Cosmovisão Teologia

Molinismo – problemas, problemas e problemas.

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Luis Molina

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Por Ronald W. Di Giacomo

Molinistas e Calvinistas concordam sobre a validade do argumento a seguir, onde X é uma escolha pessoal.

1. Necessariamente, se Deus X conhece de antemão, então X acontecerá;
2. Deus conhece X de antemão
3. Então, X acontecerá.

Molinistas e Calvinistas até concordam que o seguinte argumento, como escrito, é falacioso:

1. Necessariamente, se Deus conhece X de antemão, então X acontecerá
2. Deus conhece X de antemão.
3. Então, X acontecerá necessariamente.

A falácia em vista é aquela de transferir a necessidade da inferência para a conclusão. Todavia, o Molinista não aceitará que a falácia possa desaparecer em um número de modos diferentes. Um modo é por estabelecer que uma condição necessária para a presciência de Deus sobre X é a necessidade de X. Os Molinistas afirmam que X ocorrerá, não necessariamente, mas contingentemente. Claro, um X contingente, por definição, possivelmente pode não ocorrer. Então, os Molinistas são deixados com Deus conhecendo que X pode não ocorrer enquanto sabe que X ocorrerá – mas estas são verdades contraditórias e, então, impossível para Deus conhecer. Assim, a presciência de Deus de X pressupõe a necessidade de X pela simples razão que pode e será semanticamente antitético e é verdade que X ocorrerá. Conseqüentemente, se X ocorrerá, então é falso de que [talvez] possa ocorrer.

1. Necessariamente, se Deus conhece X de antemão, então X acontecerá
2. Necessariamente, Deus conhece X de antemão
3. Então, X necessariamente acontecerá.

O Molinistas negam que Deus necessariamente conhece X de antemão. De fato, o papa do Molinismo, Willian Lane Craig, afirma que “a Teologia Cristã sempre tem mantido que a criação do mundo é um ato livre de Deus, que Deus poderia ter criado um mundo diferente – no qual X não ocorre – ou até nem [criado] um mundo. Dizer que Deus necessariamente conhece um evento X de antemão implica que este é o único mundo que Deus poderia ter criado e, assim, nega-se a liberdade divina”.

Apenas de passagem, observe que os Molinistas não são tipicamente bem vistos nas áreas de Teologia Reformada Sistemática e Histórica, do Protestantismo Reformado. Na parte IV, seção VII do Clássico de Jonathan Edwards, The Freedom of the Will, Edwards tem muito a dizer sobre este assunto sob o título “Acerca da Necessidade da Vontade Divina”.[1] Edwards, eloqüentemente, afirma que “ninguém discute qualquer dependência da vontade de Deus, que sua suprema sábia volição é necessária, que isto infere uma dependência de seu ser, que sua existência é necessária. Se for alguma coisa muito insignificante para o Supremo Ser ter sua vontade determinada pela necessidade moral, assim [será] tão necessária em todo caso a vontade santa e ditosa em mais alto grau. Então, por que também não é insignificante para ele ter sua existência, e a perfeição infinita de sua natureza, e sua infinita felicidade, determinada por necessidade. Não é mais desonra para Deus ser necessariamente sábio do que ser necessariamente santo… e, em todo caso, agir mais sabiamente ou fazer as coisas mais sábias de todas; pois a sabedoria é, também, em si mesmo excelente e honorável… mais uma coisa a ser observada antes de concluir esta seção. Que, se isto em nada invalida da glória de Deus necessariamente determinada pela condição superior em alguma coisa; então, também não deve ser assim determinada em todas as coisas”.

Meu apelo a Edwards como um representante da Teologia Reformada Ortodoxa é simplesmente mostrar que a observação de Craig é, no mínimo, injustificável. Pensadores reformados consideram as escolhas livres libertárias uma irracionalidade filosófica, da mesma forma que a noção metafísica boba pertencente ao homem, mas como também pertencente a Deus. Não apenas Molinistas como Craig não percebem que a necessidade da vontade divina é sustentada por um vasto número de Calvinistas, [mas] observam também a imprecisão das observações de Craig onde ele fala de liberdade. Molinistas não fazem distinção alguma entre a liberdade (ou seja, a capacidade de escolher como se quer) e o poder de escolha contrária, que é a alegada capacidade de agir de forma contrária à forma como se queria (livre-arbítrio libertário). Os dois [tipos] são os mesmos para o Molinista; no entanto, a primeira ideia é pertencente à responsabilidade moral, enquanto a última é uma noção metafísica que no fim destrói a responsabilidade moral. É triste ter que perguntar, mas alguém já leu um Molinista que tenha interagido como a noção de liberdade, que é a própria sede da responsabilidade moral? Por que a habilidade de escolher como se quer não é uma condição suficiente para responsabilidade moral? O Molinista nos diz por que a liberdade é insuficiente? Não, eles simplesmente ignoram a questão da liberdade e fazem afirmações brutas de que nós somos capazes de escolher contrário ao que nós queríamos, a fim de ser agentes moralmente responsáveis. O que é, afinal, ser capaz de escolher X, quando nós pretendemos escolher não-X? Se isto é uma caricatura da liberdade libertária, então [como] um Molinista explicará esta noção metafísica à luz do problema do regresso infinito que é inerente à noção?

