram famosas pela sua beleza e carne. Ao chamar as mulheres de Samaria de vacas de Basã Amós está dizendo que elas só se preocupavam com o corpo, com a aparência, com a sensualidade e prazer.

Crabtree diz que o pejorativo vacas de Basã é bastante forte e picante, indicando o poder e a influência das mulheres elegantes na corrupção da vida social e econômica do povo de Israel.3 Amós está dizendo a essas mulheres que elas, à semelhança das vacas de Basã, estão engordando para o abate.4 Era uma geração hedonista que vivia para atender os desejos do corpo. Vivia para o luxo. Vivia para gratificar os ditames da carne. As mulheres de Samaria eram como o escol do gado, contentes com uma existência puramente animal, não desejando nada mais. Era o corpo e não a alma que preenchia as suas horas ativas. Hoje vivemos numa geração que idolatra o corpo. É o culto ao corpo.

Warren Wiersbe diz que o luxo pode ser identificado quando as pessoas com abundância de dinheiro, de tempo e de conforto usam tudo isso para satisfação própria, para um constante lazer despropositado. Viver no luxo é ser controlado pelos bens. É usar o que temos para o nosso próprio deleite ignorando as necessidades dos outros.5

2.A busca desenfreada do prazer (4.1)

As mulheres viviam entregues à bebedeira. Entregavam-se aos excessos, em festas caras e requintadas. A vida girava em torno do prazer. Essas “mulheres da sociedade” passavam todo o dia ociosas, bebendo vinho e dizendo aos maridos o que fazer. A prosperidade material sem o temor de Deus torna as pessoas extravagantes e tirânicas. Elas buscam o prazer a qualquer preço. Elas são insaciáveis e irrequietas.

3.A ganância insaciável aliada à opressão do pobre (4.1)

As mulheres instruíam e empurravam seus maridos para tomar o pouco do pobre a fim de alimentarem sua ganância e satisfazerem seus desejos carnais. A sociedade da qual essas mulheres eram as determinantes não passava de um grupo que florescia nas misérias e indignidades acumuladas sobre os indefesos. Os pobres e os necessitados eram despojados e oprimidos sem escrúpulos de consciência.6 DAvi

As mulheres de Samaria se entregaram a dois graves delitos: não apenas viveram de forma fútil, mas também o fizeram às custas dos pobres. Os ricos empregaram formas sórdidas de acumular riquezas. O luxo de suas casas, as taças de vinho reluzentes eram o pão arrancado da boca do pobre. A fim de usufruir o luxo, essas mulheres oprimiam e esmagavam os pobres. O apóstolo Paulo exorta aos ricos a praticarem o bem e serem ricos de boas obras (1Tm 6.17-19).

4.A inversão dos papéis no casamento (4.1)

Os homens estão sendo mandados pelas mulheres e o estão fazendo pelos piores motivos. Essas matronas estão vivendo no luxo e empurrando seus maridos para a linha perigosa da opressão ao pobre. Seus maridos eram de contínuo instados a proporcionar-lhes o de que necessitassem para suas festanças, bebedeiras e bacanais, diz Feinberg.7 J. A. Motyer diz que as mulheres são as que determinam o rumo da sociedade. Elas sempre foram as guardiãs finais da moral, da moda e dos padrões. Amós pode tomar o pulso da sociedade examinando suas mulheres típicas.8

Amós diz que não está longe do juízo de Deus a terra cuja feminilidade é degradada, e tal era Samaria nos dias de Amós, diz Charles Feinberg.9

5.O justo juízo de Deus sobre o pecado (4.2,3)

Amós fala sobre duas coisas solenes nesses dois versos:

Em primeiro lugar, o juramento de Deus (4.2). O pecado jamais fica impune. Deus jura por sua própria santidade que os opressores serão oprimidos. A santidade de Deus é o que faz Deus o que ele é. A. B. Davidson diz que a santidade não é uma palavra que expressa qualquer atributo da divindade, mas expressa a própria divindade.10 Rowley diz que o homem teme quando se coloca diante de Deus não por causa da consciência da sua humanidade na presença do divino poder, mas por causa da consciência do seu pecado na presença da pureza moral de Deus.11 J. A. Motyer diz que a questão de jurar “por” alguma coisa naturalmente significa acrescentar uma nota de certeza ao juramento. É o equivalente a dizer: “O juramento que faço é tão certo como a existência daquilo pelo qual o faço”. Deve ser algo de grande peso intrínseco e grande urgência que a própria natureza de Deus tenha de ser invocada para apoio. O que afrontou a Deus a tal ponto? Uma sociedade e uma religião organizada com base na auto-satisfação humana.12 Tanto a abastada casa samaritana (4.1-3) quanto os freqüentados templos de Betel e Gilgal (4.4,5) estão organizados com a mesma finalidade. Tudo está organizado pelo ego e para o ego.13

