Estudos Bíblicos

A arte precisa ou não de justificativa?

A arte precisa ou não de justificativa?
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Artistas como sacerdotes da cultura, uma forte separação entre a cultura sacra e a não sacra e liberalismo que assusta. Em tempos de muita confusão teológica, fica a questão: devemos ser conservadores ou liberais?

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Não existe um meio termo, acerca da cultura, que seja capaz de nos fazer desfrutar das produções do nosso meio, sem sentir que estamos em pleno pecado? Acredito que sim! A verdade é que no decorrer da história, a Igreja tem agido de algumas formas em relação à cultura e isso traz grandes complicações na compreensão que temos de igreja e santidade. Não é à toa que vemos templos completamente fechados à sociedade, que criam um grande abismo entre a vida cotidiana e o cristianismo.

Com base nos livros “A Arte Precisa de Justificativa” e “O Som do Céu”, vamos conversar sobre os desafios descritos acima.

O que é cultura?

No livro O som do céu, de vário autores, lemos que “a cultura representa toda a produção de conhecimento humano nas áreas da arte, ciência, literatura, música, filosofia, política, economia e religião.”

A cultura, portanto, resume todos os costumes ligados à família, à nacionalidade, ao trabalho e ao modo do ser humano encarar a vida. Apesar de o homem ter condições de transpor as barreiras da sua própria cultura, a cultura acaba definindo em grande parte quem o homem é, definindo seus valores estéticos, éticos e sociais.

Por isso, inclusive, que Rookmaaker deixa claro que “a arte não é neutra. Podemos e devemos julgar seu conteúdo, seu significado e a qualidade do entendimento acerca da realidade que está incorporada nela.” (p. 51) Afinal, se somos frutos do meio em que vivemos é natural produzir arte conforme os nossos modelos mentais aprenderam.

Igreja x cultura ou igreja e cultura

A relação parece ser tensa, mas é mais simples do que parece. Se mantivermos a liturgia segundo as instruções da palavra e a nossa integridade cristã intacta, teremos sabedoria e maturidade para lidar com uma igreja feita de gente para gente, de cultura para cultura.

Em Romanos 12: 2, lemos:

“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.”

Isso não significa de forma alguma que não devemos nos relacionar com a cultura. Afinal, existem produções ricas e belas – dignas de serem apreciadas. Cabe a nós, cristãos, examinar aquilo que nos edifica.

Perceba a instrução de Paulo:

“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” Filipenses 4:8

Quando a religiosidade pesa

Você já sabe que o chamado de Jesus Cristo não é a religião, mas o amor e a sã doutrina. Perceba que, em algumas situações, a religião mais atrapalha do que ajuda.

Cristo foi crucificado por não atender aos requisitos culturais e religiosos que judeus e gregos exigiam para o seu desejado Messias. Apesar de conhecer sua cultura, Jesus não se dobrou ao racismo do seu povo, ao legalismo daquela religião, ao desprezo das crianças e mulheres da sociedade patriarcal, às conveniências do elitismo social, aos apelos dos revolucionários e aos confortos dos reacionários

Antes de dizer não às produções literárias “seculares”, às canções populares e exposições artísticas, reflita se você está sendo legalista e religioso.

Veja o que Rookmaaker considera sobre o tema:

“A arte tem seu próprio significado como criação de Deus – ela não precisa de justificativa. Sua justificativa é ser uma possibilidade dada por Deus.”

“Nós não somos humanos dotados de um complemento chamado cristianismo. Não, nossa humanidade reage ao mudo inteiro e à Palavra de Deus de uma maneira específica em relação à nossa personalidade.” (p. 40)

Cultura brasileira

Somos um país de ampla riqueza cultural. De norte a sul, somos muitos: brancos, negros, pardos, índios. Muitas são as nossas diferenças e de tudo isso se extrai grande beleza. Muitos são os credos, os deuses e as crenças, mas difícil mesmo é  ter uma cultura secular – quando tudo aponta para o divino.

Veja o que nos diz Henry Van Til: “o conflito na cultura não é entre fé e cultura, religião e razão. Mas, desde que toda cultura é fundamentada na crença religiosa, o conflito é entre fés divergentes”, em The Calvinistic Concept of Culture.

Antes de julgar produções culturais, permita que o Espírito Santo te guie naquilo que lhe convém participar, ouvir, ler e se expressar. Afinal, a vitrine gospel existe nas prateleiras do mercado há pouco mais de vinte anos. Antes disso, de que rio cultural os cristãos se banhavam?

Gostaria de abrir um parênteses para falar da migração da cultura norte-americana para as igrejas brasileiras, principalmente nos cultos voltados para a juventude. Arranjos musicais, liturgias, estilos de pregação e bases teológicas parecem ter inundado os púlpitos brasileiros quando, na verdade, a realidade da nossa igreja e do nosso povo é muito distante da outra realidade. Por si só, isso não cria um abismo em nossa identidade?

Conclusão

Seguindo o exemplo de Jesus, que se fez homem e viveu em determinada cultura, devemos participar da realidade cultural que nos cerca. Devemos nos libertar dos preconceitos, lembrando que toda boa dádiva e dom perfeito vêm de Deus. Devemos, portanto, permanecer em posição de ataque e não na defensiva enclausurada.

“Ao compasso dos tempos, mas firmado na Rocha”, que retrata a posição do crente com a sua cultura: devemos estar envolvidos, mas, em momento nenhum, podemos abrir mão dos nossos valores cristãos.

Fonte: Eis-me Aqui

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