Estudos Bíblicos

Theodore Dalrymple: “A Frivolidade do Mal”

Theodore Dalrymple: “A Frivolidade do Mal”
Hotel em Promoção - Caraguatatuba

Comecei a leitura do novo livro de Dalrymple¹, publicado no Brasil, e, ao que tudo indica, é outra bordoada na sociedade pós-moderna e francamente decadente do libertarianismo e relativismo.

Receba Estudos no Celular!

Por Jorge Fernandes Isah

Comecei a leitura do novo livro de Dalrymple¹, publicado no Brasil, e, ao que tudo indica, é outra bordoada na sociedade pós-moderna e francamente decadente do libertarianismo e relativismo.

Já no primeiro ensaio, cujo título é “A frivolidade do mal”, o autor, com sua costumeira clareza, precisão, e acuidade da realidade, desenrola o novelo que levou a Grã-Bretanha à indigência moral, ética, e ao consequente aumento da criminalidade, da irresponsabilidade, e dos “prazeres” desregrados, sob os auspícios do Estado (o grande pai ou mãe, como queiram), causando o colapso social e o rebaixamento do homem aos níveis mais abissais de infelicidade e delírio, culminando com lares desfeitos, casamentos múltiplos, filhos abandonados, mulheres espancadas, roubos, furtos, assassinatos, drogas, insegurança, e um sem número de tragédias e enfermidades dentro de casa, mas estendidas para as ruas, escolas, e praticamente todos os locais públicos. Todos se tornam reféns do mal, e a solução apontada estaria na volta à alta cultura e aos valores tradicionais (leia-se tradição judaico/cristã). Sem eles, a baderna e o caos apenas se perpetuarão, atingindo níveis inimagináveis e insustentáveis ao convívio social.

A conclusão, não de Dalrymple mas minha, é de que esse ambiente é altamente favorável para a instalação de ditadura ou o totalitarismo de esquerda (comunismo). Pode ser que demore alguns anos ou décadas, mas não vejo outra “saída” diante do enfraquecimento cada vez maior do homem e seu declínio vertiginoso à imoralidade (o caos apenas hiperboliza essa mistura destrutiva).

A Bíblia ressalta uma doutrina verdadeira mas negligenciada e rejeitada pela maioria dos intelectuais, inclusive cristãos: a Depravação Total do Homem. E o que seria esse estado de coisas, presente não somente na atual Grã-Bretanha, mas em toda a Europa, EUA, e América Latina, que não seja algo inerente ao próprio homem, perdido em um mundo sem freios morais, e estimulado insistentemente pela “liberdade” humana de se autodestruir?

E qual seria o antídoto para isto?

Não restam dúvidas de que a observância, pelo indivíduo, dos princípios norteadores da fé cristã são capazes de trazer o homem à naturalidade (entendida não como uma volta ao Éden pré-Queda, mas a um mundo menos caótico e, até mesmo, perfeito dentro de uma perspectiva humana verdadeira, em um estado de pós-Queda), ao invés da artificialidade defendida pela ideologia e por uma falsa igualdade e justiça apregoada pelo iluminismo e da qual não conseguimos nos desvencilhar, mesmo séculos depois, revelando a própria essência do pecado e do mal em nossa insistência em não abandoná-la.

É evidente o homem ser multifacetado, coexistindo em sua natureza o “Imago Dei” (a imagem de Deus, ainda que difusa e debilitada pelo pecado) e a inserção do mal como um componente catalisador do pensamento, ações e desejos do homem natural, pós-Queda. Mas se há algo descortinado é a predisposição e o amor ao mal, e sua aceitação quase “pacifica” pela sociedade moderna, como um reflexo da própria desordem interna provocada pela negação de Deus e sua palavra como ordenadores e pacificadores verdadeiros da convulsão ocasionada pelo pecado. É como se pudéssemos traçar uma reta onde, nas extremidades, teríamos a obediência ao Evangelho, de um lado, e a desobediência a ele, do outro. À medida em que o homem aproxima-se da primeira, os efeitos do mal são minimizados, enquanto, ao dirigir-se para a segunda, os seus efeitos são maximizados. Se de um lado temos o caminhar para ordem, a realidade, e a verdade, do outro lado caminha-se para o caos, a ilusão, e a mentira.

A rejeição dos fundamentos da fé cristã pelo Ocidente, tornando-o em um mundo pós-cristão, está sintetizada na incompreensão do bem e do mal, confundindo-os de maneira tal que um assuma o lugar do outro na mente perturbada e doentia, consequência de um pensamento escravizado pela ideologia, onde os valores morais, tão caros à vida humana, são substituídos e aniquilados em favor de uma imoralidade e perversão práticas, atenuadas pela retórica falaciosa e psicótica de defesa da liberdade, dos direitos, da igualdade e da justiça, quando elas estão em constante ataque pelas ações revolucionárias, pelas rebeliões a suscitarem no homem apenas o ódio, a inveja, a cobiça, o despudor, fazendo-o declaradamente inimigo de Deus, ainda que ele se declare inocente. Como o profeta disse, sabiamente: “Aí dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo” (Isaías 5.20).