Os que oprimem o pobre para viverem nababescamente serão saqueados e levados cativos.

Em segundo lugar, o cativeiro humilhante (4.2,3). Aquelas mulheres que viviam nas altas rodas, com roupas caras, com jóias reluzentes, deliciando-se em festas regadas de vinho, seriam arrastadas pelas ruas da cidade com fisgas como se fossem peixes presos pelos anzóis. Elas seriam tratadas como gado que vai para o matadouro. Era costume dos assírios colocar ganchos no nariz ou no lábio inferior dos prisioneiros, amarrá-los a cordas e puxá-los como animais, quer para o cativeiro, quer para a morte.Era isso que o inimigo faria com as matronas ricas de Samaria.14

II. A HIPOCRISIA NA PRÁTICA RELIGIOSA (4.4,5)

Tanto a vida social quanto a vida religiosa eram governadas pelo mesmo princípio, o hedonismo. Eles faziam tudo não para agradar a Deus, mas agradar a si mesmos. A religião deles perdeu seu propósito de glorificar a Deus e passou a ser mais um instrumento para satisfazer seus próprios caprichos.

Amós faz um diagnóstico da religiosidade israelita:

1.Uma religião eivada pelo sincretismo (4.4,5)

O rei Jeroboão I construiu novos santuários em Betel e Dã e ali introduziu um bezerro de ouro para o povo adorar. O culto foi paganizado. A idolatria foi assimilada no culto. O povo queria chegar até Deus por meio de um ídolo. Houve um mistura do culto cananita (adoração do bezerro) com o culto ao Senhor. A religião israelita tornou-se sincrética.

Os sacrifícios que eles traziam eram impuros, pois ofereciam coisas com fermento no altar, o que era proibido por Deus (Lv 2.11; 6.17). O culto é bíblico ou anátema. Deus não quer sacrifício, ele requer obediência (1Sm 15.22,23). Não podemos sacrificar a verdade para atrair as pessoas à igreja nem podemos acrescentar cousa alguma aos preceitos de Deus porque destas coisas gostamos. O pragmatismo se interessa pelo que dá certo e não pelo que é certo. Ele busca o que dá resultados e não o que é verdade. Ele tem como objetivo agradar o homem e não a Deus.

Hoje vemos florescer o sincretismo religioso. Práticas pagãs são assimiladas nas igrejas para atrair as pessoas. Cerimônias e ritos totalmente estranhos à Palavra de Deus são introduzidos no culto para agradar o gosto dos adoradores. O sincretismo está na moda. Mas ele ainda continua provocando a ira de Deus!

2.Uma religião fortemente ritualista (4.4,5)

A expressão externa do culto era meticulosamente observada. Eles faziam seus sacrifícios, traziam suas ofertas, entregavam o dízimo, celebravam suas festas, mas tinham perdido o foco. Pensavam que Deus se agradava de seus ritos ao mesmo tempo em que andavam em escandalosas práticas da pecado. Oferta sem vida é abominação para Deus. Primeiro apresentamos a vida no altar, depois trazemos nossa oferta. Se Deus rejeitar a vida, ele não aceita a oferta. Deus rejeitou Caim e sua oferta. Deus rejeitou os filhos de Eli e por isso, a arca da aliança foi roubada. Deus rejeitou o povo de Judá e por isso, disse que estava cansado do culto deles. Deus rejeitou os sacerdotes do pós-cativeiro e por isso, disse que eles estavam acendendo o fogo inutilmente em sua casa.

Ainda hoje muitos pensam que as observâncias externas são as coisas mais importantes da religião. Há muito zelo pela forma e pouco cuidado com a vida. Há muito cuidado com a tradição e pouco com a verdade. Há muita preocupação com a forma e quase nenhuma com a motivação. Mas, essas exterioridades são meios e não fins. Se elas vieram divorciadas de um coração penitente e contrito são meios de condenação e não de salvação.

