Apologética Dízimos

Equilíbrio: porque é tão difícil alcançá-lo?.

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Por Pr. Samuel Vitalino

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A definição da palavra equilíbrio é muito intrigante, pois todas as pessoas acreditam nas suas convicções e crêem que elas são as mais equilibradas possíveis; mas precisamos iniciar dizendo que o equilíbrio que estou falando não é o pensamento ou ponto de vista de alguém, mas o equilíbrio bíblico – que para uns pode ser radical e para outros, frouxo demais.

Deixe-me dar um exemplo pessoal: na nossa Igreja nós não adotamos a posição de irmãos preciosos que defendem a salmodia exclusiva; por outro lado também não concordamos com outros queridos servos do Senhor que aprovam o canto coral como parte do culto público a Deus.

Pronto – esses dois pontos apenas podem fazer nossa Igreja, se não houver cuidado – se transformar num gueto. Pois para os defensores da salmodia exclusiva nós somos frouxos por cantar “Tu és fiel, Senhor” ou “Glória pra Sempre”, mas podemos ser também tidos por radicais e neo-puritanos por quem aprova o coral nos cultos.

Os exemplos poderiam ser diversos, mas o que está no coração da questão é como ser equilibrado e ao mesmo tempo ter convicções divergentes? Como discordar num ponto secundário e continuar amando o irmão ou irmã por quem Cristo também morreu?

Porque a recíproca também é verdadeira. Quem adota as duas posições citadas acima como o exemplo de minha própria Igreja, não é necessariamente equilibrado. Pode-se odiar e desrespeitar irmãos piedosos que lançam mão de profundas horas de estudo e oração e chegam à conclusão que só podem cantar os salmos e podemos ver com desdém e arrogância estudiosos crentes em Cristo que se esmeram ao máximo para cultuar a Deus no coral de sua Igreja e o fazem de todo coração!

Estou aqui abrindo o meu coração: Porque é tão difícil alcançar o equilíbrio na Igreja de hoje? A mania por rotulações é tão nefasta que as pessoas esquecem a interpretação de Jesus de “não matarás” no Sermão do Monte e se tornam caluniadoras, usando a língua – a despeito do ensino de Tiago – para destruir reputações apenas porque em assuntos secundários se têm convicções (e às vezes nem isso) diferentes.

Mais uma vez deixe-me dar meu próprio exemplo (não é o melhor, mas é o que melhor conheço): Alguns irmãos com quem eu gostaria muito de interagir não interagem comigo por que fui rotulado de radical e puritano.

Ora, rótulos pegam com certa facilidade, especialmente, no meu caso, como neto de Pastor Fundamentalista, com mais facilidade ainda. Mas quais as minhas convicções que me fazem ter esse rótulo? Cito-as sem receio: Na nossa Igreja não comemoramos as datas religiosas, não temos coral ou solos no culto, não há ofertas no culto – as pessoas ofertam voluntariamente no gazofilácio, as mulheres não participam da liderança da Igreja e nem da liderança do culto, as crianças participam do culto com os pais; defendo ainda que os relacionamentos devam ser mais sérios e santos do que o estabelecido ‘namoro’ nos nossos dias, sou contra o segundo casamento de cônjuges divorciados por qualquer motivo e (aqui sim) radicalmente contra o casamento misto. Talvez alguém possa encontrar alguns outros pontos em meu pensamento que me alinhem nessa linha ‘radical’.

A questão é a seguinte: muito embora eu tenha essas convicções com base em estudos aprofundados da Palavra e embora muitos crentes piedosos também tenham abraçado essas posições ao longo da vasta história da Igreja, duas coisas precisam ser ditas: há pessoas para as quais eu sou intolerável por crer nessas coisas, muito embora – à exceção do último ponto (casamento misto) eu seja profundamente tolerante nos outros. Cultuo de coração aberto se estiver num culto de páscoa, numa Igreja que tem naquele culto: apresentação de coral, recolhimento de dízimos, uma mulher divorciada orando pelas ofertas e despedindo as crianças que vão para o seu ‘cultinho’, sendo ela a namorada já há vários anos de um jovem da Igreja. Cultuo alegremente, gozando a presença de Deus; embora defenda coisas distintas.