Mas nem mesmo a ideia de um mundo guiado pelos princípios cristãos podem erradicar o mal, pois o próprio fato da existência da Lei Divina, como um antídoto, pressupõe a existência do veneno, o pecado. Ter-se-ia um mundo muito melhor, como disse, perfeito dentro da própria composição humana pós-Queda, mas ainda assim distante da perfeição absoluta, um engenho somente possível por aquele que é perfeito, eterna e essencialmente: Deus; revelando-nos que o único governo capaz de atingir a expectativa de uma verdadeira paz é aquele a instalar-se após a Segunda Vinda do Senhor.

E essa é a “solução final”, o Reino de Cristo, um reino onde os seus servos, aqueles eleitos antes da fundação do mundo, gozarão de paz, verdade, realidade e amor, posto não haver nada a contaminá-lo levando-o à disputa, à mentira, à utopia e ódio, já que o pecado não exercerá mais influência sobre ele, nem a morte, nem o medo, ou a dúvida, havendo apenas a certeza de que o bem triunfou definitiva, eterna, e exequivelmente.

Porém, voltando ao presente, enquanto a verdade for tratada como algo relativo e não absoluto, e a verdade substituída pelo idealismo mentiroso de um mundo e futuro possíveis pelas mãos e méritos humanos, as soluções aparentes somente serão paliativas, se muito, mas um estímulo poderoso a aumentar ainda mais a degradação e os efeitos maléficos dos dispares ideológicos.

Abaixo, transcreverei dois trechos do primeiro ensaio, uma pequena amostra do que virá nas próximas páginas. E é importante reconhecer o mérito do autor que, mesmo diante da linearidade quase absoluta do pensamento ocidental, através do viés marxista, a compreensão da realidade torna-o quase uma gota de água em meio ao deserto.

Existe uma aliança ímpia entre a esquerda, que acredita que o homem é dotado de direitos sem deveres, e os libertários da direita, os quais acreditam que a escolha do consumidor é a resposta para todas as questões – uma ideia avidamente adotada pela esquerda, sobretudo naqueles setores nos quais não se aplica. Dessa forma, as pessoas se veem no direito de gerar crianças da forma como bem entenderem, e as crianças, certamente, têm o direito de não serem privadas de nada, ao menos nada no plano material. Já que homens e mulheres se associam e têm filhos, a criação desses últimos torna-se apenas uma questão de direito do consumidor, sem quaisquer grandes implicações morais, semelhante ao ato de escolher entre chocolate branco ou preto, e o Estado não pode discriminar entre formas distintas de associação e da criação dos menores, mesmo quando essa não discriminação é capaz de gerar o mesmo efeito que produziu a neutralidade anglo-francesa durante a Guerra Civil Espanhola.

Faço uma ressalva: penso que o autor ao definir “libertários de direita”, quis referir-se àqueles homens cujo pensamento econômico está à direita, o chamado liberalismo, não se podendo, contudo, confundir direita com conservadorismo. O conservadorismo, ao qual o autor está incluído, vai muito além das posições apenas no campo econômico, pois ela trata também da tradição, ordem social, moral, ética, direitos e deveres, religiosidade, etc. Um libertário jamais é e será um conservador pois, para ele, como bem afirmou Dalrymple, tudo se resume à questão econômica e, por isso, no ponto de vista moral, ético e das tradições, ele apenas seja um pouco mais “radical e revolucionário” do que os marxistas ou esquerdistas. Ao meu ver, libertários são os marxistas que se recusam a serem chamados de tais. E para tornarem-se verdadeiramente conservadores precisam abandonar o libertarianismo, o relativismo moral, o materialismo e o ceticismo.

O pecado original – isso quer dizer, o pecado de ter nascido com a inclinação ao mal, típica da natureza humana – sempre zombará das tentativas de se atingir a perfeição com base na manipulação do meio social. A prevenção ao mal sempre requererá muito mais do que arranjos sociais; exigirá, para sempre, o autocontrole pessoal e uma limitação consciente dos desejos (pg. 61).

{loadposition banner_inside}

O que Dalrymple percebeu é a impossibilidade do homem de se autocontrolar, limitando os seus desejos, sem haver absolutos morais, éticos e religiosos. Sem os parâmetros divinos, os quais o homem moderno insistentemente nega, a própria existência de autocontrole não tem sentido, nem pode ser buscada efetivamente. Tendo-se, em contrapartida, a concorrência do desregramento, dos desejos incontroláveis, e da permissividade como regra de vida e convivência social.

E assim, em doses homeopáticas, o homem administra-se a si mesmo o veneno da frivolidade do mal.

Notas:

1 – O livro em questão chama-se “Nossa Cultura… Ou o que restou dela”, publicado pela Editora É Realizações.

2 – Estas são impressões que podem ser aprofundadas no futuro; por isso, se pareceram demasiadamente ingênuas ou reducionistas, resta-me debruçar sobre o tema profundamente.

Fonte: Napec

Divulgação: eismeaqui.com.br

{jacomment on}

 

Hotel em Promoção - Caraguatatuba

Deixe um Comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.