3.Uma religião eminentemente humanista (4.4,5)

É admirável que indivíduos tão maus não só observassem as exterioridades da religião, mas o fizessem com prazer, diz Bowden.15 A motivação do culto em Betel e Gilgal não era glorificar a Deus, mas agradar a eles mesmos. A religião não era uma expressão de adoração, mas de autogratificação. A religião não era um meio de se humilharem diante do todo-poderoso, mas de fazem cócegas em sua própria vaidade carnal. Eles oprimiam os pobres e bebiam vinho porque disso gostavam. Eles iam ao templo não para buscar a Deus, mas porque disso gostavam. Tudo girava em torno deles mesmos. Suas músicas, seus ritos e seus sacrifícios eram apresentados não a Deus, mas eles mesmos.

J. A. Motyer diz que é significativo que nas referências às obras religiosas e aos rituais deles não houvesse nenhuma menção da oferta pelo pecado. Auto-satisfação e egoísmo pronunciam a morte do arrependimento; e a ausência de arrependimento prenuncia a morte da verdadeira religião. Eles queriam uma religião que agradasse a eles mesmos, enquanto o Senhor queria uma religião que trouxesse o seu povo de volta para si.16

Warren Wiersbe diz que o povo do tempo de Amós não voltava de suas peregrinações ao templo para casa decidido a ajudar os pobres, a dar de comer aos famintos e a cuidar das viúvas e dos órfãos. Voltava com o mesmo coração endurecido com que havia saído de casa, pois sua “adoração” não passava de um ritual vazio (Is 1.11-17). Qualquer “reavivamento” religioso que não muda as prioridades dos cristãos nem ajuda a resolver os problemas da sociedade não é, de fato, “reavivamento”.17

4.Uma religião debaixo do desgosto e reprovação de Deus (4.4,5)

O profeta Amós se dirige aos peregrinos de forma irônica: “Vinde a Betel e transgredi, a Gilgal, e multiplicai as transgressões…” (4.4). J. A. Motyer diz que o tom de Amós é de zombaria e ironia sem dó. Amós zomba do convite à peregrinação, do hino que os peregrinos cantam enquanto caminham: Vinde a Betel; ele zomba dos seus propósitos, dizendo-lhes que o resultado do exercício será apenas a transgressão multiplicada pela transgressão; ele zomba da meticulosidade ritualista deles nos sacrifícios e dízimos.18 Quanto mais religiosos eles se tornavam, mas longe de Deus andavam. Quanto mais egocêntricos, mais afastados da graça. Quanto mais zelosos em seus ritos, mais prisioneiros de seus pecados.

Betel significa “Casa de Deus”, lugar de encontro com Deus e de transformação de vida. Aquele era um lugar muito especial para o povo judeu por causa de sua relação com Abraão (Gn 12.8; 13.3) e com Jacó (Gn 28.10-22; 35.1-7). Mas, agora Betel era o “santuário do rei”, onde Amazias, o sacerdote, servia (7.10ss). Eles vinham a Betel para pecar. Vinham para transgredir. Eles freqüentavam o templo, mas não adoravam a Deus. Eles traziam ofertas, mas não o coração. Hoje, semelhantemente, há um batalhão de gente na igreja sem conversão. Quem não é santo não é salvo. Deus nos salva do pecado e não no pecado (1Jo 2.3; 3.6,9; 5.18).

Gilgal significa o lugar da posse da bênção, o lugar da conquista e da vitória. Mas, eles vinham a Gilgal e voltavam vazios, derrotados pelos seus pecados. Eles só vinham para multiplicar suas transgressões. Assim, muitas pessoas estão na igreja, mas caminham para a morte.

Warren Wiersbe diz que as aparências indicavam que Israel passava por um reavivamento espiritual. Multidões se dirigiam aos “lugares sagrados” (5.5), levando sacrifícios e dízimos (4.4; 5.21,22) e até entoando cânticos de louvor ao Senhor (5.23; 6.5; 8.3,10). Eles ofereciam sacrifícios com mais freqüência do que era requerido pela lei, como se quisessem provar como eram espirituais.19 Mas, Deus que sonda as intenções via em todos aqueles rituais sagrados apenas a multiplicação das transgressões!