Nesse caso, procuro estabelecer tolerância – sem deixar de ensinar quando me é permitido e conveniente; mas me parece que a tolerância inversa não acontece e tenho, sinceramente, me preocupado com a tendência radical dos que se levantam contra essas coisas dizendo que elas são secundárias – pois se fossem mesmo não fariam tanta questão de difamar quem acredita nelas.

Por outro lado, sou acusado de liberal também – nesse caso a principal razão é o desconhecimento do termo, pois liberal é aquele que não tem compromisso com a Escritura, e, até hoje, graças a Deus, disso eu não fui – ainda – acusado.

Mas o que faço para ter essa fama de aberto teologicamente? Eis aqui alguns exemplos: Ensino sobre liberdade cristã que ingerir bebida alcoólica não pode ser classificado como pecado, defendo que não é necessário um Pastor usar paletó e gravata para pregar a Palavra, temos instrumentos musicais como bateria e guitarra e uso cânticos alegres no culto ao Senhor. Prego em Igrejas de todas as tendências em que for convidado e tenho vários amigos que não são totalmente alinhados com a nossa confissão. Também aqui haverá outros pontos, mas esses servem como ilustração.

Pessoas com as quais eu também gostaria de crescer espiritualmente juntos, pois são preciosas aos olhos de Deus não me suportam por causa de algumas dessas coisas, não sabendo lidar com algumas diferenças – algumas delas por falta de maturidade mesmo.

Mas mais uma vez eu cultuo a Deus com temor e alegria quando me servem suco de uva na Ceia, preciso colocar paletó (ou até toga) e a Igreja tem músicas mais austeras e sem instrumentos. Mais uma vez – prega-se que essas coisas são secundárias, mas quando elas separam pessoas e as tornam maldizentes umas das outras o pecado dilacerante se torna evidente – e isso é tão triste.

Pessoas são tão melindrosas que não podem ser contraditadas – viram uma fera. Colocam a culpa sempre em terceiros e não assumem suas próprias imaturidades. Como atingir a perfeita varonilidade da fé ou os entranhados afetos e misericórdias se nas mínimas coisas em que discordamos somos impossibilitados de andar mais alguns metros (nem perto de uma milha) ou a perdoar (a despeito do fato de que perdão não é uma opção para o crente)? Não tem como!

Estou escrevendo essas palavras para amigos – muitos me vêm à cabeça nesse momento; a ovelhas, a colegas de ministério. A muitas pessoas que nem me conhecem – mas que se deixam levar pelo que ouvem sem se dar conta de que um pensamento diferente do seu pode ser tão importante para o seu (e meu) próprio crescimento.

Precisamos lembrar que todos nós éramos por natureza filhos da ira e que Deus prova o seu amor para conosco sendo nós ainda pecadores. Sei que estou muito longe de atingir o primeiro degrau desse desejado equilíbrio bíblico, mas eu estou chamando você que tem alguma coisa contra pensamentos meus para tratarmos isso de forma bíblica, madura, cristã e amorosa.

Quero ter a cada dia o meu coração aprendiz para ser moldado pela Palavra de Deus, confessando que gostaria de ter algumas convicções diferentes, mas que preciso do convencimento das Escrituras. Enquanto essas diferenças (que para mim são realmente secundárias) não deixarem de existir, elas podem servir de alicerce para exercermos o amor verdadeiro, a piedade sincera, a mútua oração e a sensação deliciosa de estar na presença de um Deus sábio que não nos permite saber todas as coisas de forma perfeita para que não haja jactância ou orgulho, mas humilde e reverente adoração ao Rei da Glória.

Buscando a unidade de pensamento (por isso conversando abertamente).

Pelo Reino,

Samuel Vitalino
Fonte: [ Cristão Reformado ]

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