Insistente, deveríamos ver que a premissa menor, que “necessariamente, Deus conhece de antemão X” é, de fato, verdadeira. Se a presciência de Deus sobre X não era necessária, então ela era contingente. Esqueça por um momento que os futuros contingentes – sendo verdadeiramente contingentes – desafiam os verdadeiros valores eternos com respeito ao seu resultado, (como os Teístas Abertos têm demonstrado). Qual a simples verdade de que todas as coisas eternas (Deus e seus pensamentos) devem ser necessárias? Afinal, Deus deliberou? Ele moveu-se do não-saber para o saber? Além disso, onde está fundamentado “X acontecerá” se não na determinação eterna de Deus? E caso contrário, o que significa determinar X sem determinar a causa de X? Será que causas contingentes determinam o decreto eterno de Deus, o que inclui a noção arminiana de “certezas contingentes”?

Uma terceira maneira de se livrar da falácia é utilizar fatos que estão gramaticalmente no passado [e] contemplá-los como no futuro. A progressão abaixo não toma atalhos, então pode parecer um pouco entediante, mas cada passo é apropriado.

Estabelecer a necessidade de crença de Deus sobre a escolha de Tom:

1. 100 anos atrás, Deus sabia que Tom escolheria X amanhã
2. Se X é crido no passado, então agora é necessário que X seja crido então.
3. Então, agora é necessário que 100 anos atrás Deus acreditava que Tom fará X amanhã.

Estabelecer a necessidade da escolha de Tom, dada a necessidade da crença de Deus.

4. Necessariamente, se 100 anos atrás, Deus sabia que Tom faria X amanhã, então Tom fará X amanhã.
5. Se p (i.e, a crença histórica de Deus sobre a escolha de Tom) agora é necessária (3), também necessariamente se p, então q; então q (i.e, a escolha de Tom de X amanhã; [consequente de 4]) agora é necessário [transferido do princípio da necessidade].
6. Então, agora é necessário que Tom fará X amanhã [3, 4 e 5]

Estabelecer que Tom não agiu livremente, dado a necessidade da escolha de Tom.

7. Se agora é necessário que Tom fará X amanhã, então Tom não pode fazer outra coisa.
8. Então, Tom não pode fazer outra coisa que não X amanhã.
9. Se [Tom] não pode fazer outra coisa, então [Tom] não age livremente.
10. Então, quando Tom fizer X amanhã, ele não fará livremente.

Molinistas novamente aceitarão a validade do argumento, mas terão problemas com algumas premissas, ou seja, 5 e, possivelmente também 2. Com respeito a 2, um Molinista pode querer afirmar que a necessidade do passado não se aplica ao passado todo, mas isso é uma censura arbitrária. Um Molinista pode também objetar a premissa 5, onde uma mudança de modalidade ocorre segundo necessidades acidentais (necessidades sobre o passado) são mescladas com necessidades metafísicas que têm a ver com as ações de escolher. Isso, no entanto, representa um caso clássico de distinção sem diferença relevante. A objeção Molinista é a transferência do princípio da necessidade, ainda que eles permitam o mesmo princípio da lógica quando tratam com a validade do argumento 3. Realmente, suas objeções deveriam ser apenas às premissas 2 do argumento 4, mas eles estão preparados para argumentar que o passado é contingente e não necessário?

Dado a objeção de transferência do princípio da necessidade, a posição Molinista reduz-se a: a escolha de Tom de X necessariamente ocorrerá, mas contingentemente. O que significa X ocorrer necessariamente por meios contingentes? Em outras palavras, o que significa uma ocorrência necessária ocorrer contingentemente!? (novamente, “vontade=poder” para o Molinista)

Em suma, o lamento de Craig com o argumento 3 é que ninguém pode provar a necessidade do conhecimento de Deus. Se alguém puder provar a necessidade, então sou conduzido a crer por sua palavra que ele aceitaria a conclusão do argumento 3 acima, que afirma a natureza não-contingente da escolha. Consequentemente, o problema com Craig e seus discípulos durante a prova de 10-passos não deveria ser superior a qualquer alteração na modalidade no passo-5, desde que o mesmo tipo de mudança na modalidade ocorre no argumento 3 sem objeção! A objeção de Craig ao argumento 3 não é uma objeção de mudança de modalidade, mas sim, estritamente uma objeção metafísica pertencente à liberdade de Deus. Não tendo nenhuma objeção modal ali, os Craiguitas não deveriam encontrar nenhum argumento em 4 também. Consequentemente, Craig e seus discípulos deveriam ao menos começar a conceder que, com o tempo, o pré-conhecimento de Deus torna-se necessário (passo 3 – argumento 4), que os conduziriam a abraçar todos os argumentos válidos como sendo sólido dado que não há objeção modal para o argumento 3. Então, por que eles não fazem? Porque o assunto é ético, não intelectual. Essa é a razão. Deus ocultou dos Arminianos as gloriosas doutrinas da graça e é por isso que eles dizem coisas tais como “como Deus pode encontrar culpa, pois quem pode resistir à sua vontade?”. Temo que os Arminianos não reconheçam que Romanos 9 está falando a eles.

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