III. A OBSTINAÇÃO DIANTE DA DISCIPLINA (4.6-11)

Charles Feinberg diz que a lista dos castigos nos versículos 6 a 11 revela não só a obstinação pecaminosa de Israel, mas também o incansável e inexaurível amor de Deus.20 J. A. Motyer diz que enquanto os israelitas estiveram ocupados fazendo dinheiro, armazenando-o para o futuro e sendo extraordinariamente religiosos, Deus por sua vez, estivera ocupado também com a estranha ocupação de enviar a fome (4.6) e a seca (4.7), doenças e praga de gafanhotos (4.9), epidemias (4.10a), guerra (4.10b) e terremoto (4.11).21 Deus usou todos os meios para chamar o seu povo ao arrependimento. Quando deixamos de atender a voz do amor, Deus usa a vara da disciplina. Duas verdades saltam aos nossos olhos nesta porção da Escritura:

1.O contínuo chamado de Deus ao arrependimento (4.6-11)

O profeta Amós enumera várias formas sérias da disciplina de Deus, chamando seu povo ao arrependimento:

Em primeiro lugar, a fome (4.6). A expressão “dentes limpos” significa fome. Esse era o castigo para a quebra da aliança (Lv 26.27-31; Dt 28.1-11).

Em segundo lugar, a seca (4.7,8). A obediência à aliança era premiada com chuvas abundantes (Lv 26.18-20; Dt 11.16,17; 28.23,24), mas a desobediência era castigada com a seca. Deus é o senhor do tempo e ele pode dar chuva aqui e retê-la ali. Não existe acaso, sorte para uns e azar para outros (4.7b,8), mas sim a ação da mão divina. Tudo na terra vem do Deus que governa e reina no céu, diz Motyer.22

Em terceiro lugar, a destruição das colheitas (4.9). Deus destruiu as colheitas com crestamento, ferrugem e gafanhotos. Mais uma vez Deus estava sendo fiel às advertências de sua aliança (Dt 28.38-42).

Em quarto lugar, a enfermidade (4.10a). Uma das promessas de Deus era que o seu povo não sofreria das terríveis doenças que haviam visto no Egito, se fossem fiéis em obedecer à sua lei (Ex 15.26); mas caso se rebelassem contra ele, sofreriam de todas as enfermidades do Egito (Lv 26.23-26; Dt 28.21,22,27-29,35,59-62).

Em quinto lugar, a guerra (4.10b). Para aquela pequena nação cercada de grandes impérios havia uma promessa de vitória nas batalhas, caso o povo permanecesse fiel à aliança (Dt 28.7; LV 26.6-8); porém, caso o povo violasse a aliança seria humilhado e derrotado pelos inimigos (Lv 26.32-39; Dt 28.49-58). Essa derrota seria tão esmagadora que os mortos ficariam insepultos. Tanto Israel quanto Judá por desobedecerem a Deus e violarem sua aliança foram derrotados pela Assíria e Babilônia respectivamente.

Em sexto lugar, a catástrofe (4.11). Não podemos precisar se essa subversão era um terremoto (1.1) ou a invasão dos exércitos assírios. De qualquer forma foi algo terrível a ponto de Amós compará-lo com o que aconteceu com Sodoma e Gomorra (Gn 19.24,25; Dt 29.23; Is 1.9; 13.19). A imagem do tição tirado do fogo mostra a misericórdia de Deus salvando o seu povo na última hora (Zc 3.2). Motyer citando Pusey diz que é uma grande dádiva de Deus que ele possa cuidar de nós a ponto de nos castigar.23 Isto, porque o arrependimento é o portal da vida. A religião sem arrependimento mata, mas a religião centralizada no arrependimento dá a vida.

2.A contínua obstinação do povo (4.6-11)

Israel não ouviu a voz dos profetas nem a voz da disciplina. Cinco vezes Amós repetiu a mesma resposta do povo ao chamado de Deus: “Contudo, não vos convertestes a mim, disse o Senhor” (4.6,8,9,10,11). O coração impenitente entesoura ira para o dia do juízo. À semelhança de Faraó, eles endureceram ainda mais o coração aos apelos de Deus. Nem a abastança nem o sofrimento produziram neles o verdadeiro arrependimento.

