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Ambos errados, ambos amados

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Após ser acusado de acolher pecadores e publicanos pelos fariseus, Jesus contou três parábolas. Vamos focar na terceira, registrada em Lucas 15:11-32.

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Contexto
Para compreender todos os detalhes dessa parábola, precisamos situar o evangelho segundo Lucas. O livro foi escrito pelo médico amado (Cl 4.14), que dá nome ao livro. Lucas teve muito contato pessoal com os apóstolos e testemunhas do relato evangelístico. Isso, somado a sua capacidade intelectual, resultou em um relato direcionado aos publicanos, fariseus e escribas. Grande parte dos textos são palavras de Jesus e o grande objetivo do livro é apontá-lo como o Homem Perfeito.

Um homem tinha dois filhos

Uma das curiosidades, atribuídas a essa história, é que ela não se chama “Parábola do filho pródigo”. Ficou conhecida assim pelas divisões e subtítulos dos capítulos que foram adicionados ao longo dos séculos. Tim Keller, no livro Deus Pródigo, defende que essa parábola não é apenas sobre o filho mais novo. O sentido da palavra pródigo (gastador, inconsequente) vai muito além do que imaginamos. Está relacionado aos esforços de Jesus para nos resgatar com sua maravilhosa graça e não somente a irresponsabilidade do filho mais novo. Jesus, portanto, começa a parábola dizendo que “um homem tinha dois filhos…”.

Os dois filhos

Se você conhece o conto, está familiarizado com a volta do filho mais novo para os braços do pai e do questionamento do filho mais velho sobre essa recepção calorosa, após tanto desgosto. Quando Jesus conta essa história, ele quer mostrar que esses dois filhos são a representação dos publicanos e pecadores (filho mais novo) e dos fariseus e mestres da lei (filho mais velho). Não devemos, de forma alguma, pensar que essa é uma história que trata apenas do filho inconsequente e de como Deus é bondoso e gracioso, recebendo os filhos mais novos e perdoando seus pecados, como aquele pai. É certo que Deus faz isso, mas você já pensou sobre o papel do filho mais velho?

O filho mais novo perdido

O filho mais novo decide partir para longe pos queria  “aproveitar a vida”. Para isso, ele precisa de recursos financeiros. “O mais novo disse ao seu pai: ‘Pai, quero a minha parte da herança’. Assim, ele repartiu sua propriedade entre eles” [Lucas 15:12]. Naquele tempo, a herança somente era repartida quando o patriarca falecia. Dessa forma, o jovem “matou” seu pai antes da hora de sua morte. É surpreendente que o pai tenha aceitado o pedido, já que nesta sociedade patriarcal uma petição dessas seria respondida com o deserdamento.

Recebido o dinheiro, o caçula gastou tudo o que tinha e ficou à mercê de sua própria sorte. Passou fome, necessidades e lembrou de como a mesa da casa de seu pai era farta até para os empregados. Decidiu, portanto, voltar. Nesse momento, o patriarca corre quando avista seu filho de longe.

Um homem de posses, respeitado e poderoso jamais correria como um garoto na direção de alguém. Essa atitude surpreende a todos, principalmente, ao filho mais velho. Daí em diante, o caçula é vestido com roupas finas, comida e bebida selecionada. Fica evidente uma lição de arrependimento, confissão de pecados, conversão e perdão.

O filho mais velho perdido

Quando o filho mais velho percebe que a festa era para o filho mais novo, ele se enfurece e se recusa a festejar. Tomando conhecimento da situação, o pai o exorta e o convida para entrar. Ele, entretanto, diz:  “Olha! todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens. Mas tu nunca me deste nem um cabrito para eu festejar com os meus amigos. Mas quando volta para casa esse seu filho, que esbanjou os teus bens com as prostitutas, matas o novilho gordo para ele!” [Lucas 15:29-30].

Em nosso entendimento, a revolta é racional. Não faz sentido para nós a desvalorização do filho mais velho diante do mais novo. Mesmo assim, o pai pede que ele deixe o orgulho e o moralismo para participar do banquete. A história termina assim : sem conclusão.

Compreendendo melhor a parábola

Ao contrário do que imaginamos em uma leitura rasa do texto, os dois filhos estavam completamente equivocados, perdidos em suas próprias vontades. Ambos queriam encontrar uma forma de controlar o pai. Eles não o amavam verdadeiramente. Queriam apenas usá-lo para alcançar seus objetivos.

Ambos pecaram de formas distintas, pois o pecado reside na forma como lidamos com Deus. O caçula saiu do convívio social do pai e foi em busca de suas vontades e prazeres, gastando tudo que tinha recebido. O mais velho acreditou que merecia regalias, bens, honras e festas por cumprir a lei de forma exemplar. Os dois filhos erraram, pois acreditavam que eram suficientes e que eram seus próprios salvadores!

Contudo, ambos foram amados e exortados pelo pai. O banquete celestial foi preparado e eles foram convidados amorosamente a participar da festa!

“Jesus não divide o mundo entre os “mocinhos” morais e os “bandidos” imorais. […] Isso significa que a mensagem de Jesus, que é o evangelho, representa uma espiritualidade completamente diferente. O evangelho de Jesus não é religião nem a falta dela, moralidade ou imoralidade, moralismo ou relativismo, conservadorismo ou liberalismo. Nem é algo que se situe no meio de um espectro criado entre dois polos, é algo completamente diverso.” Tim Keller

O verdadeiro pródigo nessa historia é o Pai, pois ele se despendeu doando amor e graça para resgatar seus filhos. Essa é uma verdadeira lição para nós que tentamos dividir as pessoas em dois polos. É da nossa natureza classificar e julgar as atitudes do outro. É preciso primeiro olhar para dentro, pois, em todas as fases de nossa vida, identificamo-nos ou com o filho mais novo ou com o filho mais velho. Sorte a nossa que temos um Deus Pródigo, que gasta tudo que tem para nos remir de nossos pecados e para nos ensinar a viver apoiados na graça.

“Quase todo mundo define o pecado como uma violação de regras. Jesus, no entanto, nos mostra que um homem que quase nunca violou a lista de maus comportamentos morais pode estar tão perdido espiritualmente quanto o mais devasso e imoral dos homens. Por quê? Porque o pecado consiste não apenas em quebrar regras, mas também em se colocar no lugar de Deus.” Tim Keller, em O Deus Pródigo.

Fonte: Eis-me Aqui

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