Deus ainda hoje usa sua providência para falar ao povo e chamá-lo ao arrependimento. Os fenômenos naturais e os acontecimentos históricos são trombetas de Deus chamando o homem a voltar-se para ele. Não há nada mais perigoso do que passar pela vida sem se converter a Deus.

A obstinação do povo de Israel pode ser percebida por três motivos, segundo Edgar Henry:24

Em primeiro lugar, eles se recusaram a crer que suas punições tinham relação com seu pecado. Eles atribuíam essas calamidades a fatores naturais ou até a causas acidentais.

Em segundo lugar, o sofrimento por si mesmo não pode levar o pecador ao arrependimento. O mesmo sol que amolece a cera, endurece o barro. O mesmo sofrimento que a uns quebranta, a outros endurece. Os ímpios quando afligidos blasfemam ainda mais contra Deus em vez de se voltar para Deus (Ap 16.10,11).

Em terceiro lugar, o amor ao pecado é mais forte do que o temor do sofrimento. O diabo é enganador e o pecado é uma fraude. O diabo promete felicidade através do pecado, mas este traz a ruína e a morte. O povo preferiu fugir de Deus em direção ao pecado, do que pecado para Deus.

IV. O INEVITÁVEL JUÍZO DE DEUS (4.12,13)

1.A certeza do juízo (4.12)

Charles Feinberg afirma: “Visto como todos os castigos anteriores não produziram os frutos de arrependimento e fé, Deus diz: Assim te farei ó Israel”.25 Deus é fiel e verdadeiro em suas promessas e também em seus juízos. O que ele fala, ele cumpre. A obstinação no pecado desemboca em juízo inevitável. O homem que viveu ao arrepio da lei de Deus vai ter que comparecer diante do tribunal de Deus para prestar conta da sua vida.

Um pouco mais e o juízo vai chegar. Mais um pouco de tempo e a sua oportunidade findará. A um cavalheiro que agonizava num hospital foi feita a pergunta: “Para onde vai o senhor?” E a resposta foi imediata: “Estou no trem que me conduzirá à eternidade”.

E eternidade lança sentimentos profundos no nosso coração. Ali você estará em gozo ou em agonia para todo o sempre. É conhecida a expressão do avivalista Oswald Smith:

O sol no firmamento distante chegará ao fim de sua jornada, alua empalidecerá, e as estrelas se apagarão, mas para você não haverá fim, mas uma eternidade. Mil décadas serão apenas o começo; um milhão de anos será apenas mais um pouquinho, pois o tempo, tempo interminável, a eternidade, vastíssima, insondável eternidade se estenderá à sua frente.

Jesus falou de um homem que se preparou para viver, mas não se preparou para morrer. Ajuntou bens e disse: “Agora, ó minha alma regala-te por longos anos”. Mas enquanto refestelava-se com sua abundância, ouviu uma voz a trovejar-lhe na alma: “Louco! Esta noite te pedirão tua alma, e o que tens preparado para quem será?”.

Outro homem vivia em banquetes, festas, rodas sociais e muitos amigos. Vestia-se com linho e púrpura. Viveu longos anos, mas esqueceu-se da sua alma, da viagem derradeira que faria, afinal, rumo à eternidade. E no inferno foi parar. Em sua vida neste mundo tinha lugar para tudo, menos para Deus e sem Deus empreendeu a viagem para o sofrimento eterno.

2.O encontro com o Deus do juízo (4.12)

Tudo o que fazemos está registrado nos anais do céu. Naquele dia os livros serão abertos e seremos julgados pelos nossos pecados: palavras, obras, omissão e pensamento. Ai daquele que partir para esta viagem rumo a eternidade sem estar preparado. Ali estará o grande Trono Branco. O juiz está assentado. Todo o céu e a terá se reúnem. Milhões inumeráveis com a respiração suspensa e com espanto presenciam a terrível cena. Com uma expressão de terror no rosto, eles esperam. Vai entrar em cena o drama final da história. Chegou o dia do juízo.

Eles vêm das grandes batalhas, das profundezas dos oceanos, das cinzas, de inumeráveis cemitérios há muito esquecidos. Eles agora têm que enfrentar a ira do Cordeiro. Não há socorro. Os céus encolhem como pergaminho. E o dia do juízo.

São abertos os livros. Tudo que você falou, fez, deixou de fazer e pensou está registrado. Seus pecados encobertos estão li escritos. Naquele dia Deus julgará os segredos do seu pecado. Finalmente, o livro da vida será aberto. E “se alguém não foi encontrado no livro da vida é lançado no lago do fogo”. Em vão os que não se converteram buscarão encontrar seus nomes. Extinguiu-se a última oportunidade.

3.A necessidade de preparo para o juízo (4.12)

Um famoso rei da antiguidade tinha na sua corte um palhaço que era chamado de BOBO, um homem cheio de humor, que alegrava a todos os familiares da casa real. O rei um dia disse para o palhaço: aqui está uma varinha. No dia que você encontrar alguém mais bobo do que você, entregue essa varinha. Passos alguns anos, o rei ficou doente. O palhaço foi lhe visitar. Perguntou-lhe: “O senhor está preparado para a eternidade?” Não! Então, o palhaço lhe devolveu a varinha e disse: “O senhor é o mais tolo dos homens que já vi, pois se preparou para viver, mas não para morrer”.

4.O grande apelo em virtude do juízo (4.12,13)

J. A. Motyer diz que há cinco indicações neste texto que evidenciam uma nota de encorajamento e de graça.26

Em primeiro lugar, as palavras “prepara-te… para te encontrares com o teu Deus”. Sempre que encontramos, na Bíblia, a idéia de encontro com Deus, há uma conotação de graça.

Em segundo lugar, as palavras “teu Deus”. Amós apresenta à nação o Deus da aliança. O pronome pessoal possessivo é inexplicável a não ser em termos de esperança.

Em terceiro lugar, a referência ao poder do Senhor como criador. Ele controle todo o universo para o bem final do seu povo.

Em quarto lugar, a referência ao poder transformador do Senhor. Ele faz da manhã trevas e conseqüentemente das trevas manhã. Ele transforma tragédia em bênção.

Em quinto lugar, a referência a Iavé, o Deus da aliança (4.13). Ao usar o nome divino, Iavé, Amós automaticamente coloca misericórdia e graça redentora no primeiro plano do quadro. Iavé é, principalmente, o Deus que foi ao Egito remir um povo desesperado e carente de graça. É o mesmo Iavé que redime os que não merecem. Deus chama seu povo mais uma vez. Para os arrependidos o caminho está totalmente livre; esses ainda podem fugir da ira vindoura.

5.As credenciais do juiz (4.13)

Na sua degradação espiritual, Israel chegou a pensar que podia comprar Deus com seus rituais e ofertas e escapar do seu confronto. Amós, porém, procura acordar o povo pela apresentação do Senhor na sua grandeza, como o todo poderoso nos céus e na terra, o onisciente e o soberano nas obras da criação.27

Feinberg corretamente diz que esse Deus com quem eles devem encontrar-se está descrito em termos majestosos. Ele é o criador onipotente, que forma os montes e cria o vento; ele é o Deus onisciente que conhece todos os pensamentos do homem; ele governa sobre toda a natureza e pode, no devido curso, transformar a luz matutina em trevas. É ele o poderoso Senhor Deus dos exércitos, o soberano sobre todos os recantos da terra. Este é o poderoso Deus com quem Israel deve se encontrar, e por isso deve preparar-se!28

J. A. Motyer destaca três verdades sobre a majestade de Deus neste versículo:29

Em primeiro lugar, seu poder absoluto e completo (4.13a). São três as áreas da capacidade divina: a visível, “é ele quem forma os montes”; a invisível, “e cria o vento”; a pessoal e racional, “e declara ao homem qual é o seu pensamento”.

Em segundo lugar, o seu poder transformador (4.13b). Ele toma a escuridão da noite e transforma em claridade. Ele arrebata do fogo um tição e faz dele um instrumento para sua glória.

Em terceiro lugar, o seu poder presente na terra (4.13c). Ele pisa os altos da terra. O quadro é de triunfo (Hc 3.19), mas é triunfo aqui neste mundo. Deus é soberano não apenas no céu, mas também na terra. Ele dirige não apenas a sua igreja, mas o universo. Pelo arrependimento o povo de Deus penetra a esfera do seu poder onipotente, transformador e presente.

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